—Adiantei minha folga. Estávamos vendo uma programação para este final de semana.

—Estávamos?

—Sim. Carmela, Milla e eu.—Sorrio, quando ele se esquece de citar meu nome. Ele repara, pois fica sem graça e logo acrescenta.—E você é claro.

—Claro, algo bem raro se esquecerem de mim. Eu já me acostumei.

—Não filha, não foi isso. É que você está sempre trabalhando nos finais de semana, nós não sabíamos se você estaria disponível ou não.—Ele se explica.—Foi por isso que eu não te citei antes.

—Pai, vamos ser sinceros. Vocês nem se dão ao trabalho de me incluírem em nada. E eu também já não faço mais questão de participar. Eu vou ficar bem em casa, sozinha.—Na verdade, não posso sair e deixar Alex me esperando.—E outra, eu trabalho feito uma louca, para quitar as dívidas altas desta casa.

—Sofia, você reclama tanto que temos dívidas, não sabe ser compreensiva com sua irmã e sua mãe.

—Ela não é minha mãe.—O interrompo.—Nunca foi e nem nunca será. Ninguém substitui minha mãe, fui clara, pai?

—Sim claro, me desculpe.

—Desculpado.

—Como eu eatava falando, você sabe que Carmela e Milla não trabalham.

—Por que não querem e são duas encostadas.—O interrompo.

—Se você não quer mais pagar as dívidas, deveria procurar uma casa só para você. Assim pagaria somente suas próprias dívidas.

Abro a boca em choque, quando ele termina de falar.

—Você está me propondo sair desta casa, para não dizer expulsando?

—Não interprete desta maneira.

—Eu respeito muito o senhor, e por isso não lhe darei a resposta que eu quero dar. Mas vou deixar uma coisa bem clara aqui. Esta casa era da minha mãe, portanto é minha. Ela deixou de herança para mim, não para o senhor. Não vou sair da minha casa, para pagar aluguel e deixar essas duas mocreias usufruindo do que é meu. Eu sou uma ótima filha, se for comparar com o pai que você se tornou, que ainda deixo vocês morarem aqui, numa boa. Mas a minha paciência tem limite. Eu já engoli muitos sapos aqui, não vou admitir mais tipos de comportamentos.

—Você nunca falou desta maneira comigo.

—Por justamente lhe respeitar como meu pai.

—Teria coragem de colocar para fora desta casa, onde fomos felizes com a nossa família?

—Parece ofendido? O senhor me propôs isso a pouco, não entendo o espanto.—Dou de ombros.—E éramos felizes, a 15 anos atrás. Depois, eu passei a viver outra realidade. Com uma madrasta e uma irmã postiça que me odiavam, e o senhor nunca fez nada quanto a isso. Nos últimos anos, o que eu vive aqui, foi tudo, menos felicidade. Eu era feliz, quando tinha minha mãe comigo. E por respeito as memórias que eu tenha dela e com ela, que não vou deixar esta casa para que uma aproveitadora se intitule dona dela.

—Ok Sofia, eu já entendi.—Ele se levanta.—Então você não irá conosco, não é?

—Não. Estarei melhor aqui, usufruindo da minha companhia.

Sem escapatória. (Em Andamento)Where stories live. Discover now