O Professor

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– Vai sair à procura de alguém para transar só por que não quer admitir que o melhor seria mudar o seu tipo de literatura?

– Não vou mudar. Vou escrever um romance erótico porque sou capaz de fazê-lo e não vai ser um idiota que nem você, que nunca escreveu nada, que vai me dizer que não sou capaz.

– Ótimo! Então saia e adquira também as suas maiores decepções. Depois não diga que fui o responsável pelo seu excesso de infantilidade. Você não tem ideia do que vai encontrar, Natasha. Em pouco mais de um mês teremos sua nota final e, com certeza, o que vai conseguir será apenas decepção. Nada que algumas sessões de análises não possam resolver.

No calor das suas palavras não percebi que acabei indo em sua direção. Acredito que o mesmo aconteceu com ele pois, quando finalmente dissemos tudo o que queríamos, estávamos tão próximos um do outro que podíamos sentir o calor que fluía de nossos corpos. Ainda nos encarávamos desafiadoramente, porém a atmosfera ao nosso redor havia mudado completamente.

– Você é um arrogante, idiota...

Eu queria insultá-lo cada vez mais. Minha dor era tanta que não me deixava raciocinar, no entanto eu sabia que havia muito mais do que mágoa ou raiva em minha atitude. Algo que eu nunca poderia explicar.

– E você é a aluna mais cabeça dura que já tive.

– Ótimo! Pelo menos o incomodo de alguma forma.

– Você não sabe do que está falando.

Ele cerrou os lábios como se tentasse impedir que algo mais escapasse. Tive medo do tanto de palavrões que seria capaz de me dizer naquele momento.

– Claro! Eu nunca sei!

Não foi possível. Realmente não consegui segurar a lágrima que escapou. Eu estava ferida, não havia como negar. Mas me contive tentando ser forte e não desviei meus olhos dos dele. Por isso pude ver o que se passava em seu semblante. Retirei os óculos outra vez, sentindo- me ridícula.

Sua mão tocou meu rosto recolhendo a lágrima que tinha caído, e afagou a minha pele. Era o que faltava para me desarmar. Desabei, Chorei copiosamente na presença dele.

– Hei! Não, Natasha!

Eu já estava chorando e, como sempre acontecia, não pararia tão cedo. Fiquei surpresa quando ele me envolveu em seus braços e me puxou para seu peito, afagando meus cabelos e minhas costas. Agradeci por ter tirado os óculos.

– Calma! – seu rosto estava muito próximo do meu.

Eu podia sentir, mesmo sendo uma loucura, o sabor do seu hálito. Era bom. Muito bom! Gosto de menta misturado com algo cítrico. Colava em minha língua como se sua própria língua estivesse me passando este sabor.

Fiquei embriagada. Desejosa. Ansiosa.

– Não posso acreditar que fracassei. Eu deixei de lado tudo em minha vida para atingir meu objetivo e agora o que tenho? Nada. Sou uma nerd insignificante que nunca despertou interesse de ninguém e se esconde atrás de livros e fantasias. É isso o que sou. – ele riu baixinho.

– Não pense assim – sussurrou em meus cabelos. – Você é uma nerd sim, mas uma nerd linda!

Levantei a cabeça novamente surpresa com as palavras do meu professor. Ele sorriu com aquele canto dos lábios e eu perdi o foco. Seus olhos estavam tão profundos nos meus que foi impossível não me deixar envolver.

– Você é linda, Natasha!

A intensidade das suas palavras e a forma como ele mantinha suas mãos em mim, uma em meu rosto, com seus dedos alcançando a minha nuca, e a outra em minhas costas, tomando-a completamente para si, me impulsionaram a fazer com que eu nunca acreditei que seria capaz.

Antes que qualquer pensamento pudesse me deter, meus lábios já estavam nos dele. Apenas o primeiro contato foi o suficiente para mandar uma descarga elétrica em meu corpo digna de uma tempestade. Eu nunca tinha beijado antes. Nem um selinho. Nada. Porém os lábios do meu professor eram tão macios que me davam a sensação de "lugar comum"

Foi apenas um segundo suspenso no ar enquanto nossos lábios se encostavam. Um único segundo antes que a tempestade descarregasse em nós dois toda sua eletricidade. Não tive tempo nem de pensar no que fazer.

Seus lábios se movimentaram nos meus. Suaves e exigentes. Sugando. Experimentando. Logo depois um conjunto de ações quase me fez perder o equilíbrio.

Sua língua abriu passagem, reivindicando um pouco mais da minha. Não foi uma tarefa difícil, devo deixar claro. Minha língua parecia ter vontade própria e experimentar o sabor da dele era algo desejado muito antes de eu ter consciência disso.

Nosso beijo ficou mais intenso.

No mesmo instante, suas mãos percorreram meu corpo. A que antes estava em minhas costas para me amparar, me explorava com paixão, colando-me a ele, enquanto a que estava em meu rosto, prendia seus lábios nos meus.

Como tudo o que é bom dura pouco... Esta é a lei da vida.

O professor Rogers se afastou e deu alguns passos para trás, ofegante. Ele parecia confuso e eu embasbacada com tantas sensações diferentes. Foi bom? Não.

Foi perfeito!

– Desculpe! – ele não me olhava. – Isso não...

Desculpe, Natasha Eu não tinha este direito.

Não conseguia encontrar uma palavra que pudesse expressar o que queria dizer. Meu corpo gritava: “O quê?

Deixe para se desculpar amanhã e venha aqui terminar o que começou”. Enquanto minha mente me alertava que eu havia ultrapassado um limite importante e que, por causa disso, tudo poderia piorar ainda mais.

– Tudo bem – foi só o que consegui dizer, já colocando meus óculos.

– Não. Não está tudo bem. Isso não deveria estar acontecendo...

Eu não queria ouvir o que ele me diria. Não queria quebrar o encanto da sensação que formigava em meu corpo. Além do mais, já sabia o que ele diria e, com certeza, não seria de nenhuma utilidade. Minha única vontade era: escrever.

Com propriedade.

Com conhecimento de causa. Eu queria escrever sobre o primeiro beijo entre os meus personagens.




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⏰ Last updated: Apr 03 ⏰

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