prólogo

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As íris azuladas foram abertas com urgência, da mesma maneira em que o ar era necessário. O corpo se inclinou para frente e no mesmo instante se voltou para trás, os olhos assustados percorreram o ambiente em que a de cabelos escuros se encontrava. O ruído estridente de metal contra metal ecoava pelos ouvidos sensíveis, o odor similar à ferrugem e rançoso invadiam suas narinas, a escuridão fria e a falta de espaço fizeram com que a garota concluísse por si só, que estaria em uma espécie de cubículo metálico. A visão que tinha do teto, era de uma grade metálica cercando toda a área e em uma alta velocidade se movendo bruscamente para cima. Sentando-se lentamente, foi possível notar a presença de caixas ao seu redor, juntamente com vários outros suprimentos.

A medida que sua consciência voltava a funcionar, a morena forçava sua memória para tentar se lembrar como foi parar naquele cubículo, mas o completo vazio de sua mente frustrava a garota. Ficando de joelhos, o erro de olhar para o chão causou pânico na de fios escuros, o medo de cair consumia seu corpo e sua respiração voltou a falhar. Ela recuou engatinhando, o suor brotou em gotas na testa, apesar do ar gélido. Suas costas chocaram contra uma gaiola portando um porco que não poupou gritos, assustando mais ainda a de olhos azuis.

Recuando para outro canto do compartimento, sentando e encolhendo as pernas contra o corpo esperando com que seus olhos se acostumassem logo com a escuridão, com mais um solavanco, o cubículo moveu-se bruscamente para cima, os sons irregulares de correntes e polias, ecoaram pelo cômodo, fazendo a cabeça da garota doer. Ao decorrer da situação, o elevador aumentava a velocidade causando náuseas na de fios escuros; o odor rançoso invadia novamente seus sentidos, a fazendo se sentir pior, forçando os olhos a ficarem fechados, teve vontade de chorar, mas as lágrimas não vinham.

Forçava novamente sua memória para se lembrar de alguma coisa, um nome, uma razão, um rosto, qualquer coisa servia para ocupar a mente vazia, apenas imagens borradas de pessoas surgiram à sua mente, mas não reconhecia nenhuma delas. O fato de não se recordar de nenhuma delas, frustrava mais a garota, que continuara encolhida enquanto o compartimento continuava a subir em alta velocidade.

Poucos minutos passaram, e a de fios escuros se permanecia encolhida, os olhos se abriram e ela voltou a observar o ambiente. Com um rangido seguido de outro solavanco, a garota foi jogada para frente, a fazendo cair sobre o chão duro novamente, a frustração tomou conta da de olhos azuis e emitiu um gemido de frustração; colocou-se contra o chão e chutou bruscamente o teto com grades, o que não resultou em uma saída e em apenas uma dor inconsolável em seu pé.

O rangido se fez presente novamente e dessa vez com um tranco, os barulhos das correntes se rangendo foram diminuindo, quando se levantou, notou que o compartimento se balançava cada vez menos, até que se cessaram completamente. Uma luz vermelha iluminou a escuridão por segundos sendo seguida por uma luz verde, o que assustou a de fios escuros foi o rangido sobre sua cabeça, o que fez ela engatinhar de volta para o canto que antes estava, a luz verde se permaneceu por poucos segundos, a deixando em plena escuridão novamente.

A respiração pesada da garota foi cortada com um som pesado e desagradável de portas duplas sendo abertas e a claridade tomando espaço do cômodo, o barulho estridente de um pulo fez com que ela se encolhesse mais, as íris azuladas se fixaram em um garoto de pele negra, alto e que parecia não ter notado a presença dela no compartimento. O garoto estava virado de costas, ele revirava as caixas e os suprimentos que havia ao redor do cubículo, a de fios escuros aproveita a distração do de pele negra e cautelosamente se movimenta para o topo de onde o outro havia entrado, o jovem não havia notado a presença da garota, não até se virar e à ver pulando para fora da caixa metálica.

Fora daquele cubículo com o aroma desagradável, um ar agradável tomava conta de seus pulmões, o vento batia contra os cabelos escuros da garota, a grama verde parecia bem cuidada e o sol batia contra seus olhos azuis. Sua atenção de seus pensamentos sobre o local foram afastados quando se ouviu um barulho vindo do compartimento e o primeiro movimento que pensou em fazer, foi correr, a dor de seu pé a incomodava, mas não a impedia de correr desesperadamente pelo enorme campo. Ao parar de correr e se assegurar que estava longe o bastante, pôde observar melhor ao seu redor, plantações pequenas, dois abrigos mal feitos e uma floresta densa, mas o que não podia deixar de notar, era os enormes muros cinzentos que rodeavam o local, seguindo com os olhos até onde os muros levam, ela percebe que havia uma entrada na parte oeste.

𝐁𝐑𝐄𝐀𝐊𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐘𝐒𝐓𝐄𝐌 || The Maze Runner Where stories live. Discover now