1 - Camisa 8

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- Vamos recapitular. De 7:00 às 16:00, suas aulas na escola. 17:30 aula de piano e as 19:00 jantar com sua família. Sua mãe quer que você vá com o vestido verde e as sandálias douradas, se não conseguir fazer o cabelo e a maquiagem a tempo me chame pra ajudar. Mas tem que ser antes das 19:00! - falou a secretaria da minha mãe logo cedo no meu ouvido.

- Tá bom... mas o que vai ser esse "jantar em família" - falei sem desviar os olhos do meu celular.

- Um novo treinador vai entrar na escola, ele iria se aposentar, mas a sua mãe o convenceu dele ser o novo técnico do time de basquete por 2 anos em nossa escola.

- Mas a escola já não é a melhor do país?

- Você sabe como é sua mãe, nada está bom o suficiente que não possa melhorar - ouviu-se uma notificação do celular da secretaria, num estante respondeu como se fosse um computador.

- Você não descasar não?

- Minhas férias são daqui a 2 semanas, quero deixar tudo em ordem. Seu pai, falou que não vai ser mais em casa e sim no restaurante de sempre. Pediu para que você fosse com roupas mais casuais e um tênis dos Coiotes Dourados.

- É sério? Eles se importam tanto com esse jantar ao ponto de escolherem minhas roupas? - perguntei incrédula.

- Deve ser por que seu pai esteja querendo comprar os Coiotes Dourados e esse novo treinador, o Tomás Lee, foi o técnico que levou eles a vitória depois de 20 anos - disse o motorista entusiasmado, ao mesmo ele não parecia um robô quando falava.

- Então... ele quer formar as novas galinhas dos ovos de ouro desde cedo para entrar no time e já gerar resultado? - perguntei deixando a pergunta no ar.

- Isso mesmo, o jantar vai ser o primeiro contato oficial entre o treinador, a diretoria e o futuro dono dos Coiotes - Michele terminou de falar e atendeu o telefone - Sim... sua filha está indo para escola, está vestida apropriadamente com o uniforme... ele foi para o escritório com novos sócios... ele iria chegar na hora do almoço. Certo.

   Era incrível como minha família se comunicava uns com os outros por terceiros, acho que eles querem se divorciar, mas não fazem isso pois tem muito dinheiro em jogo.
Depois de mais alguns minutos de silêncio cheguei na porta do colégio, não chamava muito atenção pois lá tinha gente que fazia isso perfeitamente.

Existia classes sociais bem estabelecidas na escola, como uma hierarquia. Os primeiros eram: Filhos de celebridades, ou As estrelas, eles são famosos do cinema ou da música. Ja fizeram aparições nos cinema que participaram em alguns shows dos pais, sempre usando roupas de marcas e por onde passam sempre tem algum paparazzi ao longe.
Segundo, Os Leões, são filhos de atletas famosos e influenciadores digitais ou eles mesmos são os influenciadores. Sempre estão em boa forma, nunca saindo de perto dos celulares pois sua imagem e performance física sempre estão em pauta, discussões e principalmente a opinião.
Terceiro, os Herdeiros, filhos de pais com grande fortuna que ninguém ao certo sabe de primeira como eles conseguiram, eu posso me encaixar nesse ramo, já que esse grupo a maioria são reservados em público, mas são aqueles que dão as melhores festas pois dinheiro não é problema.
E por fim, Os Abutres, Bolsistas que passaram no exame para entrar, seja por ser uma promessa nos exportes ou por suas excelentes notas, não sei mais do que isso já esse grupo é novo. Mas eles parecem abutres querendo se enturmar com os populares para ganhar fama, mas todos sabem que eles são uma piada.

   Passo rapidamente sem chamar atenção pois na escola tinham regras, mas as principais são; 1• dentro da escola todos são primeiro de tudo estudantes então não tratar ninguém de forma inferior, 2• proibido postar fotos nos campos escolares sem autorização, 3• obedecer horário de recolher e 4• sempre ser o melhor.

   Estava no intervalo da escola com meu amigo Joui, juntando as carnes novas.

- Ta vendo a aquela ruiva? O pai dela é político e foi acusado de lavagem de dinheiro - Joui falou como se fosse alguma novidade.

- Todos os filhos de políticos fazem isso - falo tentando passar de nível do Super Mário.

- Não quer saber o porquê? - dei um pausa no jogo pois sabia que ali tinha um babado forte - Ele iria fazer uma cirugia de mudança de sexo e ainda queria ficar com a mulher - minha boca não conseguiu desfazer o 'O'

- Não... Mas como não estou sabendo disso? - falei dando uma boa olhada na garota, ela parecia bem alegre, branca de cabelo vermelho encaracolado, era bem simples suas roupas, no entanto, eram os acessórios que tinha destaque principalmente a bolsa de luxo que era o toque final - E a mãe? Como tá nisso tudo?

- A mãe é uma ativista na comunidade negra do país e apoiadora da causa LGBGQIA+, faz semanas que não dão as caras na mídia, não acho que vá durar muito.

- Não vai durar o que? - falou nosso terceiro integrante, Dylan, juntando-se ao grupo. Logo Joui fico rígido e olhou para o lado.

- A ruiva tem o pai trans e que é corrupio - falo deixando o sorriso bem a mostra.

- Vocês se divertem com a fofoca alheia né? - Dylan comentou se escorando na parede do meu lado.

- Somos meros consumidores de conteúdo e estamos espalhando as informações - Joui.

- Ata... Sempre vejo sua irmã mais velha nos reality show, àquelas gincanas que ela participa são a minha diversão todas tardes - Dylan falou mexendo na ferida.

- Ao menos a minha irmã ainda é famosa ao contrario da sua mãe que só os idosos lembram.

- "Queria tanto filmar isso" - pensei comigo mesma vendo o barraco.

- As músicas da minha mãe duram para sempre e vão ter sempre pessoas pra ouvir, mas a sua irmã já esta na decadência com seu único rit de sucesso de um grupo meia boca que agora tá passando mico - Dylan.

  Tá bom, duas gays brigando sempre é um acontecimento cheio de baixaria e gesticulação, estava bem no olho do furacão quando Joui tentou encurtar o espaço entre eles, estava totalmente distraia, quando o Joui bateu sem querer no meu celular, foi para os céus e depois de encontro do chão coberto de lama. Meus amigos tinham visto o que aconteceu e pararam para olhar meu celular, o impacto acabou sujando o tênis do menino que estava passando. Sai correndo para pegar meu celular de volta, estava descendo as escadas quando o sinal tocou e bem na hora vir o professor de química subir os degraus.

- Vamos senhorita para a sala? - perguntou segurando os livros.

- Eu tenho que fazer uma coisa rapidinho... - falo tentando driblar o professor.

- Margarete Gagnon, como filha da diretora deveria dar um bom exemplo e ser umas primeiras de sua classe invés de usar substâncias ilícitas - não tive tempo para pensar quando o celular vir minha foto fumando um baseado na tela do celular do professor.

- Como você?

- Então, seria bom para ambos tivéssemos uma ótima relação de professor e aluna. Não é? - dize o professor dando espaço para subir as escadas, não faço pergunta só o sigo contendo minha raiva, meus amigos me veem e suas expressões de interrogação são nítidas, mas fico quieta e prossigo até a sala.

O professor de química era um merda, claro ele era todo engomadinho usava colete e se expressava como se estivesse na era vitoriana. Nunca fui com a cara dele, mas nunca que tinha motivos.

Mas a pergunta era: "Como ele descobriu?", fiquei me fazendo essa pergunta até ver o ultimo cara entrar na sala. As portas das escolas na maioria tinha 2 metros e alguns centímetros, mas o garoto aparentava estava bastante próximo dessa altura, tivesse que subir a cabeça para olhar melhor, moreno de cabelos transados e vestia a Camisa número 8 dos Coiotes Dourados. Nossos olhares se cruzaram, sentir um choque, me hipnotizando ao ponto de olhar para ele tempo de mais até o momento que uma onda de vergonha me fizesse olhar para o lado onde estava o professor.

- "E é assim que começa a porra no ano?"

O Príncipe e a FeraWhere stories live. Discover now