Eu parei, abaixando a cabeça. Por baixo do sobretudo marrom, eu vestia meu suéter de linho verde e uma calça de pijama marrom com dezenas de caras de ursos estampadas, usando crocs com meias nos pés.

— Sim. — disse, com vergonha, sentindo meu rosto queimar. — Eu disse que tinha vindo o mais rápido que pude.

Louis esticou a mão novamente, e dessa vez conseguiu agarrar meu pulso. Ele me puxou pra perto, não perto o bastante, mas o suficiente para me impedir de andar de um lado pro outro.

— Obrigado, Harry, de verdade. — disse, os olhos presos nos meus, e eu tive que desviá-los para o chão.

Suspirei, discretamente me soltando de sua mão e fazendo menção de sentar ao seu lado, mas levantando rápido antes de fazê-lo.

— Eu posso me sentar aqui, né? — perguntei, com receio de estar infringindo alguma norma ou trazendo doenças (????) para Louis.

Louis deu um sorriso ladino. — Pode, Harry.

— Tá. — falei, secando o suor das mãos nas pernas. — O que aconteceu com você?

Louis respirou pesadamente, mexendo as pernas com impaciência. — Eu saí com uns amigos meus e bebi um pouquinho... Aí nós fizemos um desafio em que tínhamos que correr e pular por vários obstáculos. Bom... eu não sou um atleta então eu meio que me fudi. — falou, cabisbaixo.

— Ai, meu Deus. — franzi o cenho com preocupação. — Doeu muito? — e logo me senti um idiota por perguntar isso.

— Sim.

— Você viu seu osso?

— Não... Não teve fratura exposta, foi algo bem simples se comparado ao que podia ter acontecido, segundo o médico.

— Que bom. Deve ser terrível ver o próprio osso... Não que o seu caso não tenha sido- Não desmerecendo a sua situação, mas olhando pelo lado bom foi bom não ter nenhuma fratura exposta, né... — Prendi o ar novamente, me martirizando por falar demais quando estava nervoso.  

O olhei de esguelha, tentando pescar qualquer reação, e achei um sorrisinho em seu rosto que não soube interpretar. Virei a cabeça pra ele, olhando em seus olhos diretamente agora, me perguntando o que era aquilo que brilhava ali, como aquele homem conseguia ser tão bonito e tão calmo em uma situação como aquela. Porra, Louis, porra Louis!

Antes que eu abrisse a boca para perguntar por quê ele me encarava daquela forma, um homem beirando os cinquenta vestido em um jaleco branco passou pelas cortinas.

— Louis Tomlinson? — O médico chamou, checando em sua prancheta.

Tomlinson. Eu conhecia aquele. Mas me perguntava qual era o do meio, se ornava com o primeiro e o último, quem o teria dado a ele.

— Sim?

— Bom, eu vim aqui para te dar alta e mais algumas recomendações. — o médico começou. — Para uma melhor recuperação, siga a receita de medicamentos à risca, comece hoje ainda e faça o intervalo correto de tempo. Quanto ao pé, você precisa descansar, ficar em repouso é o que precisa, mas isso não significa que deve passar o dia inteiro sentado ou deitado. A movimentação moderada é muito importante para a circulação do sangue, então não deixe de dar pelo menos alguns passos...

— Ele pode andar?! — questionei, erguendo uma sobrancelha.

— Sim. — O médico se virou para mim. — Nós fizemos alguns testes aqui e Louis consegue ficar em pé sozinho e andar também, essa bota ajuda bastante nisso. Mas é importante passar mais tempo com o pé para cima do que no chão. — E se virou novamente para Louis. — Na hora do banho, não pode molhá-lo de forma alguma. Você ainda está sob efeito dos analgésicos que te demos aqui, então a dor só vai chegar amanhã, os remédios demoram a fazer efeito, mas fazem, então não abuse da quantidade certa a ser tomada. — O homem olhou para mim antes de prosseguir: — Quanto ao queixo, deve fazer a higienização duas vezes por dia, uma de noite e uma de manhã de preferência. Hoje não é necessário, mas amanhã pela manhã sim; tome cuidado ao tirar o curativo pela primeira vez, e lave com sabão neutro e água ou soro fisiológico.

meet me in the hallway  * l.s *Where stories live. Discover now