— Ela está vivendo um momento único na vida, está ganhando fama para investir na própria marca de roupas — respondi ao meu pai que tinha perguntado sobre a Lizie.

— Sentimos muita falta dela, mas fico muito feliz por estar conseguindo realizar os sonhos dela — Júlia comentou.

Júlia e eu trocamos um olhar cúmplice, não podíamos contar a história de a Lizie viver um triângulo amoroso. O jantar tinha sido tranquilo, boa conversa e ótima comida, mas eu estava morta de sono e cansada da semana corrida. Levei a mão para cobrir o bocejo.

— Vamos? — Fernando sugeriu e eu concordei com um aceno de cabeça.

— Vou só ao banheiro antes de irmos, já volto.

Quando estava retornando para a mesa depois de usar o banheiro ouvi alguém dizer o meu nome.

— Sue?

— Leo? Oi, tudo bem?

— Quanto tempo, garota. Vi você jantando e não quis te incomodar, não sei se seu namorado iria gostar. Vim só dizer um oi.

Leo era amigo do Yuri, moravam juntos e cantavam na banda. Sabia que ele só tinha a música como ganha-pão e fazia alguns bicos como garçom para complementar a renda.

— Ele não se incomodaria. Estou com meu pai também, e você?

— Reunião com meu novo empresário, ele resolveu apostar na banda, mesmo sem a nossa estrela do vocal, Yuri resolveu que vai apostar na medicina, fazer o que, um desperdício de talento.

— Fico feliz por você. Desejo sucesso.

— Obrigado, Sue. Uma pena que não esteja mais com o Yuri, você é a namorada mais legal que ele já arrumou.

Resolvi não responder o que me veio à cabeça, pois Leo sabia que o amigo havia mentido para mim, mas para ele isso era normal, eu era a ruim da história.

— Preciso ir, Leo. Bom te ver.

***

Abri os olhos e estiquei o braço procurando meu namorado, mas ele não estava, em seu lugar encontrei Nando deitado em cima do travesseiro ao meu lado. Eu tinha levado o gato para dormir no apartamento do Fernando, já que a cama dele era bem mais confortável do que a minha. Será que fazia muito tempo que ele havia levantado? Que horas eram?

Corri para o banheiro sem nem olhar no relógio, afinal, era sábado. Depois de fazer a minha higiene matinal, vesti uma das camisetas dele e fui para a cozinha, ele estava preparando o café da manhã.

— Bom dia, dorminhoca.

Abracei sua cintura por trás e beijei seu ombro, em seguida fiquei na ponta dos pés tentando olhar por cima dele.

— Bom dia. O que vamos comer?

— Ovos mexidos, torrada, tapioca com queijo coalho. Tem algum pedido especial?

— Hum, tapioca de morango com Nutella?

— É pra já. — Ele virou beijando a minha testa, em seguida abriu a geladeira e voltou com doce de leite e o pote de Nutella.

Sentei-me no banco do balcão, Fernando já tinha colocado tudo que precisaríamos. Eu o observei enquanto preparava a minha tapioca. Coloquei café na xícara.

— O que vamos fazer hoje? Ficar em casa o dia todo de bobeira?

— Adoraria, mas hoje tenho uma cirurgia marcada, sou seu até às 14h, vou para o hospital e depois que acabar o procedimento sou seu novamente.

— Fazer o quê? Namorar médico dá nisso.

Fiz um bico contrariada, sorrindo ele mordeu meu lábio inferior de leve.

— Você fica linda assim, fazendo biquinho.

Revirei os olhos e peguei o prato da sua mão.

— Vou ligar para a Júlia e chamar para ir ao shopping comigo.

— Ela está escalada para auxiliar o Saulo, é um procedimento duplo.

Levei a colher cheia de Nutella que tinha usado para rechear a tapioca à boca.

— Vou ter que procurar amizades que não sejam médicos, nem famosos internacionais. Vou aproveitar e limpar meu apartamento. — Mordi a tapioca.

Fernando passou o dedo no canto da minha boca onde tinha ficado um pouco do doce e levou à boca.

— Estava pensando, você deveria vir morar aqui. Praticamente moramos juntos, acabaria com esse vai e vem toda noite.

— Está brincando, não é?

— Não, estou falando sério. Vem morar comigo.

Pisquei diversas vezes sem acreditar.

— Não acha que é muito cedo para uma coisa dessa? Não vou usar o banheiro na mesma casa que você, íntimo demais para um casal de namorados tão recente, não vai rolar.

— Como assim usar o mesmo banheiro? A gente faz isso o tempo todo, ontem à noite não reclamou quando transamos enquanto tomávamos banho.

— Tomar banho não conta.

— Então casa comigo? Aqui tem quatro banheiros, só para lembrar, não é como se eu fosse ficar na porta enquanto você cag...

— Credo, Fernando, para de falar merda.

Ele riu e roubou um pedaço da minha tapioca.

— Tudo bem, mas pensa na minha proposta com carinho.

— Qual proposta? Morar com você, ou casar com você?

— As duas.

— Você não sabe pedir uma mulher em casamento. Deve ter sido por isso que o seu noivado não deu certo. Nem uma aliança tem.

— Tem razão, deveria ter arrumado um anel, mas quanto ao pedido, foi natural como a luz do dia. Na primeira vez que fiquei noivo pedi a mão da Talita na frente de familiares no dia do aniversário dela, que foi um grande evento. Dei um anel com uma pedra gigante, mas não dei o mais importante, por isso não deu certo.

Encarei seu rosto um pouco contrariada por sua ex ter entrado na nossa conversa.

— O quê?

— Meu coração. Você tem todo meu coração, minha alma, e isso para mim é mais importante. Eu te amo, Sue, e sim, não vou esperar um momento especial, para dizer que amo você, amo esses momentos que temos, amo até o seu gato encrenqueiro.

Senti uma lágrima descendo do meu olho. Levantei do banco e fui até ele.

— Porra, isso foi foda. Eu também sou louca por você. Acho que desde o primeiro dia que pulei naquela sacada. Também amo você.

— Eu sei, ou não estaríamos juntos. Quer casar comigo?


Quebrando promessas? - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora