Minha mãe corre em minha direção imediatamente, mas ao tocar minha mão, o seu corpo parecia enfraquecer, suas veias pareciam ficar mais nítidas, mas em um tom preto estranho, como se sua vida estivesse sendo arrancada lentamente. A pele estava pálida e os olhos opacos. Extremamente assustado com tal imagem, me afasto dela desesperado.

Ela cai de joelhos no chão, começa a tossir, mas ao menos sua cor começa a voltar, assim como a luz dos seus olhos e o rosado das bochechas.

- Sou eu... Eu estou matando... Sou eu - Meu olhos se enchem de água e passo por ela correndo tão rápido que noto que em segundos eu estava no meu quarto - Eu estou piorando... Eu estou piorando - Repito enquanto deslizo pela porta atrás de mim e me encolhi no chão.

- Você se negou demais... Nosso tempo acabou a muito tempo.

- Vai embora... Vai embora , por favor

- Levi! Levi! Por favor meu amor, abra a porta. Eu estou bem, você não fez nada de mal - Diz minha mãe do outro lado da porta, mas apenas me encolho mais ainda e tampo meus ouvidos.

- Levi, me escute, você é tudo para mim - Ela continua e posso ouvir o seu choro, o que sangra ainda mais o meu coração - Você não é um monstro, é meu filho amado, nunca vou deixar de sentir isso por você... Você foi tudo que ele me deixou e é a coisa mais preciosa que tenho, muito mais do que minha própria vida... Por favor Levi... Abra essa porta... Me deixe te tocar.

- Eu não posso... - Respondo.

- Pode sim... Escute minha voz, apenas minha voz... Se acalme devagar... Respire e aos poucos abra a porta, no seu tempo. Essa força, não lhe controla... Você é melhor que isso

Sigo suas instruções e pouco a pouco, sinto as vozes me deixarem. O silêncio começa a crescer dentro de mim e aos poucos tiro as mãos dos meus ouvidos. Meu corpo ainda tremia, minha respiração ainda parecia ter dificuldade e meu coração ainda batia acelerado, até que aos poucos me permito tocar a maçaneta.

- Eu estou aqui - Escuto a voz dela mais uma vez e tomo coragem para abrir.

Assim que o faço, vejo minha mãe sentada no chão com os olhos cheios de lágrimas, mas com um enorme sorriso no rosto.

- Venha aqui

- MÃE! - gritei como uma criança desamparada.

Agarrei seu corpo com toda força, sentindo seu cheiro, o tecido de sua roupas, o cheiro de lavanda e choro. Até meus pulmões doerem e minhas lágrimas não mais conseguirem desaguar. Os dedos finos e delicados alisam meus cabelos e escuto o som da sua voz cantarolando uma antiga cantiga de ninar.

- Está vendo... Você é capaz de controlar.

Em um momento de profunda vulnerabilidade, encontrei refúgio nos braços acolhedores de minha mãe. As lágrimas, que antes inundavam meu rosto, foram aos poucos sendo substituídas por uma sensação de paz e conforto. Sua presença era como um bálsamo para minha alma atribulada.

Enquanto ela acariciava meus cabelos e sussurrava palavras de amor e consolo, gradualmente senti a agitação em meu peito se dissipar. Cada batida do seu coração parecia sincronizar com a minha, criando uma melodia suave que acalmava minha mente inquieta. Aos poucos, as sombras do medo foram se dissipando, dando lugar a um sentimento de serenidade e tranquilidade. Em meio ao aconchego dos seus braços, minha respiração se tornou mais calma e profunda, até que finalmente, exausto pela intensidade das emoções, mergulhei em um sono profundo e restaurador. O que eu não esperava era que um sonho estranho e inesperado me encontrasse.

 O que eu não esperava era que um sonho estranho e inesperado me encontrasse

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