Capítulo 27 - Coragem

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Clarkson balança a cabeça e volta a caminhar em círculos.

- Deixei-a ficar porque ela o manteve interessado. Você é meu principal recurso, não ela. Se perdemos você, perdemos tudo. E não me refiro apenas à morte. Se você não estiver comprometido com esta vida, se perder o foco, tudo isto vai desmoronar.

Silêncio se instaura na sala.

- Você está sofrendo uma lavagem cerebral! - diz o rei. - Você muda um pouco a cada dia. Essas garotas, esta mais do que as outras, são todas inúteis.

- Clarkson, talvez... - mamãe tenta opinar, mas com apenas um olhar, Clarkson a cala.

Ele se vira para Maxon de novo.

- Tenho uma proposta para você.

- Não estou interessado - retruca Maxon.

Clarkson levanta os braços, tentando mostrar não ser uma ameaça.

- Escute primeiro.

Maxon suspira.

- Essas garotas são um desastre. Mesmo os contatos da asiática não serviram para nada. A Dois é uma vadia que eu descobri estar tendo um caso com a vagabunda da sua irmã, - eu solto um suspiro de choque por ele ter dito isso na frente de America. Vejo que ela rapidamente vira a cabeça para me olhar, a expressão de completo choque e surpresa. Certamente precisaremos ter uma boa conversa com America para ela não contar absolutamente nada. Mamãe aperta minha mão. -, e a outra, bem, não é tão ruim, mas não é boa o suficiente se quer saber minha opinião. Esta - ele aponta o dedo para America. - perdeu qualquer valor que poderia ter por não saber se controlar. Tudo deu errado. E conheço você. Sei que teme perder alguma coisa, então escute o que eu tenho a dizer.

Clarkson agora ronda Maxon. 

- Vamos cancelar tudo. Vamos nos livrar de todas essas garotas.

Maxon abre a boca para protestar, mas Clarkson o interrompe antes mesmo dele falar.

- Minha intenção não é que você fique solteiro. Estou dizendo que ainda temos os registros de todas as garotas aptas no país. Não seria bom que você mesmo pudesse escolher um punhado de moças para virem ao palácio? Talvez encontre uma parecida com a filha do rei da França. Lembra-se de como gostava dela?

- Pai, não posso.

- Ah, pode. Você é o príncipe. E acho que já tivemos escândalos suficientes para saber que esse grupo não serve. Você poderia fazer a escolha de verdade dessa vez.

Maxon olha para o chão. 

- Isso poderia até apaziguar os rebeldes por um tempo. Pense nisso! - Clarkson acrescenta. - Se enviarmos essas moças para casa, esperarmos uns meses e depois trouxermos um novo grupo de mulheres adoráveis, educadas, bonitas... Isso poderia mudar muita coisa.

Maxon tenta falar, mas parece não encontrar palavras para dizer o que quer que esteja pensando.

- Em todo caso, você devia se perguntar se essa aí - o rei aponta para America novamente. - é alguém com quem deseja passar o resto da vida. Dramática, egoísta, gananciosa e, para ser bem honesto, muito simplória. Olhe para ela, filho.

Maxon olha para America.

- Você tem alguns dias. Por enquanto, é preciso lidar com a imprensa. Amberly. 

Vejo mamãe hesitar ir com Clarkson, ela lança um olhar para Maxon e para mim, um olhar culpado, como se estivesse pedindo perdão, e então ela enrosca seu braço no dele e sai da sala. 

Eu viro para America antes de sair.

- Podemos conversar mais depois sobre o que ele disse. - eu digo. -  Mas, por favor, não conte nada para ninguém. - eu olho para ela desesperadamente.

Mesmo com uma expressão quase que de humilhação, ela deixa os sentimentos de lado e me lança um sorriso de compaixão. Eu sorrio de volta, saio da sala e fecho a porta atrás de mim, deixando meu irmão e America a sós. 

O jantar é servido em meu quarto. Ninguém, nem mesmo Maxon e meus pais, come na sala de jantar. Depois de comer a sobremesa eu espero alguns minutos até sair do quarto para conversar com America.

Bato na porta do quarto dela e espero alguém abrir. Ouço uma voz dizendo para eu entrar. Abro a porta e logo vejo America e Maxon sentados na cama, os dois pareciam conversar, pelo menos antes de eu chegar. Fecho a porta e caminho em direção a eles.

- Ah, ótimo! É bom que você esteja aqui, Max. - eu digo. 

Eles obviamente sabem sobre o que quero conversar. Peço permissão para America para sentar na beira da cama. Assim que me sento eu suspiro antes de falar.

- Celeste e eu estamos há um tempo juntas. - começo pela parte que America já sabe. - Na verdade estamos noivas. - eu sorrio ao lembrar do dia em que pedi Celeste em noivado. 

America arregala os olhos, surpresa. - Então o anel que Celeste anda usando ultimamente não foi um presente de Maxon? 

Eu balanço a cabeça. - Não. Foi um presente meu. 

Vejo que ela parece mais aliviada, talvez estivesse sentindo ciúmes em ver Celeste com um anel tão caro e pensar ser um presente de Maxon. Ficamos em silêncio por alguns segundos antes de eu continuar a falar.

- Maxon, minha mãe e Clarkson sabem. - eu explico. - Provavelmente você deve se lembrar de uma noite em que eu saí da sala de jantar e ele veio atrás de mim segundos depois. 

Ela assente com a cabeça. 

- Meu pai bateu nela nesse dia. Não foi só um simples desentendimento. - Maxon diz. Não planejava contar essa parte para ela... Olho para Maxon com uma expressão de surpresa. - Kat, America sabe sobre o que ele fez comigo, não tem problema contar. - ele se refere ao fato de Clarkson ter agredido Maxon algumas vezes. 

Eu afirmo com a cabeça, mais aliviada em saber que America sabe guardar segredos. 

- O que você vai fazer? - America pergunta curiosamente.

Eu respiro fundo. - Por enquanto esconder isso tudo. Vamos deixar para planejar melhor assim que a Seleção acabar.

Então eu me levanto, pronta para ir embora. - Sei que já disse antes, mas quero reiterar que, por favor, não conte a ninguém. 

America sorri. - Prometo não contar. 

Me viro para Maxon. - E você, - digo, apontando o dedo para ele como se estivesse ameaçando. - trate de cuidar bem dela. - eu brinco.

Ele dá uma risadinha. - Sua noiva já me ameaçou hoje sobre isso.

E então eu logo saio do quarto, deixando os dois pombinhos sozinhos.



A Princesa de IlléaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora