— Por que não se mudaram?
— Para onde, Ayvanna? Não tínhamos boas condições igual sua família.
— Acha que virar traficante foi a melhor decisão?
— Não sou traficante.
— Não?
— Não.
Aya riu com desdém.
Spooky foi até a geladeira pegar uma cerveja, encostou no rack onde estava a TV e a olhou atentamente.— Você odiava tanto quanto eu.
— E eu odeio.
— Odeia tanto que estava casada com um?
Aya o olhou um pouco sem resposta para aquilo, ela apenas suspirou frustrada e passou a mão no rosto.
— Eu lembro o que você e sua família passaram com seu pai, eu lembro bem como ele era e o que ele fazia com você.
— Isso é importante agora?
— Eu odiava seu pai, eu odeio tudo que essa vida trás, isso não mudou por eu ter me apaixonado por um cara dessa vida.
Oscar soltou uma risada pelo nariz e bebeu sua cerveja.
— Não estou te julgando por ter se relacionado com um traficante, só acho que não cabe a você julgar o caminho que eu escolhi.
— Não estou te julgando, Spooky.
Ela apertou a almofada que estava em seu colo e desviou os olhos daquele olhar intenso que Spooky tinha sobre ela.
— Apesar de tanto tempo longe e sem se falar, me preocupo com você.
Ele não a respondeu
— Eu vi de perto como é essa vida, sei o quanto você perde.
— Eu e seu marido não somos iguais.
— Ex-marido.
Ele desferiu um olhar intencional e tentou não demonstrar gosto ao ouvir aquela correção.
— Te conheço desde pequeno, sei que não está feliz nesse meio. – se ajeitou no sofá e ficou de frente pra ele – Infelizmente não teve escolha e só tem que aceitar achando que é seu destino, mas não é.
— Você ficou fora por muito tempo, eu mudei, as coisas mudaram.
Ela o olhou atentamente, ela sabia que ele não era mais aquele menino bobo, ele cresceu e a vida teve seu lado ruim, sua história era só mais uma de vários que tiveram que entrar para o crime por causa de um acertos de contas, dívidas, proteger a família e tanto outros motivos que os faziam entrar em gangues e se matarem por uma causa que no fim não era sobre eles.
Aquela cidade estava quebrada, as pessoas tinham seu modo de O sistema era o inimigo da população. A população se matava entre si e o sistema os culpava por eles estarem tentando sobreviver com a única opção dada a eles
Ayvanna teve uma vida boa e longe, então não cabia a ela dizer algo.
Mas não poderíamos julgar sua preocupação e angústia, ela poderia não ter vivido na pele mas ver de perto como o crime acabava para os dois lados era terrível e doloroso.— E sua irmã?
— Longe disso tudo, assim que eu consegui me tornar o líder a mandei embora, longe dessa vida e dessa bagunça.
— Fico feliz que ela esteja longe disso.
Os dois se olharam por um longo tempo em silêncio.
— De qualquer forma, devo agradecer por ter cuidado de mim até agora.
— Está querendo voltar para lá?
— Preciso saber se Dominic está bem, é algo sobre mim.
— Talvez não goste da resposta.
Ayvanna encolheu os ombros e seus olhos lacrimejaram ao tocar no assunto, ficando na defensiva ela respirou pesadamente e se levantou do sofá.
— A onde está indo?
— Sou sua visita ou sua prisioneira, Spooky?
— Depende de como você deseja deixar a situação.
— Achei que estava fazendo isso por mim?
— E estou.
— Não me deixando saber como o pai da minha filha está?
— Vocês se divorciaram, ele nem se importou com a criança, acha mesmo que vale a pena se preocupar?
Ayvanna o encarou séria e antes que aquela discussão continuasse o choro da recém nascida ecoou pela casa.
— Tenho que ver minha filha. – antes dela sair da sala, Oscar segurou seu pulso e a puxou para mais perto – Spooky.
— Não posso deixar você ir atrás dele.
— Essa decisão não é sua.
— Acredite ou não, estou fazendo isso pelo seu bem e pelo bem dessa criança.
Ayvanna puxou seu braço bruscamente, olhando friamente uma última vez antes dela seguir seu caminho até o quarto da filha.
Havia uma confusão na mente da Ayvanna, era notório o quanto ela estava indecisa em ir ter notícias dos Santoros .
Mas agora não poderia pensar só nela, ela tinha acabado de ter a sua filha, não podia simplesmente cometer algo impulsivo; como os últimos acontecimentos.E não ter o apoio de quem estava cuidando dela era complicado, se o Oscar não aceitasse ela provavelmente não conseguiria sair da cidade.
Ayvanna parecia ser um imã para esse mundo, a todo lado que corria, voltava para o mesmo lugar.Oscar tinha seu plano, apesar de não concordar com o modo operante do Ibrahim, ele tinha seus motivos de querer Ayvanna e aquela criança com ele.
Era uma teia de mentiras e ambições onde nenhum imaginava como poderia acabar aquilo.
Existiam regras? Não; Mas existiam fraquezas, e talvez às traições eram o que deixaria tudo mais amargo e atraente naqueles laços tortos.Cada um tinha sua história, cada um tinha seus motivos e tudo aquilo acontecia enquanto uma pessoa tentava sobreviver no fogo cruzado.
Ela não pediu para está ali, ela não queria mas o destino talvez cometa erros do qual ele mesmo não tenha controle no final.Continua..
Uma dúvida :
Vocês preferem capítulos grandes ou pequenos/quebrados?
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Corações Em Guerra - 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝟭
Fanfiction𝙁𝙖𝙣𝙛𝙞𝙘 - Irei fazer esse projeto "fanfic ever" onde cada livro será um fanfic diferente com pessoas diferentes. Esse primeiro será com o Rio e o Oscar, será lançado um capítulo por mês (se eu conseguir). Cada comentário, elogios, críticas, vot...
Capítulo 𝐕𝐈𝐈𝐈
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