Eu também fico, mamãe. Meu olhar recai para meu anel de casamento, para as promessas que fiz no altar e como a morte foi realmente a nossa separação. Mas, meu olhar recai sobre um anel que já aperta meu dedo, sufocando meus novos caminhos e lembrando todos os dias do dia em que o recebi. Pensei que jamais gostaria de me casar novamente, porém, penso como gostaria de poder usar um anel que não apertasse minhas decisões.

–  Mas querida, lembre-se do que sempre digo para Michigan, nem por mim e nem por ninguém, se desfaça dos seus planos, você deve saber muito mais que os seus 20 e poucos anos – e eu sei que esse ninguém é Ethan, e que eu não posso desfazer dos meus planos e principalmente, dos meus sonhos, por conta dele.

A nossa conversa acaba quando meu filho vem correndo em nossa direção, porém, ao invés de se jogar em mim, como sempre faz, ele se joga em Zane. Mostrando que nasceu sim para ser um bom pai, o tenista volta toda sua concentração para meu filho, cuidando da hidratação dele e já pegando uma toalha para secar o suor de seu corpo.

– Isso é o que Hunter sempre sonhou em ter, saiba que você é uma ótima mãe por realizar isso – Brooke avisa e se levanta – agora eu e seu pai vamos amassar seus irmãos no basquete, não é, querido?

– Faz tempo que desejo colocar York no lugar dele dentro da quadra – meu pai também se levanta, com um sorriso de diversão no rosto – temos que vir ao parque mais vezes.

– Vocês precisam vir para cá mais vezes – corrijo e Marvin levanta aos mãos para cima.

– Você ganhou nessa, mocinha – eu sempre ganho.

Os dois entrelaçam as mãos e andam juntos em direção aos meus dois irmãos. Nem sempre o casamento deles foi leve assim, principalmente quando entramos na adolescência, meus pais brigavam muito por questões financeiras, mesmo que nós nunca tenhamos passado por nenhum tipo de aperto, meu pai se sentia insignificante por minha mãe sustentar quase sozinha nossa família. O salário dele, mesmo sendo generoso, não se comparava a renda das terras da mamãe. Acho que com o tempo ele foi aprendendo a lidar com isso, é hoje vive muito bem nesse quesito.

– Eu quero isso – digo diretamente para Zane, fazendo sinal em direção aos meus pais.

– Nós já temos isso – ele avisa, inclinado o corpo para me dar um beijo nos lábios.

– Melosos! – Hunter acusa nós e dou uma gargalhada no meio do beijo.

O loiro entra no meio de nós, querendo a atenção totalmente para si, o que é mais do que justo.

– Acho que você está com ciúmes de ter que me dividir com outra pessoa – digo e meu filho faz uma careta – ah, não?

– Não, porque é legal dividir você com o Zane – ele me responde e respira fundo – e com irmãozinhos também, quase todos os meus amigos têm irmãozinhos, quando eu vou ter um?

– Acho que isso vai demorar um pouco – Zane assume a conversa e eu fico feliz, não desejo ter um filho por agora – enquanto isso, você devia aproveitar o fato de ser filho único.

– Você tem um bom ponto, Zane tenista – Hunter coça sua nuca, pensando por alguns segundos – mas eu não quero uma irmã, quero um irmão, tá bom?

– Tá bom – concordo, como se eu pudesse escolher isso – agora, nos conte como foi a partida.

E assim ele faz, cada mínimo detalhe do jogo que fez com seus tios é contado para nós. Passamos mais algumas horas no parque, então quando o sol começa a se pôr, vamos embora. Meus pais juntamente com Michigan irão passar a noite no apartamento de York, já eu e Hunter temos uma programação mega legal envolvendo assistir todos os filmes do Carros, incluindo o spin-off Aviões. Porém, após me despedir de Zane e dos meus pais, não levo Hunter para casa, vou com ele para o parque do rio, perto do condomínio onde cresci.

Lucky loser - livro 1 da trilogia Lucky Potter's Where stories live. Discover now