– Annabelle...

– Annabelle!

Acordei sendo sacolejada pela minha mãe. Minha cabeça rodava tanto, que parecia que eu havia acabado de ser cuspida de um liquidificador ligado.

– Filha, vá se deitar na cama. – sussurrou a minha mãe, enquanto eu ainda revirava os meus olhos de sono.

– Isso lá são horas de você ainda estar dormindo? – resmungou Liza, sentada no braço do sofá.

Encarei a minha mentora, a Suzi flutuante. Tive vontade de jogar uma almofada contra ela, mas a minha mãe não entenderia nada. Felizmente os humanos não podiam ver os minibruxos.

Liza me encarava de um jeito bastante assustador. Acho que se não fosse pela cara intimidadora que ela tinha, não conseguiria colocar medo em ninguém sendo do tamanho de um controle remoto.

– Dorminhoca. – ela resmungou.

– Quantas horas são? – fui tentada a perguntar.

– Seis horas da tarde. – respondeu a minha mãe. – Você estava vendo televisão e acabou dormindo.

– Isso é nisso que dá ficar sem dormir. – murmurou Liza.

Poxa! Quem dormiria depois do que havia acontecido ontem? Nem mesmo um bicho preguiça. E nesse caso eu me enquadrava bem.

Eu me derretia inteira só de lembrar o que havia acontecido no dia anterior. Richard havia me beijado, ME BEIJADO!

Às vezes ainda perguntava-me se havia acordado de um sonho. Certamente o melhor de todos os sonhos. Pois só em sonho algo tão perfeito aconteceria. Depois que nos separamos, ele me pediu desculpas, disse que não tinha direito de beijar-me sem a minha autorização. Quando ele percebeu que eu estava mais imóvel do que o cristo redentor, ofereceu-se para me deixar em casa e disse que conversaríamos depois. Sabia que fora idiota por não ter feito nada, mas não estava preparada para que ele me beijasse, muito pelo contrario, achei que nunca mais fosse voltar a vê-lo de novo. Isso era demais para os meus neurônios, por mais que fossem os neurônios de uma bruxa.

Que loucura! Ainda perguntava-me se não havia pirado de vez. Já estava até acostumada a ter os meus olhos de uma cor estranha e totalmente anormal. Mas não era assim tão fácil se acostumar com a idéia de ser uma bruxa, por mais que eu tivesse uma mentora do tamanho de um porquinho da índia.

Fui ao banheiro passar uma água no rosto. Meus olhos lilases estavam fundos, não que eu ainda sentisse muito sono, provavelmente deveria ter dormido muito. Passei os dedos pelos meus cabelos castanhos que mudavam de cor dependendo da intensidade do sol, eles estavam um pouco bagunçados, mas nada que um pouco de água não desse um jeito.

Olhei para as roupas que eu vestia. Ainda não acreditava que poderia ter deixado Liza fazer uma coisa daquela comigo. Havia me transformado na maior palhaça da história. Em qual dia alguém como eu, em plenas faculdades mentais se vestiria como uma camiseta roxa e uma bermuda preta. Nunca, não mesmo. Nem mortinha.

Voltei correndo para a sala quando senti o cheiro gostoso da comida da minha mãe. Eu sempre acordava faminta.

Meu pai estava sentado mesa. Fiquei surpresa ao encontrá-lo ali. Ontem depois de ter passado pelo maior aperto tendo que inventar uma história qualquer que a minha mãe engolisse, sobre quem era a tal de Liza que havia mexido no meu guarda-roupa, ele havia retornado para a dimensão mágica.

– Olá, filha! – ele me cumprimentou, com um largo sorriso.

– Oi, pai. – respondi, de maneira imparcial, sentando-me a mesa.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 18, 2015 ⏰

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Encanto - Trilogia Mística vol 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora