You're worth

Capítulo único

Não foi por falta de amor que não demos certo.

Infelizmente, às vezes, quem você mais deseja que fique do seu lado tem que seguir seu próprio caminho e te deixar para trás. E eu entendia isso, entendia que Draco tinha sonhos e prioridades que iam muito além de mim, e entendia também que o amar significa deixá-lo livre para viver esses sonhos e sua vida, mesmo que eu não fizesse parte dela. 

Mesmo que não poder fazer parte dela me destrua e esmague meu coração.

Queríamos coisas diferentes, seguir para lugares diferentes, eu não poderia pedir para ele deixar de ir para a sua faculdade dos sonhos por minha causa, e ele sempre deixou claro que nunca gostaria de um namoro a distância.

Mas, se eu falasse que entender tudo isso faz com que doa menos, estaria mentindo. 

Porque dói, meu coração está dolorido, ele está partido, está machucado, está pequeno e apertado. Porque eu sou humano, e humanos amam e sofrem, e eu estou sofrendo por amar Draco, por não conseguir esquecê-lo.

E saber que terei que parar de me esconder em meu quarto e o encarar amanhã, e no resto dos dias até o final do ano letivo, não está ajudando. 

...

Eu não consegui dormir quase nada a noite, deve ser por isso que eu estava péssimo!

Duas semanas longe dele haviam acabado comigo, juntando isso e o fato de que eu não consegui dormir, o resultado é eu estar parecendo um zumbi.

Havia olheiras roxas e profundas embaixo dos meus olhos, meu cabelo estava grande e bagunçado já que eu não me preocupei em cortá-lo e para concluir eu estava pálido já que quase não sai de casa nessas duas semanas.

Peguei a primeira peça de roupa que achei e fui tomar um banho para tentar ficar pelo menos um pouco decente, não adiantou muito.

Juro que me esforcei, tentei me animar um pouco e me arrumar, afinal, queria aproveitar o restinho do meu último ano do ensino médio mas, eu não tinha forças, só conseguia pensar que iria ver ele mas não poderia beijá-lo ou o abraçar.

Eu não estava preparado para ver ele tão perto de mim mas ao mesmo tempo tão distante, não estava preparado para não poder falar com ele ou tocá-lo.

Não estou preparado para não poder amá-lo como antes.

Eu precisava dele, eu queria e ainda quero ele. Eu quero seus beijos, seus abraços, seus carinhos, quero seus olhos azuis direcionados na minha direção cheios de amor, quero nossas conversas sem sentido de madrugada, quero ouvir ele tocar pra mim nas nossas tardes no parque, quero nossas noites quentes onde eu adorava cada pedacinho do seu corpo e o preenchia. Eu quero que tudo volte a ser como era antes, mas como fazer isso, abrindo mão dos meus planos?

Universo, você me odeia, é isso? 

Quando cheguei na cozinha e vi meus pais e meus padrinhos preparando o café eu me senti péssimo, eles me olhavam com pena e preocupação, eu sempre odiei que se preocupasse comigo e que sentissem pena de mim.

Bom, acho que qualquer pessoa no mundo odeia que alguém sinta pena de si, porque vamos combinar, a que ponto deplorável eu devo ter chegado para me olharem com pena? 

Se eu tivesse alguma animação dentro de mim ela fugiu nesse momento. 

- Olá, querido. Como você está? - Minha mãe pergunta amorosa, sorri para tranquilizá-la, já havia preocupado muito nestas últimas semanas. 

Minha mãe sempre foi minha maior confidente, ela sabia do tamanho e da intensidade dos meus sentimentos por Draco, e também sabia da imensa dor que eu estava sentido por não estar com ele, porque foi ela quem me consolou, quem me segurou por horas em seu colo enquanto eu chorava de soluçar, desesperado para que aquela dor e aquele aperto no meu peito diminuíssem, foi ela quem massageou meu peito e acariciou meus cabelos quando achei que o ar ia me faltar, ela ficou comigo até eu finalmente pegar no sono quando já não havia mais lágrimas para chorar.