— Porque eu não queria que minha amiga Elô fosse embora sozinha — Eloisa quase gritou com Laura. Aquela conversa de novo não!

— Bom, ela pode ir com a gente, não é? — Rodrigo foi rápido em responder. — O hotel aonde os meninos estão é grande o suficiente pra mais uma, não é, Enzo? — Ele virou para um branquelo que apenas encarava o diálogo.

— Ah, sim, claro que sim — Ele respondeu depois de alguns segundos. Elô se sentiu bem vinda, mas a resposta ainda era não. Ela viu de relance Esteban sorrir como se admirasse ela ser pauta do assunto.

— Perfeito! — Rodrigo bateu palmas.

— Só que não — Laura respondeu rápido. — Elô ainda vai pra casa, foi um longo dia de trabalho, não? — Ela olhou para a morena que apenas assentiu.

— Sozinha? Esse não era seu empecilho? — Ele demorou para dizer a última palavra.

— Ela não vai sozinha, meu bem — A voz de Laura ganhou um tom atrevido. Elô mordeu a língua para não xinga-la.

— Eu vou deixar ela em casa — Esteban se pronunciou pela primeira vez. Ele atraiu o olhar de todos mesmo mantendo os seus apenas em Eloisa. A morena se constrangeu e quebrou o contato visual.

— Vai? — Um de seus amigos, que também não havia dito uma palavra se quer, perguntou dessa vez.

— Sim, Juani, se não se importam, claro — Ele levantou as mãos e todos negaram de imediato.

— Óbvio que não — Laura disse encarando Rodrigo. — Vamos então? nós despedimos no caminho. — Elô assentiu.

Os quatro amigos saíram na frente, Fran e Juan riam freneticamente enquanto cutucavam Esteban. Elô perguntou a si mesma se eles eram iguais Laura. Enzo apenas observava os meninos, ele parecia mais sério, porém ainda tinha um sorriso descontraído no rosto. Eloisa sentiu paz e calma enquanto eles caminhavam brincando. Ela soube que Laura estava em boas mãos. Mesmo Rodrigo sendo um exibido, ela sabia que nenhum daqueles homens seriam capazes de machucar Laura, seja fisicamente ou mentalmente.

Depois de caminharem pelo menos dez minutos, Laura agarrou o braço de Elô, em alguns instantes ela daria boa noite para a amiga. Estava feliz que Elô havia aceitado seu convite para o bar e estava orgulhosa que amiga havia apoiado seu encontro com Rodrigo. Afinal, significava alguma coisa pra ela.

— Você promete me ligar amanhã de manhã e me dizer que está tudo bem e que não foi sequestrada e levada pra Argentina? — Elô disse assim que pararam em uma esquina.

— Haha, claro que prometo, Elô! — Laura abraçou a amiga. — Toma cuidado, e aproveita seu gringo — Ela disse baixinho. Elô a cutucou a costela da loira que apenas sorriu.

— Cuida dela ou eu te encontro em qualquer lugar do mundo! — Elô apontou para Rodrigo que assentiu assustado. A verdade era que Elô não fazia mal a uma mosca.

Os outros dois se despediram de Elô com sorrisos e palavras, Fran deu abraço carinhoso na morena. Elô ficou parada até que todos saíssem. Esteban finalmente veio em sua direção depois de trocar algumas palavras com os meninos.

— Pode ir na frente, já que conhece a cidade melhor do que ninguém — Ele pareceu um pouco nervoso.

— É como se eu estivesse indo embora sozinha, mas com um fantasma em minha cola — Estaban riu. Elô notou que nunca havia visto ele sorrir daquele jeito. A forma como seus olhos se fechavam, quase não dava pra vê-los. Ela precisou conter os lábios para não dizer nada sem querer como fez no banheiro.

— Estou sendo gentil, não seja tão má. — Ele colou as mãos no bolso. Não estava frio, mas o vento gelado incomodava Esteban, mesmo que na Argentina fizesse temperaturas piores, ele gostava mesmo era do verão.

— Está com frio? —  Eloisa questionou vendo a ação do mais alto.

— Não e você? — Ela negou. Um silêncio um tanto cômodo pairou no ar. A mente de Eloisa tentava a todo custo formular uma frase ou dizer algo estúpido, apenas para preencher o barulho do vento entre eles.

— Sobre aquilo que você disse na porta do banheiro — Esteban começou. Elô sentiu a barriga doer. —, era verdade?

Sim, era.

— Por que a pergunta? — Ela retrucou. Seus dedos estavam brancos de tanto que ela os apertava.

— Seria importante se você respondesse a verdade — O loiro rebateu. Elô respirou fundo antes de responder. Esteban deu a ela o tempo necessário.

— O ponto é logo ali — Ela apontou para as cinco cadeiras vazias a beira da estrada. Estaban não pressionou, sabia que ela responderia uma hora ou outra. — Sim, era verdade o que eu disse... mas não importa.

— Como não importa? — Ele quase sussurou. O vento ainda era mais barulhento que eles. Eram quase 21h da noite e aquela rua estava silenciosa demais.

— Olha, Esteban — Ela respirou fundo. —Não temos nada, não somos nada pra começo de conversa... — O argentino não respondeu. Ainda encarava Eloisa com a mesma intensidade de sempre. —, eu vi você naquele ônibus e foi a primeira coisa diferente que aconteceu comigo em anos. A minha vida toda tem sido o mesmo monótono de sempre, a vida tem sido cinza e sem graça. — Ela deixou os ombros caírem quando chegaram ao ponto de ônibus. Elô se sentou na primeira cadeira e Estaban na cadeira ao lado. Ele ainda ouvia quieto. — Mas então, você simplesmente aconteceu. Você me irritou e me intrigou na mesma fração de segundo. Você evaporou o cinza dos meus dias com aquela sua atitude.

Dessa vez era Esteban que estava suando. Suas mãos soavam. Ele não sabia o que dizer ou como dizer o que estava guardado em seu coração. Mas Elô pareceu não ter terminado. Então eles e limitou a deixar um sorriso singelo escalar.

— E então, no outro dia, eu peguei o mesmo ônibus no mesmo horário e adivinha só? Você não estava — Seu tom de voz era rouco. — e então você não apareceu no outro e no outro. E depois de uma semana eu parei de me importar. Depois de um mês, eu achei que você fosse um invenção da minha cabeça. Seus trejeitos, seu rosto e sua voz estava estampada na minha cabeça, Estaban, você não podia simplesmente não existir! — Elô disse tão rápido que quase se engasgou. Ela puxou o ar com força. — Mas te ver hoje, depois de um mês e alguns dias, não que eu esteja contando — Ele sorriu de novo. —, ascendeu algo em mim, novamente. Minhas mãos soam, meu peito bate forte e minha barriga dói de ansiedade. Eu não sei o porquê disso. Laura diz que foi amor a primeira vista, mas eu nunca senti amor, eu não sei o que é amor. Como poderia sentir algo que não conheço?

*

[4/5] o próximo capítulo é o último :(
espero que estejam gostando <3

Asiento de la suerte | Esteban Kukuriczka Where stories live. Discover now