Querido, Harry
Ainda me é estranho chamá-lo assim. Não sei se esta carta irá encontrá-lo, não conheço seu atual endereço, porém não podia deixar de escrevê-la. Estava inquieta em minha cama, olhava para os lados e nada de conseguir pregar os olhos.
As vezes divago durante o dia, olhando para porta minutos a fio, te imaginando entrar com eles, com...ela.
Sei que fui negligente, neguei a meu próprio sangue, mas eu não compreendia, além de está corrompida pela inveja, e o medo. Tinha medo de perdê-la. No fim acabei perdendo de qualquer jeito.
Sinto profunda tristeza de não ter participado de sua vida depois que fugiu com seu pai. Não recebi o convite do casamento, não soube de seu nascimento e nem da morte deles, até o momento que você foi deixado na minha porta.
Se pudesse voltar no passado faria diferente, te trataria diferente. Desculpe ser fraca, mas você era um lembrete constante do meu luto.
Então, querido, Harry, essa madrugada me peguei pensando em você. Por onde estaria, se está mais parecido com ela do que eu me lembrava, se está casado, se já possui uma família grande...
Pensamentos que me trouxeram um sentimento que reservava apenas para minha irmã...
Saudades.
Sim, sinto saudades do pequeno menininho de óculos que nunca tentava atrapalhar, fica quieto em seu canto, apesar dos maus tratos.
Espero que me perdoe um dia.
Saudades, Petúnia.
