Ela pega a pelúcia do Olaf e agarra em seus braços, ainda com os olhos fixos na foto.

— Você fica feio sem barba. — ela sorri — Nem parece você, pai. Tá bem mais bonito agora.

— Eu fico lindo de todo jeito — digo e Daisy solta uma gargalhada

Os pássaros cantam mais alto, as árvores balançam com o vento que bate nelas.

Minha risada cessa um pouco, voltamos a ficar em silêncio.

— Queria ter conhecido a mamãe. — sua voz sai como um sussurro 

— Sua mãe está no seu coração, querida. — não consigo conter as lágrimas presas em meus olhos — Ela vive em você.

— Em você também. — a garota murmura

Daisy Miller não morreu no momento em que se afogou no lago, como pensávamos. Bem pelo contrário, ela resistiu em coma por oito meses. Os médicos tentaram de tudo para salvá-la, porém, quem conseguiu sobreviver foi o bebê em sua barriga.

Foi difícil passar por tudo aquilo apenas aos 16 anos de idade. Eu ainda tinha esperanças de que poderia ouvir a voz de Daisy novamente. Mas, quando descobri que ela havia morrido, minha vida acabou ali.

Foram terríveis dias de inverno, o frio intenso congelou meu coração. Meus sentimentos eram confusos demais para que eu pudesse entendê-los.

Permaneci em negação durante meses, não conseguia imaginar um mundo onde Daisy não respirasse mais, doía tanto.

O sol não brilhava, os pássaros não cantavam, o frio aumentava, todas as flores estavam mortas e eu sofria em silêncio. Ela levou consigo parte de mim também. O mundo inteiro parecia um pesadelo.

Quando soube que sua filha havia resistido, a tristeza se transformou em ódio. Acreditava que era uma grande injustiça da vida. Por que a criança que foi fruto de uma tragédia sobreviveu e Daisy não?

Mas só compreendi tudo quando a vi, pela primeira vez.

Eu renasci.

Renasci no momento em que vi seus olhinhos brilhantes buscando por algum rumo. Ninguém sabia quem era o pai, ninguém sabia de nada sobre a criança.

Contei a verdade apenas para tia Kate, sobre o que Daniell Miller foi capaz de fazer com a própria filha. Ele sairia da cadeia em 2035, mas acabou sendo espancado por alguns presos no mesmo ano em que entrou, ocasionando na sua morte.

Dessa forma, surgiu minha pequena e tão amada, Daisy Garcia.

Sei que não é minha filha, mas precisava de alguém. A criança não tinha culpa pelo o que aconteceu.

Tia Katherine concordou com minha ideia de assumir a criança, já que eu tinha um relacionamento com a garota. 

Cuido da pequena Daisy desde então, ela é como a mãe, apaixonada por patinação artística. Tem apenas oito anos e é tão boa que foi convocada para participar das olimpíadas.

— Papai, como a mamãe descobriu que gostava de você? — Day inclina a cabeça para me olhar — Sempre quis saber.

— Ah, meu bem. — solto uma gargalhada — Eu soube que amava sua mãe na primeira vez em que a vi. Mas ela, só descobriu que me amava depois de dar uns belos socos na minha cara.

Estação Inverno | Isaac García Where stories live. Discover now