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Larissa

Na manhã seguinte eu acordei antes de Ohana, o dia ainda estava clareando, olhando no relógio percebi que acordei uma hora antes do meu horário habitual. Tentei dormir novamente, porém o sono não veio. Isso acontecia sempre que minha esposa e eu brigávamos, não era com tanta frequência.

Eu realmente estava chateada com ela, pode até parecer uma situação boba, besta, idiota, mas não para alguém como eu, ainda mais quando se estar planejando a férias em família durante meses, se frustrando com todas as tentativas, e quando pensei que ia dessa vez, com três dias para viagem Ohana vem com o papo de "Desculpa amor, mas a viagem vai ter que ser cancelada novamente".

O meu silêncio era o modo de lhe dar o gelo necessário, até que a "ferida" se feche. Mas sabia que isso não duraria muito, afinal eu ainda sou completamente besta por essa mulher. Os anos podem passar, mas tem certas coisas que não mudam.

Coloquei as coisas para fazer o café, logo recebendo Flora toda animada pulando em minha perna.

-Bom dia amor da mamãe. - fiz um carinho em sua orelha, e fui abrir a porta para que ela pudesse brincar um pouco lá fora. De início eu era contra a cadela dormir dentro de casa, ainda mais quando a peguei dormindo na cama com Lara, mas Ohana e Lara acabaram me convencendo que estava tudo bem da filha de quatro patas ficar dentro de casa.

Aproveitei para abrir a portinha do celeiro do Bob, deixando ao seu critério sair ou não sair. Ele e flora se davam super bem, isso graças a insistência, advertências e obrigá-los a se amarem nas primeiras semanas de convivência.

-Flora cuida do irmão pra mamãe, mais tarde te darei um presente. - sorri colocando comida e água para os dois. Voltei para dentro de casa, precisava terminar de preparar o café da manhã das duas que em poucos minutos estariam em pé.

Apenas deixei que o lanche da escolinha pra Ohana fazer, ela gostava de fazer isso pela filha. E eu deixava, afinal ela também é a mãe. Coloquei tudo em cima da mesa, onde tinhamos uma ótima visão do nosso jardim. O jardim era uma obra linda de Ohana, com vazinhos feito a mão, plantinhas ali foram plantas por nós três, momentos simples que amávamos fazer, mas com o trabalho da loira consumindo o seu tempo, tem sido apenas eu e Lara mesma a cuidar de tudo.

-Bom dia! - Escuto a voz sonolenta da minha esposa.

-Bom dia, mamã! - a voz da minha filha não estava diferente da loira. A bebê estava no colo de Ohana ,ainda dentro do seu pijama do Batman.

-Bom dia,meninas - deixei o leite ao lado dos pães e me aproximei para beijar a bochecha de Lara, apenas sorri para a loira que devolveu o sorriso.

-O beijinho da mamãe? - Lara cruzou os braços nos fazendo rir.

-Desculpa! - E sem jeito encostei os lábios na bochecha da minha esposa.

-Beijinhos de amor, mamã. - seu dedinho indicador bateu nos lábios da mãe.

-Lara?!- Ohana e eu dissemos em uníssono. Lara continuou com a carinha emburrada, braços cruzados. E conhecendo bem a minha cria, acabei fazendo o que ela me pediu. Selei os meus lábios com os da italiana. Aquilo não era um grande sacrifico para mim, longe disso, mas estávamos nos evitando nos últimos dias.

Minha bebê bateu palminhas animada nos fazendo rir. Essa menina era uma figura mesmo.

[...] Depois de fazermos o desjejum, eu subi com Lara para arrumá-la antes de sairmos. A menina entrava dez pras oito na pré-escola, e eu as oito e quinze no trabalho, o horário batia certinho, pois sempre chegava a tempo no trabalho.

Depois de finalmente conseguir arrumar Lara, a pedi para que descesse com as suas coisas. Tomei um rápido banho, escovei os dentes, logo vestindo uma calça social, uma camiseta de bastões branca, e o meus saltos. Como estava sem muto tempo, apenas prendi meu cabelo em um coque arrumadinho e desci com a minha bolsa e algumas pastas do trabalho.

-Já podemos ir sementinha. - avisei entrando na sala. Lara, que estava sentada no sofá deu um pulo de susto, e claro que ela estava aprontando. Flora estava deitada ao seu lado enquanto a menina lhe dava banana na boca.

- Oh, ta ninita a Mamãezinha. -a carinha de pau disse me fazendo negar com a cabeça enquanto sorria. Bastava pegar ela aprontando pra logo vir um elogio, eu ou Ohana poderíamos estar extremamente cansadas, cabelo bagunçado, cara amassada que Lara soltava uma dessas.

-Obrigada, mas já falamos sobre dar comida pra flora. -beijei sua testa. -Ohana, já estamos de saída.

Caminhei até a cozinha, Ohana colocou o lanche da bebê dentro de sua lancheira e me entregou. Agradeci, mesmo com dor no coração dei as costas para a minha esposa, pedi para que Lara se despedisse da outra mãe enquanto eu a esperava no carro.

-Mamã?! -Lara me chamou enquanto eu a ajudava a se sentar em seu banquinho.

- Oi.

- A mamãe, ta tiste. -a olhei, sua carinha estava contorcida em uma carinha chateada, seus olhinhos (que tanto me lembravam Ohana ) úmidos.

-Ela te disse isso? -perguntei realmente interessada. Lara assentiu retirando uma mecha de cabelo do rosto. -Depois a mamã conversa com ela está bem?

-Vai dar beijinhos pa sala?

- Sim. Agora tente não pensar mais nisso, ok? Gosto de te ver sorrindo.- faço cócegas em sua barriguinha a fazendo se contorcer de tanto rir. -essa é a minha menina.

Primeira coisa que fiz ao me sentar no volante, foi travar as portas e abrir um pouquinho os vidros para que entrasse um ar fresco no veículo. Durante o caminho até a escolinha, que não era muito longe de casa, minha filha não parava de tagarelar, mas eu não conseguia prestar muita atenção pois os meus pensamentos estavam em Ohana.

[...] Como todas as sexta-feiras, as coisas no escritório foram bem tranquilas. Consegui sair pra ver os prédios antes das onze da manhã, aproveitei que estava na rua e passei em uma loja de brinquedos para comprar um boneco que a dias minha filha está pedindo para mim.

Depois de voltar pro escritório, revisei alguns documentos importantes e envie para o meu chefe. Agora eu sou o braço direito dele, quando ele precisa viajar sou eu que fico como responsável por tudo. Muitos me olham torto, por ter subido tão rápido ali dentro. E dizem más línguas que apenas estou onde estou por no passado ter "namorado" com a filha do chefe, outros mais maldosos ainda dizem que Gal e eu somos amantes, o que acho um absurdo. Jamais desrespeitaria minha família, Gal foi uma pessoa importante na minha vida e ainda né, nos respeitamos acima de tudo, e respeitamos nossas parceiras.

Às três em ponto estava eu deixando o prédio para trás. Antes de ligar o carro, peguei meu celular que vibrava em minha bolsa, vendo duas ligações de Ohana perdida ali. Retornei, no primeiro toque a loira atendeu.

- Oi -disse eu assim que ela atendeu.

-Oi, já saiu do trabalho?

- Saindo agora, porque? -encaixei o telefone no aparelhinho pendurado no painel e coloquei no viva-voz.

-Eu sei que você não gosta, mas... -já comecei a revirar os olhos imaginando o que viria pela frente. -passa no mercado pra mim, por favor?

-Ohana você sabe que-

- Sim eu sei que odeia ir ao mercado, ainda mais as sextas, mas poxa Ohana, a Sementinha me pediu pra fazer bolo de chocolate, e não tem massa em casa, e nem a barra de chocolate.

Fiquei em silêncio saindo do estacionamento, a mesma me chamou por causa do silêncio.

- Mas não da pra você passar quando sair daí? -Eu realmente não gostava de mercados, isso vem de anos. -o Walmart é seu caminho.

- Estou te pedindo apenas um favor. -ficamos em silêncio. -Vai passar ou não?

- Passo, vai querer só isso? Sabe que depois não volto mais.

-Vou te mandar uma lista pelo WhatsApp, ta bom? -assenti,mas logo me lembrei que ela não podia me ver.

- Tá. Só não me mande fazer compras. -buzinei pra moto que me cortou quando eu ia fazer a curva. -Vou desligar senão vou passar por cima de um barbeiro. Tchau, te vejo em casa.

- Obrigada, tchau. -e assim ela encerrou a ligação. Foi estranho, sem um amor, bella, vida, te amo. Isso tudo era uma merda sem fim.

I Love My Best Friends - Segunda Temporada Where stories live. Discover now