Samba in Monte Carlo

Capítulo I - Sonhos de Outdoor

"Mania de grandeza, num corpo pequeno, me vejo longe daqui
Mãe, não é surpresa, se eu não saio agora, eu nunca mais vou conseguir
Na minha cama à noite, eu sinto Deus e tudo o que é maior
Sussurrando calmo, em meu ouvido sonhos de outdoor."

Super de Jão

Por um acaso do universo, ou quem sabe do destino, Myra encontrou-se imersa no mundo do automobilismo. Foi como se uma porta secreta se abrisse diante dela, revelando um universo repleto de velocidade, paixão e adrenalina. Desde o primeiro momento em que seus olhos encontraram a tela da televisão sintonizada em uma corrida de Fórmula 1, Myra soube que havia encontrado algo especial.

Embora nomes como Ayrton Senna, Felipe Massa e Rubens Barrichello flutuassem na periferia de sua consciência, Myra nunca havia mergulhado verdadeiramente nas profundezas desse mundo emocionante. Em sua família, o automobilismo era apenas um borrão distante, uma nota de rodapé em conversas superficiais. Ninguém jamais se debruçou sobre os detalhes, compartilharam histórias ou transmitiram a verdadeira essência do esporte.

Determinada a preencher essa lacuna em sua vida, Myra entregou-se totalmente ao fascínio das corridas, sem nenhum mentor ou guia para orientá-la. Ela devorava cada corrida transmitida, absorvendo cada detalhe, cada estratégia, cada curva perigosa. O conhecimento, inicialmente escasso, cresceu como uma chama alimentada pelo combustível da sua paixão. Myra mergulhou de cabeça no estudo autodidata do esporte. Ela devorava livros, revistas e artigos online, absorvendo cada detalhe sobre motores, chassis, estratégias de corrida e os bastidores do mundo da Fórmula 1. Com o tempo, sua habilidade para compreender e analisar os intrincados aspectos técnicos das corridas cresceu exponencialmente, alimentando ainda mais sua paixão.

Com o tempo, Myra percebeu que sua jornada não poderia se limitar à tela da televisão em sua sala de estar. Ela ansiava por mergulhar mais fundo, por sentir a atmosfera pulsante de uma corrida ao vivo, por respirar o ar carregado de emoção nos circuitos lendários ao redor do mundo.

Essa paixão não era apenas uma quimera passageira; era um chamado que ecoava em seu coração, um chamado que ela estava determinada a seguir até o fim. Com resolução firme, Myra embarcou em uma jornada de autodescoberta e autodidatismo. Ela mergulhou nos estudos, dominando o inglês e arranhando o básico do francês, sabendo que essas habilidades linguísticas seriam suas aliadas na busca pelo seu sonho.

Enquanto seus antigos colegas de classe planejavam suas carreiras dentro das fronteiras familiares, Myra traçava um caminho que a levava para além das fronteiras de seu país. Sua determinação e dedicação impressionaram poucos, principalmente sua irmã mais velha.

Jade bufou, balançando a cabeça. — Você está realmente pensando nisso? Ir pra... sei lá onde sozinha, atrás desse sonho maluco de Fórmula 1 que você nem entende nada?

Myra ergueu o queixo, determinada. — Sim, estou. E vou provar que posso fazer isso.

Jade riu, descrente da irmã caçula. — Você mal consegue atravessar a cidade sem se perder, imagina morar em outro país. Seus sonhos sempre foram tão... idealistas. Você mal tem coragem de sair daqui do bairro, quanto mais se mudar pra fora do país.

Myra manteve sua postura firme. — Eu sei o que eu quero. E eu vou conseguir. Você vai ver.

Seus pais, inicialmente céticos em relação aos planos ousados de sua caçula, aprenderam a admirar sua determinação. Embora eles próprios não compartilhassem do mesmo fervor pelo automobilismo, eles reconheciam a paixão ardente nos olhos de Myra e a apoiavam incondicionalmente.