Percebo que Joaquín lembrou dos lírios, que é a parte que menos me surpreende, já que quando eramos crianças eu sempre andava com uma pequena flor de lírio atrás da orelha e Piquerez sempre me chamava de brega.

Ao invés de eu me irritar com a lembrança, eu acho graça. O moreno não deixa de perceber e me olha confuso.

— Eu deveria te chamar de brega. — Brinco apontando para os lírios, tirando uma risada dele.

Siempre ficava irritada quando eu dizia isso.  — Nos serve o vinho — Na verdade, se irritava com todo lo que eu dizia.

— Você fazia de propósito para me deixar brava. — Levo uma colherada de comida até a boca e ele me olha com expectativa enquanto eu como, e meu Deus — Caramba, Joaquín, tá muito bom.

Como mais um pouco. Fazia um tempo que não comia isso, e agora consigo me lembrar o porquê é o meu prato preferido.

Gostou miesmo? — Parece aliviado e eu assinto.

Tá tudo muito bom, mas eu realmente não consigo sentir fome. Mesmo assim, continuo comendo para não o deixar triste.

Desde quando me importo em deixá-lo triste?

— Não acredito que foi você mesmo que fez, desde quando cozinha? — Tomo um gole de vinho.

Caralho, combinação perfeita.

Siempre soube lo básico.  — Balança os ombros. — Y quando vim morar sozinho, precisei me virar.  — Começa a comer também. — Vas a ir no jogo amanhã, né?

— Eu não sei, passei mal no último jogo e a Julia não quer que eu vá. — Respondo.

Passou mal? ¿Qué paso?  — Pergunta com preocupação na voz.

— Acho que foi só nervosismo pelo jogo. — Tento o tranquilizar, já basta a Julia no meu pé por causa disso — Estou ótima agora.

Ele não parece muito convencido, mas não insiste.

— ¿Y cuándo vais embora do Brasil?  — Pergunta, claramente desconfortável.

Esse é o assunto que nenhum de nós quer falar sobre, ele muito menos, mas acha necessário.

Quase digo que isso não é problema dele.

Mas disse que baixaria a guarda.

— Acho que no começo do mês que vem, não comprei a passagem ainda. — Suspiro.

Ele olha bem para mim e percebe algo em minha expressão.

— ¿Que pasó? ¿No quieres voltar?  — Segue me olhando.

— Não é isso. — Minha voz abaixa consideravelmente e, por algum motivo, ver ele me encarando dessa forma me dá vontade de sair falando tudo o que sinto — To me sentindo meio perdida, sabe?

Como assim? — Presta atenção.

— É que não parece mais certo fazer o que faço, não me sinto bem mais com isso, quero deixar tudo para trás e sumir. Estou adiando ir, porque sei que terei que enfrentar a bagunça toda que deixei e a minha carreira tá um caos. — Tomo o último gole de vinho — A mídia está falando que está tudo acabado para mim por eu ter cancelado os contratos, minha empresária diz que tudo que faço está errado... — Desabafo — Mal sei o que estou sentindo, não consigo entender meus sentimentos por v...

Fecho a boca. Merda, tô falando demais.

Como ele faz isso? Sempre arranca o que não deve de mim. Seja bom ou ruim.

𝗕𝗜𝗥𝗧𝗛𝗗𝗔𝗬 - Joaquín Piquerez Where stories live. Discover now