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a playlist dessa história está disponível na minha bio caso alguém queira 🫶

Mesmo sabendo que era real, não parecia. Se me dissessem que era um sonho, eu acreditaria.

Eu acordei na minha própria cama de manhã, e por um momento tive dificuldade de lembrar o que tinha acontecido na noite anterior. Eu estava no sofá com Lo- Louis me levou para a cama?? Como isso era- E então eu me lembrei. Me lembrei de quando ele acordou e me chamou, quando eu acordei com sua mão não mais na minha e sim segurando o meu rosto, chamando pelo meu nome tão baixo que me impressionava ter conseguido me acordar.

Ele tinha levantado do sofá e então feito menção de me puxar, mas não conseguia graças ao seu pé. Eu me lembrava de ter levantado, esfregado o rosto; Louis ficou parado na minha frente e se apoiou no meu ombro para mancar ao meu lado até o outro lado do cômodo, entre nossas camas.

Naquela hora, eu estava tão sonado e atordoado pelo resquício de calor de Louis ainda em meu corpo que nem me liguei no porquê ele parecia tenso repentinamente. Não me liguei na forma como se apoiou no meu corpo, como nem protestou quando eu passei meu braço por sua cintura e o ajudei a andar. E só no dia seguinte me passou pela cabeça que, caso Louis estivesse sentindo dor, nunca deixaria transparecer.

O dia amanheceu mais claro, não parou de nevar nem por um momento. Ainda estava muito frio, o tempo úmido, uma neblina espessa cobrindo a ponta dos prédios; conseguia sentir a ponta do meu nariz gelado durante o dia todo.

Lentamente o silêncio entre mim e Louis se amoleceu, conseguíamos conversar sobre dezenas de coisas sem ter que forçar nada. Não nos beijamos de novo, nem chegamos perto disso, embora toda vez que eu me aproximasse para ver seus pontos ou quando pegava Louis me olhando sentisse que estávamos prestes a fazê-lo.

Eu falava com ele normalmente, sobre tudo que ele quisesse conversar, e isso era a maior prova de que um silêncio sufocante crescia em mim. Era Louis quem puxava assunto, as únicas vezes que eu abri a boca primeiro foi para perguntar para ele se estava com dor, o que foram algumas poucas vezes.

No resto do tempo, eu estava calado, estranhamente calado. Tinha algo se espreitando para dentro de mim, eu não o sentia. Na verdade, não sentia nada. Me sentia frio e livre de qualquer pensamento de auto sabotagem, livre também de sentimentos bons ou ruins. Os bons poderiam estar vinculados a Louis e ao nosso momento ontem no sofá, enquanto os ruins eram sobre o resto da minha vida. Mas não havia nenhum desses dois. Todas as vezes que eu pensava em Louis ou em sua mão na minha ou no meu emprego ou na minha vida ou em qualquer coisa parecida, tudo o que eu sentia era nada.

Passei o dia inteiro na frente do computador novamente, respondendo emails de ontem e recarregando minha caixa de entrada a cada um segundo. Procurando por mais e mais vagas e tendo a sensação que já tinha visto todas, e que nenhuma tinha me visto ainda. Ninguém estava vindo me salvar, mas eu ainda esperava por um salvador.

Hoje era feriado, e eu só soube disso quando Louis decidiu ficar me observando do sofá e nem abriu seu computador, tive a confirmação disso quando esperei pela minha primeira aula e ela não chegou, e aí eu percebi que era feriado.

Mesmo assim, disse a Louis que tinha que estudar. Não estudei, era óbvio. Passei a maior parte do tempo encarando a tela do computador, passando tempo demais sem piscar e tendo que enxugar as lágrimas que caíam sem querer.

Eu precisava sair de casa. Precisava ir as ruas e comprar jornais, ir às ruas e arrumar algo para fazer — devia ter algo! Sempre há algo para fazer no mundo, eu poderia fazer; fosse o que fosse.

Novamente, Louis colocou o prato com almoço na minha frente. Eu nem senti o gosto da comida, nem me lembro o que era. Se não fosse por ele, que me observou do outro lado da bancada durante toda a refeição, eu nem teria comido. Mas tive o mínimo senso e me levantei para lavar a louça, limpar a cozinha, limpar o banheiro embora estivesse limpo — limpar e organizar sempre me ajudaram a espairecer a mente. Dessa vez, não pareceu funcionar.

meet me in the hallway  * l.s *Onde as histórias ganham vida. Descobre agora