RADIO| au pejao

Capitulo 2

Meus amigos nem sonham que conheço João, Malu provavelmente desconfia de algo, já que todas as vezes que ela fala do cantor eu mudo de humor, mas Nanam nunca percebeu e eu agradeço muito isso. Não quero que eles parem de consumir algo que eles gostam por minha causa, e não quero reviver os melhores momentos de minha vida só para lembrar o quanto na merda eu to.

Me perco em meio aos meus pensamentos, olhando pra cada cantinho de meu apartamento e lembrando do cantor que nem percebo que já deu a hora que fora marcada por meus amigos e só sou trazido de volta para a realidade com os dois raios de sol (ironia inclusa) quase derrubando a porta de meu apartamento, o mesmo que foi casa para tantos momentos incríveis, como nossas noites no sofá vendo premiações aleatórias, horas e horas que se transformaram em dias escrevendo rascunhos de nosso amor, as noites viradas por simplesmente não querermos parar de falar, e momentos não tão bons, como brigas, discussões e muito choro que nos levou ao termino aquela noite no topo do prédio, aquela noite que ele me abandonou após dizer as palavras mais doidas. Quando ele terminou comigo ele foi embora me deixou com o apartamento vazio, não completamente, mas sem ele nada tinha cor ou brilho, (e com um jantar com meus amigos marcado para a noite seguinte), ele disse que não podia ficar lá, tinha muitas memórias, mas eu não consegui desapegar, essa é a única parte desse amor que não demorou em minha cabeça.

Percebo que mais uma vez fiquei preso em meus próprios pensamentos, quando sou interrompido por um toque na porta. Olho para Maria Luiza e Renan confuso já que me avisaram que só seriam eles dois, e vejo Malu pular de onde está sentada no sofá para abrir a porta. Olho para Renan perguntando com o olhar quem seria a pessoa na porta e ele me responde levantando os ombros dizendo que não sabe. Nos dois levantamos de nossos lugares e vemos Malu quase sufocando uma moca que, pelo que podia ver era de nossa idade, talvez um pouco mais nova. Quando finalmente minha amiga se solta da mulher em questão me deparo com uma linda jovem, nem tão alta nem tão baixa, mas eu sou maior que ela, ela e mais magra e muito bonita. Minha melhor amiga finalmente nota minha presença e se lembra que eu não conheço essa pessoa misteriosa que está parada em minha sala e diz: "Pedro, essa e a Tini, a gente se conheceu naquele show do Jão que eu fui ano passado e eu simplesmente me apaixonei pela garota e agora ela não pode mais me largar."

A menina recém mencionada chega em minha frente, seu perfume invade minhas narinas e com a mão estendida diz: "Oi! Prazer, meu nome é Martina, mas todos me chamam de Tini, de verdade me desculpa por invadir sua casa, Maria me disse que seria na casa dela." Ela me dá um sorriso tímido sem mostrar os dentes e continua em sua posição.

Chego mais perto da mesma e analiso melhor cada detalhe de seu rosto, seus olhos marrons com uma leve sombra do mesmo tom em cima e um delineado leve, seu nariz fino e pontudo e sua boca levemente cheia porém muito bonita com um batom vermelho. Ignorando sua mão que está em frente ao seu corpo, calmamente a abraço e apenas uns segundos depois a solto, e olhando em seus olhos digo: "Prazer, sou Pedro! Bem-vinda a minha humilde residência, me desculpe a bagunça, não estava esperando visitas hoje, mas sinta-se à vontade"