ANO NOVO CHINÊS

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🎶Cauldron City - Scary Music Box

Diário de Marcos Krost. 31 de dezembro de 2019. 18:30pm

Ah, o bairro chinês. É como acordar pela manhã e enfiar os dois pés na bosta do seu cão, uma bosta traiçoeira e antiga.

Entro na restaurante da esquina, tiro os oculos de sol e minhas entranhas brigam pra ver se elas ou a dor de cabeça vai me matar.

Tenho quase certeza que Jenna, a ex do garoto desaparecido, colocou alguma coisa no meu café quando me encontrei com o Sr, Yamada. Não se pode nem tomar um café mais.

Adolescentes ricos, festas e tabuleiro ouija, péssima combinação. Chang Yamada, dezesseis anos, esfaqueou um amigo do colégio e sumiu, alguma coisa cheirava mal nessa história, um policial me devia um favor, disse que os moleques viram um monstro branco, isso parece um yaoguai, mas não dá pra conjurar um desses com a porcaria do tabuleiro ouija.

A senhora com uma verruga do tamanho de uma abelha me xinga de Lièrén, antes de trazer meus bolinhos, significa caçador de recompensas, mas tenho certeza que ela falou algo pior. Mamãe se esforçou muito pra me ensinar Mandarin, mas nunca fui muito bom, eles não gostam muito de mim, nada como um sentimento recíproco.

Ligação perdida de Mary, a bibliotecária, cacheada com quem eu acordei outra noite, eu devia ter deixado claro que não queria nada. Escuto o recado. 

– "Oi, Marcus? É..tava pensando se...bem, ainda não sei o que você faz da vida mas...pensei se não queria aparecer aqui pro ano novo, me liga, sério."

Por um segundo enquanto ela falava sobre a magia Maia, aquela noite, eu me imaginei com ela em uma praia deserta, longe de todo esse inferno, acho que nunca conheci alguém como ela, talvez eu dê um pulo lá, só uma cerveja.

Entro no apartamento da namorada de Chang, em um prédio velho.

Vinte um anos, ー um pouco velha demais para o garoto, mas quem sou eu pra julgar ー Cabelo tingido de branco e seios fartos.

Parece até que apaguei, porque quando dei por mim, estava tentando contar quantos caras estavam subindo as escadas, enquanto a namorada de Chang pulava em cima de mim.

Tarde demais, arrombam a porta, jogo a piranha na cama com uma cabeçada e espero atrás da porta, chuto o joelho do primeiro, escuto o estalo, Jesus Cristo, o segundo parece um lutador de sumô, me joga contra parede, cambaleio e puxo a adaga escondida no tornozelo, finco nos testículos dele e torço.

– Nomes, amigo? – Pergunto enquanto ele espuma de dor.

Devo estar ficando lento, não vi o terceiro chegando por trás, ele me acerta com um taco de baseball, apago.

Acordo numa sala com Jenna, o capanga que me acertou e mais um careca.

– O samoano deve tá na UTI. – Falo piscando os olhos.

Um deles me acerta no olho, minha cabeça vai explodir.

– Devia ter colocado a culpa no tabuleiro ouija, Lièrén. – Diz Jenna.

– E perder essa revival das aventuras de Jackie Chan?

Outro soco, mais forte, Deus do céu!

– Porquê faz isso Lièrén?

– Terapia social, o quê colocou no meu café?

– Uma receita de família. – Diz a piranha exibida, jogando o cabelo branco para trás.

Eu sabia, ficando lento é o cacete.  

Então as luzes se apagam.

Um dos capangas cai, me solto e derrubo o outro, Jenna tenta correr, mas Olívia a ataca pelas costas, cravando as presas velhas no seu tornozelo.

Uma velha amiga, totems são ligados a um clan ou bruxa, podem assumir várias formas, Olivia assumiu a de um gato há alguns anos, dizem que ela era tão linda em forma humana, que faria um homem enlouquecer.

– Não fala, eu consigo encontrar o moleque. – Falo.

Depois de rodar pela sauna pra onde Jenna me levou, Olivia aponta com a cabeça para cima.

ー Idiota. ー Diz a gata preta. 

Encontro o garoto, amordaçado no sótão secreto.

ー Esse lugar não pertence aos Yamada? ー Pergunto.

ー Sim, ninguém iria procurar. ー Responde Olivia.

ー Por sorte sou mais esperto, hein garoto?

O rapaz se levanta confuso, esfregando o rosto de cabelo fino, empoeirado.

Olivia rosna mostrando os dentes.

ー Nós fomos mais espertos, valeu pela mãozinha.

ー Você morreria sem mim. ー Diz a gata.

ー Olha só, eu tinha um plano.

23:00pm

Ligo para o senhor Yamada, passo a localização de Jenna. Enquanto ele fala, concluo que Jenna havia se casado com o moleque fora do país e iria herdar tudo quando ele morresse, invocou um Yaoguai pequeno na noite que o garoto desapareceu. Ainda bem que já recebi, desligo na cara do Sr. Yamada.

Droga...Mary!

***

ー “Seja lá quem for ele, não te merecia, vai querer esse tipo de gente na tua vida? Aposto que tá com outra.” ー Diz o cara com suéter e cabelo alisado para trás ao lado de Mary.

Mary se desvencilha e olha para cima, ela vê Olívia na sacada. O cara consegue o que quer, eles se beijam.

Quebro o feitiço de visão que me permite ver através dos olhos de Olivia, do topo do terraço, em frente ao prédio de Mary.

Estou acendendo um charuto quando Olivia volta ao telhado.

ー Sinto muito Markus.

ー Porque? Só queria cerveja grátis…

ー Markus...sinto muito.

ー Valeu.

ー Não tem que fingir.

00:00pm.

Os fogos começam no céu.

ー Feliz ano novo! ー Deseja Olivia.

Tiro o cantil do bolso do casaco e simulo um brinde no ar.

ー Merda, ainda tenho que ir atrás daquela porra de Yaoguai.

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⏰ Last updated: May 09 ⏰

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