Lucky loser - livro 1 da trilogia Lucky Potter's

Capítulo trinta e cinco

– Se eles pudessem, você estaria no meu lugar – afirmo o que é verdade, Hunter sempre irá desejar conhecer uma única vez seu pai de sangue e Ari sempre irá desejar vê-lo pelo menos mais uma vez.

– Sim, não posso negar isso, pois se eu pudesse, estaria com eles – imagino o quão doloroso deve ser para ele não poder ficar com sua esposa e com seu filho – mas eles escolheram você para estar no meu lugar, então faça por merecer isso, faça eles serem as pessoas mais felizes do mundo inteiro.

– Eu farei – prometo novamente.

O rapaz anda um pouco para longe de mim, sem saber o que fazer, o sigo pelo campo aberto. Minha namorada amou esse rapaz e ainda o ama, ele é e sempre será uma peça importante de sua vida.

– Ainda bem que você apareceu na vida deles – o loiro se vira para mim, olhando no fundo dos meus olhos – foi por isso que invadi os seus sonhos durante esses dias, para dizer para que você os faça feliz. Daqui de cima estou torcendo por você.

Abro minha boca, porém minha voz não sai, ele vai andando para mais longe, tento andar em sua direção, mas meus pés não se mexem, eu fico congelado, observando Ethan ir para uma luz forte e brilhante, até desaparecer por completo, me deixando só no campo aberto.

Como se eu não tivesse respirando, abro os meus olhos com uma imensa falta de ar, com meus braços e pernas tremendo sem parar, como se eu estivesse nu no meio do polo norte. Não há ninguém no vestiário além de mim, por isso deixo um grito sair da minha boca, não acreditando no que acabei de sonhar. Ele estava lá, ao vivo e em cores, falando comigo, me dando uma missão para cuidar das duas pessoas que ele mais ama. Levanto do banco, andando de um lado para o outro, repassando cada frase dita em meu sonho. Ethan quer que eu faça Ari o esquecer. Puta que pariu.

– Está pronto, Zane? – Phil abre a porta do vestiário, com uma animação surreal.

– Eu sonhei de novo com ele – informo com a voz trêmula – Phil, eu sonhei novamente com ele, e... e ele falou comigo, falou que está feliz por eu estar com Ari, que é para eu fazê-la esquecer dele.

– Ok, respira fundo – meu treinador segura os meus dois ombros, na tentativa de me acalmar – foi um sonho, apenas isso.

– Foi um sonho realista demais para ser apenas minha imaginação – digo respirando fundo, ele estava de uma maneira tão realista na minha frente – como eu posso sonhar com uma voz que nunca ouvi? Como posso sonhar com uma pessoa que nunca conheci?

– Zane, você pensa muito nele, é normal sonhar com pessoas que você escuta muito falar sobre – nego com a cabeça, é normal porcaria nenhuma.

– Ele disse que invadiu meus sonhos, ele disse que estava torcendo por mim do céu – meus braços voltam a tremer – Phil, eu estou ficando louco?

Meu treinador envolve seus braços ao redor do meu corpo, na tentativa de me deixar mais calmo com tudo que aconteceu. Claro que provavelmente pode ser apenas uma resposta do meu cérebro para tudo, contudo, foi real demais para eu aceitar que foi apenas imaginação.

– Não, ninguém controla os sonhos, foi apenas um sonho muito realista – ele tem razão, não posso ficar pensando muito nisso, tenho um jogo em pouco tempo e preciso ganha-lo – ei, foi um sonho bom, ele está feliz por você estar com eles, ok?

– Ok.

Saio dos braços de Phil, um pouco mais calmo. Pego a garrafa de água mais próxima, tomando todo o conteúdo dela em poucos segundos. Estico meus braços e pernas, um último alongamento antes de entrar em quadra. Os primeiros dias do campeonato possuem pouca atenção, quando começa a fase de mata-mata, vira algo mais interessante de se acompanhar.