Capítulo II

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Às 14:41, o relógio marcava o início de uma tarde que pairava carregada de tensão. O céu, antes azul sereno, agora se revestia de nuvens sombrias que anunciavam a iminência de uma tempestade. O vento soprava de maneira inquieta, balançando as folhas das árvores com uma melodia prenunciadora.

Nas ruas, as pessoas caminhavam apressadas, como se o próprio tempo estivesse acelerado. As sombras alongadas criavam um cenário de contrastes, refletindo o clima denso que se espalhava pela cidade. O zumbido constante da agitação era intercalado por raios de sol fugazes, que tentavam penetrar as nuvens, mas eram rapidamente encobertos.

Coraline, sentada em sua suntuosa sala, segurava a carta do Dr. James entre mãos trêmulas, cujo conteúdo lançava sombras de intriga sobre a mansão dos Durkheim. Seus olhos perscrutavam cada linha, enquanto a lareira lançava uma luz oscilante que dançava em sintonia com as chamas. A madeira antiga do móvel rangia levemente sob seus dedos, ecoando a tensão que crescia em seu interior.

Ao longo das palavras meticulosamente escolhidas, um véu de curiosidade envolvia Coraline. Sua mente era um labirinto de indagações, e a chama da inquietação ardia intensamente. A mansão, outrora imponente e silenciosa, agora parecia abrigar segredos prestes a serem revelados.

Os sentimentos de Coraline eram uma mistura complexa de ansiedade, determinação e, sobretudo, uma curiosidade voraz que a impelia a desvendar os mistérios que se escondiam por trás das paredes daquela casa. Cada palavra na carta do Dr. James era uma pista, um convite para desvendar a traição de Therese.

-Saia. Disse a voz imponente da matriarca da família a empregada que obedeceu de imediato.

Coraline irrompeu de sua cadeira com uma brutalidade palpável, ecoando pelos corredores como um trovão. Cada passo dos seus sapatos de salto ressoava no chão de madeira, marcando sua determinação impetuosa. Sua visão turva lutava para focar no caminho que percorria, enquanto sua mente fervilhava com a urgência de encontrar a garota.

Seus olhos varriam o ambiente em busca de qualquer vestígio de Therese. Chamava o nome da garota, sua voz reverberando pelos corredores como um apelo desesperado, mas o silêncio persistia, devolvendo apenas o eco vazio das paredes imponentes da mansão.

Cada centímetro do corredor parecia esticar-se diante dela, como se o próprio espaço conspirasse para prolongar a agonia da busca. O chiar dos sapatos contra o piso de madeira criava uma trilha sonora frenética, uma melodia de incerteza que se misturava ao pulsar acelerado de seu coração.

O desespero aumentava a cada passo, enquanto a atmosfera na mansão se densificava, como se o próprio ar estivesse impregnado com o suspense iminente. Coraline estava determinada, mas a incerteza do que encontraria ao dobrar cada esquina alimentava a ansiedade que a consumia, transformando aquele corredor em um labirinto de emoções intensas.

Girou a maçaneta e adentrou o quarto de Elise. A porta do quarto se abre com violência, batendo contra a parede com um estrondo que faz tremer os quadros pendurados. Coraline irrompe no cômodo, seus olhos faiscando de fúria e desespero.

Elise levanta a cabeça do livro que estava lendo, seus olhos azuis se arregalando com a figura tempestuosa da mãe a sua frente. A familiaridade do rosto de Coraline contrasta com a ferocidade em sua expressão, e Elise se sente encolher na cama involuntariamente buscando proteção.

-Onde ela está Elise? - Coraline exige, sua voz tensa como um fio prestes a arrebentar. -Diga-me onde está Therese!

Elise se senta na cama, a postura rígida e hesitante.

-Eu... eu não sei. - Ela mente, a voz baixa e preocupada. -O que aconteceu, mãe? Porque a senhora está assim?

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⏰ Last updated: Feb 26 ⏰

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