Capítulo vinte e oito

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Isso dói em York, percebo o quão abalado ficou pelo seu tom de pele. Até algum tempo atrás, era ele que Hunter se inspirava, hoje, é em Zane que ele deposita fascínio. Puxo meu filho para mim, deixando seu corpo próximo do meu, demonstrando toda minha proteção maternal.

– Hunt, não fale isso – York pede dando um longo suspiro.

– Falo sim! O papai só deixou a minha mãe triste a vida inteira, ninguém é feliz por conta dele, e agora a mamãe está feliz, eu tô feliz – engulo um seco, sabendo que uma raiva estará crescendo dentro do meu irmão.

– Olha só o que você fez – ele aponta o dedo em minha direção – parabéns por transformar o Ethan em um monstro.

– York, não é assim – Michigan interfere, abaixando o dedo do nosso irmão – Hunter é uma criança e não é justo você distorcer o que ele sente.

– É justo ele achar que seu pai estragou a vida de todos nós? – uma veia salta no pescoço dele – Ethan jamais perdoaria você por fazer Hunter pensar sobre isso.

– Não diga sobre Ethan! Você não sabe o que ele pensaria – retruco e meu irmão gargalha sem humor.

– Ele era meu melhor amigo, é claro que eu sei o que ele pensaria – os olhos dele atingem uma coloração avermelhada, acredito que os meus não estejam tão diferentes – ele era meu melhor amigo antes de ser seu namorado, pode ter certeza que eu conheci mais ele do que você.

– Não, você não o conhecia, porque ele jamais iria querer que você agisse assim com nós – afirmo apertando o ombro do meu filho, que sob hipótese nenhuma deveria estar escutando tudo isso – ele acharia você o pior irmão do mundo.

– O pior irmão do mundo? Eu nunca pude viver o meu luto de ter perdido meu melhor amigo, eu sempre estive ao seu lado, eu passei mais noites acordado cuidando do Hunter do que qualquer um de vocês, eu não vivi minha juventude, porque eu precisava ajudar você, eu nunca fui em festas universitárias, porque você nunca foi, eu nunca chorei na sua frente, porque eu precisava ser forte por você, porque eu precisava da minha irmã viva – minhas lágrimas caem sem parar pelos meus olhos – eu sacrifiquei tudo para estar ao seu lado, e cada dia que eu me levanto, eu me sinto culpado por estar vivo e o Ethan não, porque eu fui para a universidade e ele não. Você pode ter perdido o amor da sua vida, mas eu perdi a única pessoa que me entendia, que compartilhava dos mesmo sonhos que eu.

Meu irmão dá um passo para trás, em seguida encara seus próprios pés, contendo suas lágrimas. Michigan não está muito diferente de nós dois, pois é difícil para todos nós lembrarmos daquela época.

– Nem uma camisa de basquete do Ethan você deixou eu guardar, o Michigan tem a porra da camisa do Ethan do Atlanta Hawks, mas eu não tenho nada, porque você guarda tudo dentro de caixas! E eu nunca reclamei disso, nunca reclamei de ver você vivendo seu luto por 7 anos, mas quando eu quero, quando preciso viver isso, sou um idiota? Um péssimo irmão? Eu doei minha vida para você, Arizona, e a única coisa que te pedi na vida, você ignorou. Acho que quem é a péssima irmã, é você, e não eu.

– York – minha voz saí trêmula ao pronunciar seu nome.

– E quer saber de uma coisa, não foi a Eleonor que terminou comigo, ela nunca me mandou mensagem falando que não queria que eu fosse embora com ela, eu não quis ir, porque eu sabia que no momento que o Ethan morresse, eu tinha que estar ao seu lado, sendo sua base, lembrando que você precisava viver, eu abri mão da Eleonor, de Los Angeles, por você – abro minha boca chocada, sem acreditar em suas palavras – e todo mundo concordou em inventar aquela mentira para você, para proteger você! Porque, no fundo, ninguém ligava para os meus sentimentos, para o que eu sentia e ainda não ligam.

Lucky loser - livro 1 da trilogia Lucky Potter's Onde histórias criam vida. Descubra agora