Carta Para o Amor Que Vai Chegar

Meu amor, saiba que eu não sou perfeita; e não tenho a pretensão de ser. Tenho meu lado (ob)escuro, emaranhado entre as flores e as cores, devaneios e desejos.

Meu amor, saiba que eu nasci em um tempo errado; a minha alma vaga solitária entre os séculos passados, e por vezes se faz ausente no instante presente.

Meu amor, eu não tenho nada a te oferecer; além do intrínseco que habita, escondido em mim, mas com amor, eu te entrego.

Meu amor, eu te entrego a alma nua; sem máscaras, sem farsas, errante, calmante.

Meu amor, eu não sou perfeita; tenho medo de aves de metal, me atraio por trovões, não gosto de filmes com cobras, nunca superei o medo de andar de avião; e tenho a estranha obsessão de enfrentar tudo o que me causa medo.

Meu amor, quero as surpresas da vida; descobrir novos mares e ares com você. Olhares que a tudo contemplam. Me tira para dançar mesmo que só exista o som do luar. Vamos caminhar, sem hora para chegar, sem destino predestinado a encontrar. Misturando os nossos diálogos, e no silêncio confortável, sentimos a conotação do que significa: amor.

Meu amor, quero te olhar nos olhos; te enxergar tão profundamente até me encontrar contigo em tuas vidas passadas.

Meu amor, quero conhecer a textura da tua pele de olhos vendados. Em tuas pintas formar a nossa constelação secreta. Quero me esquecer do tempo-espaço enquanto te observo, atenta, falar sem parar. E em silêncio verbal, agradeço; Agradeço pela tua existência. Talvez a tua existência já esteja nessa mesma década, nesse século.

Talvez, mas só talvez, já estejamos próximas. Tão próximas que posso sentir o teu cheiro quando o vento bate suavemente em meu rosto, que sorri.

Talvez a nossa vida seja vivida em tantas outras vidas.

Meu amor, eu te espero.

Com amor,

L.