— Qual o seu número? — Ele perguntou estendendo a mão, novamente, ele não me olhava.
— Número? Quer meu telefone? — O olhei confuso.
— O quê? Seu número de quarto, idiota — Seu tom misturado com sua resposta me fez sentir o embaraço rastejar por todo o meu corpo e só então notei que nas portas haviam numerações.
Resmunguei em minha mente.
— Deve estar em algum lugar por aqui... — De forma atrapalhada comecei a procurar nos papéis que o Diretor havia me entregado, mas ainda não havia analisado, mal podia entender uma palavra do que dizia nos papeis, impaciente o garoto loiro os puxou de mim.
— Você é mesmo um imbecil — Ele cuspiu e com uma simples olhadela no papel o vi amassar levemente eles em sua mão. — Porra.
— O quê? — Fiquei confuso com seus olhos avermelhados me fuzilando.
Nesse momento um garoto um pouco rechonchudo se aproximou, parecia ter se dado conta do movimento e os outros também, que levantaram seus olhos pela primeira vez e começaram a tentar entender o que se passava.
— Esse é o tal garoto incrível, Haven? — Ele perguntou se apoiando no loiro, que o afastou de imediato.
— O que houve? Em qual quarto ele vai ficar? — De forma xereta o garoto olhou por cima dos ombros de Firewheel e encarou os papeis — Cacete! Esse é o seu quarto!
— Ein?
— Aquele velho desgraçado... — Seus lábios estavam torcidos quando ele empurrou de forma bruta os papeis no meu peito, os segurei e tentei achar o número do quarto. 8. Deveria ser esse.
— Quarto 8?
— Meu quarto! Porra! — Firewheel se afastou irado e chutou uma das cadeiras que caiu no chão em um baque que fez os outros garotos se encolherem levemente.
— Er... Eu provavelmente ficarei aqui pouco tempo então não precisa ficar tão irritado... — Tentei meio que manter as coisas em paz, mas isso só o fez avançar em mim e segurar a gola da minha camisa, ele era uma ou duas cabeças maior que eu, então seus olhos perfurantes me encararam de cima. No mundo Normal olhos vermelhos não eram naturais e eu até pensei que esse garoto usava talvez lentes de contato, mas olhando de perto pareciam muito verdadeiros.
— Seu desgraçado, acha que não é bom o bastante para essa Classe? Não fode!
— O quê? Não é isso... — Eu realmente estava confuso, os outros garotos me olhavam quase que com a mesma expressão que Firewheel e não entendi porque, eu só quis dizer que ele teria seu quarto só para ele em breve.
Ele me empurrou e levei um segundo para tomar o equilíbrio, meu cabelo até desalinhou.
O vi respirar fundo.
— Que seja! Vai para a droga do quarto e desfaz sua mala, mas saiba que tenho regras! — Ele apontou com uma mão enquanto a outra esfregava sua têmpora. Eu até pensei em ficar ali na área de descanso enquanto o resultado da minha Classe não saia, mas a julgar pela cara dos outros eu seria espancado na mesma hora. Tentar apaziguar as coisas só iria piorar. Levando minha mala subi as escadas e entrei no quarto de número 8.
O quarto era surpreendentemente organizado, para um garoto com aquela personalidade era realmente impressionante. Havia duas camas de solteiro e cada uma delas um baú grande aos pés, imagino que para guardar as coisas, uma pequena mesa de estudo de cada lado do quarto e uma enorme janela entre as camas, janela essa coberta por uma enorme cortina em tom negro. Caminhei um pouco e senti que talvez a cama da esquerda fosse a vaga, levando em conta que estava sem travesseiro ou lençóis. Abri o baú e minha mala e comecei a tirar minhas poucas roupas e as colocar dentro do baú. Como eu receberia meu uniforme e seria isso que eu mais usaria durante meus dias, não levei muita coisa.
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Alvorada da Magia
FantasyDaniel Owle, aos 15 anos, tem sua vida virada de cabeça para baixo ao descobrir que possui poderes mágicos. Enviado para a Escola de Magia Corals Hill, ele se vê em um mundo de mistérios e desafios, onde encontra Haven Firewheel, um colega arrogante...
Olhos vermelhos
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