Vi a guerra interna dentro dela, brigando entre aceitar e rejeitar.

— Azul. — disse, por fim.

Sorri para ela, indicando que ela fez a melhor escolha. Peguei em sua mão, fazendo-a encostar na pilastra. Fiz uma linha reta com o dedo, para mostrar onde deveria marcar. O azul da caneta marcou sua altura, a mesma de Nathan no ano passado.

Podia sentir seu olhar em mim e tive que me concentrar para não encará-la de volta. Aqueles olhos vinham me atormentando desde a primeira vez que os encarei. O castanho deles é intenso, hipnotizante. Voltei a caneta no lugar, sem sair de frente da Anastasia. Como um idiota, busquei seu olhar, querendo me perder ali.

Ela capturou o lábio inferior com os dentes como sempre fazia, praticamente implorando para eu beijá-la.

— O que aconteceu com você? — sua voz não passava de um sussurro.

Acho que ela percebeu a confusão estampada no meu rosto, porque logo se adiantou:

— Você não está sendo o egocêntrico de sempre. — sua resposta me tirou uma risada.

— O que? Está com saudades dos meus flertes?

Cheguei mais perto dela, e seus olhos se reviraram para mim.

— Estava tão bom para ser verdade...

Ri mais uma vez, não me afastando nem um centímetro quando respondi:

— Achei que você precisasse da minha parte legal hoje.

Achei que minhas palavras poderiam afastá-la, deixá-la com o pé atrás por eu estar tocando no assunto da briga com sua irmã. Mas ela fez o contrário.

— Obrigada, de verdade. — disse, olhando no fundo dos meus olhos.

— Quer ver uma coisa legal? — questionei, sentindo-me no dever de alegrá-la.

Ela balançou a cabeça em concordância. Peguei sua mão e a levei até onde o parapeito estava faltando. Ela olhou para baixo e, quando avistou o monte de feno lá embaixo, um sorriso travesso dançou em seus lábios.

— Juntos? — perguntei, não largando sua mão.

— Juntos. — concordou. — No três.

— Um, dois, três! — contamos juntos, então pulamos.

Quando nossas costas encostaram o feno, nos entreolhamos e explodimos em gargalhadas. A risada de Anastasia preencheu meus ouvidos, aquecendo meu peito com o som gostoso de ouvir.

— Isso foi incrível! — disse, o sorriso nunca deixando seu rosto.

Concordei, sentando-me para encará-la.

Ela estava olhando para o teto, seu peito descendo e subindo em uma velocidade frenética.

— Sabe — começou, um olhar nostálgico aparecendo. —, quando eu era mais nova, eu gostava de pular de penhascos.

Sua revelação me fez rir. Conseguia imaginar ela fazendo isso.

— Era libertador. E quando eu pousava na água, subia e pulava de novo. E de novo, e de novo. Até cansar.

— Por que você não pula mais? — perguntei, interessado pelo fim daquela história.

Ela suspirou, sentando-se também.

— Nem mesmo eu sei.

Aceitei sua mentira, sabendo que não era um tópico que ela falaria comigo. Sentindo o clima pesar, levantei-me e ofereci as mãos para ajudá-la.

𝐑𝐄𝐌𝐄𝐌𝐁𝐄𝐑 𝐌𝐄 ━ ᴹⁱⁿʰᵃ ᵛⁱᵈᵃ ᶜᵒᵐ ᵃ ᶠᵃᵐⁱ́ˡⁱᵃ ᵂᵃˡᵗᵉʳWhere stories live. Discover now