Take me to the finish line

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Narradora

As três tiveram um jantar divertido. Sempre conversando e respondendo às milhares de perguntas de Autora em relação ao Brasil e ao Rio de Janeiro. A pequena soltava uma pergunta atrás da outra, parecendo que as respostas recebidas nunca eram suficientes para ela.

Já no táxi, no caminho de volta para casa, Aurora adormeceu nos braços de Simone.

– Ela tá uma pilha de ansiedade. – Rosângela comentou ao perceber que a menina havia adormecido, sorrindo para Simone. – Tá parecendo a mãe dela.

– Somos duas ansiosas, porém nossa ansiedade agora é por razões diferentes. – Simone respondeu.

– Você sabe minha opinião quanto a esse retorno. – Rosângela falou. Ela já tinha dito inúmeras vezes para a fotógrafa que não valeria a pena retornar ao Rio de Janeiro, ainda mais nessa fase ótima em que estava a carreira dela.

– Eu sei, Janja, já até cansei de ouvir. – Simone respondeu impaciente. – Mas o Brasil é o único país que não fui expor meu trabalho. E além do mais, é a nossa casa. Eu me criei lá, quero que a minha filha tenha esse contato com a cultura do país.

– A Aurora está muito bem onde está. Pra mim você tá querendo...

– Não tou querendo nada, Rosângela, chega disso. – Simone falou um pouco alto, chamando não só a atenção do motorista, mas também de Isis.

– Mommy? – Aurora acordou chorosa.

– Tudo bem, meu amor, não é nada, já estamos chegando. - Simone deu um beijo na filha e voltou a fazer a pequena dormir.

Até chegarem ao apartamento, ninguém disse mais nada. A assistente pagou o taxista, enquanto a fotógrafa já subia com a filha nos braços.

Simone foi direto para seu quarto, e deitou a pequena em sua cama. Antes mesmo de terminar de arrumar a menina, Rosângela entrou em seu quarto.

– O pijama dela. – Entregou para Simone. – Desculpa, Simone, não queria brigar com você. Não hoje.

– Tudo bem, Janja, eu também ando nervosa demais essa semana.

A assistente se aproximou da fotógrafa e começou uma massagem em seus ombros, enquanto Simone trocava as roupas de Aurora.

– Eu sei, e por isso queria que você relaxasse um pouquinho hoje. – Rosângela sorriu. – Porque não vamos para a sala, bebemos um vinho. – Inclinou seu rosto e deu um beijo no pescoço da fotógrafa. Pôde sentir o corpo de Simone arrepiar.

– Não, Rosângela, hoje não. Amanhã temos que levantar cedo, terminar de juntar as coisas, viajamos à tarde esqueceu? – Simone chegou a cogitar a hipótese de se entregar mais uma vez aos carinhos de Rosângela, mas sempre que isso acontecia, a assistente se enchia de esperanças, esperanças que ela nunca conseguia atender.

– Não, eu não esqueci. – Janja respondeu decepcionada. – Mas posso dormir aqui? Minha cama já era, e o sofá não é confortável.

– Claro que pode, Janja. – Simone olhou para a assistente e sorriu.

Com um misto de ansiedade e exaustão, Simone deitou e abraçou a filha junto ao seu peito. Era assim que ela dormia com a pequena em sua cama. Próxima demais dela, a ponto de Simone poder ouvir seu coração bater. Afundou seu nariz nos cabelos de Aurora, e deixou o sono chegar até ela. Não viu quando, minutos depois, Rosângela chegou, e deitou no lado oposto da cama, cobrindo mãe e filha com um sereno beijo de boa noite.

(...)

Já não bastasse a terrível sessão que teve com Danielle, o dia de Soraya seguiu caótico. Seu mais novo emprego, tinha virado velho. Não precisavam mais de uma professora de inglês no cursinho. E como um cachorro velho demais para brincar com as crianças, Soraya perdeu o emprego.

BORN TO DIE | SIMORAYAWhere stories live. Discover now