Cigana | GB10

segundo cap.

RIO DE JANEIRO

GABRIEL:
Fui levar a Júlia na casa, gostava de ficar com ela, a gente se entendia, o sexo era bem legal, mas tinha uns poréns, ela tinha algumas futilidades que não me descia, tinha uma necessidade de se mostrar 24horas na internet, e eu não gostava daquilo, sou reservado, quase não posto nada, são sempre coisas na maioria das vezes relacionada ao Flamengo, apenas.

— Vó Maria, tem aquele cuscuz como a senhora faz que eu gosto?

Perguntei vendo minha vó ali, na verdade ela não era minha vó sanguínea, ela era uma senhora que veio trabalhar aqui em casa em 2019, quando eu entrei no Flamengo, ela começou trabalhando na cozinha, mas devido ao carinho que tenho por ela hoje temos uma relação de neto e avó, até a minha mãe fala que não se preocupa comigo, porque tenho uma segunda mãe pra tomar conta de mim.

— Qual dos? O salgado?

— Sim, o que a senhora coloca carne, calabresa, ovo frito...

— Também quero! — Fábio falou aparecendo no topo da escada.

— Mano, aquele é top, né ?

— Especialidade nordestina. — Vó falou rindo. — Vem pra cá pra cozinha, eu faço e os dois me fazem companhia.

Ela falou indo e nós dois acompanhando.

O cheiro na cozinha era divino, Vó Maria era baiana, baiana nata mesmo, cheia de palavreados que tirava altas risadas da galera aqui de casa.

Ela serviu eu e o Fabinho e vim quando o celular dela tocou, ela foi pra área da piscina atender, ela tinha família na Bahia, netos e filhos, eu acho.

— Porra, não tem quem faça igual ... cuscuz paulista é nada perto desde cuscuz aqui, como essa travessa toda.

Fábio falava repetindo o terceiro prato quando vó Maria entrou, ela parecia preocupada.

— Aconteceu algo? — Fábio pareceu ler meus pensamentos.

— Aconteceu! Minha neta, a que me causa mais dor de cabeça. — Ela falou suspirando.

— A que teve a neném? — Fábio perguntou.

Eu não me recordava quem era.

— Sim, ela .. tu lembra ? — Vo pergunto. — A menina já tem um ano e pouquinho...

— Lembro quando a senhora me mostrou que ela nasceu.

— O que houve ? — Perguntei curioso.

— Ela teve essa menina com um rapaz metido em coisa errada meu filho, o cara nunca deu nada, e ela agora resolveu colocar o rapaz na justiça pedindo pensão, o cara ameaçou, ela teve que sair do bairro e não tem pra onde ir, de longe não tenho como ajudar ...

— Coisa errada? — Perguntei franzindo a testa.

— Traficante meu filho, ela nunca teve medo de nada na vida. — Vó suspirava parecendo realmente está muito preocupada. — Disse pra vim pro rio, mas não sei onde enfiar essa menina.

— Aqui ué. — Falei rápido.

SALVADOR

JULIANA:
João conseguiu ajeitar de eu dormir ali, com ele na casa, e eu agora estava no celular em chamada de vídeo com a minha vó, enquanto Liz dormia.

Eu já tinha falado com ela mais cedo, e ela me pediu uma hora de relógio, pra ela conversar com os patrões e tomar uma decisão.

Será que ela vai pedir demissão e voltar pra cá? Eu não posso permitir isso, permitir que minha vó pare a vida dela por conta de mim.