Capítulo único

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Eu me lembro como se fosse ontem do dia em que o conheci e, se eu fechasse os olhos, tenho certeza que conseguiria ver com clareza o exato momento em que ele entrou na sala de aula, conseguiria ver seu olhar apreensivo por trás da pose confiante e conseguiria ver o exato momento em que aqueles lindos olhinhos azuis acinzentados se voltaram na minha direção, lembro de pensar que eram os olhos mais intensos e bonitos que eu já havia visto  em toda a minha vida e, até hoje, continuam sendo.

Lembro de pensar em como ele era bonito e formoso, de analisar cada detalhe do seu rosto bem desenhado e do seu corpo que estava coberto por um moletom azul escuro que realçava seus olhos. Ele puxava as mangas desse moletom com seus dedos compridos em um ato claro de nervosismo.

Ele era, e ainda é, realmente, muito lindo.

Draco havia se transferido para a escola que eu estudava no meio do ano letivo no primeiro ano do ensino médio, então é compreensível ele ter ficado nervoso, mas ele não se deixou abalar, ergueu o queixo e se apresentou, logo se sentando no único lugar vago que era ao lado de Hermione e na minha frente.

Ele havia se mudado para nossa cidade depois da morte da sua mãe, o pai havia recebido uma oportunidade de emprego alguns meses depois que ficou viúvo e achou que seria uma boa oportunidade de recomeçarem.

Não demorou para ele estar enturmado em nosso grupo, sempre fomos muito receptivos e fizemos o máximo para o loiro se sentir confortável em nossa roda, ajudamos na sua adaptação na cidade e na escola, oferecemos nossa amizade e o trouxemos para nossa pequena família. 

Ele e Hermione rapidamente se entenderam, ela prometeu que o ajudaria a entrar no ritmo da escola e ele a ouviu falar sobre seus livros favoritos por minutos intermináveis, e quando menos percebemos Hermione o havia adotado como um irmão mais novo.

Ron e Blaise ficaram encantados por Draco no momento em que ele concordou em os ajudar a pregar uma pegadinha no professor mais odiado de Hogwarts.

Quando ele disse a Pansy que iria com ela fazer compras depois de ela passar o dia  implorando a todos para acompanhá-la, ele conquistou a última integrante do grupo.

Comigo ele nem precisou fazer esforço, porque eu fiquei encantado por aquele loiro antes de sequer ouvir sua voz pela primeira vez. Porque Draco é assim, ele tem uma luz em volta dele que atrai as pessoas e ele me atraiu apenas com aquelas lindas safiras que são os seus olhos.

Ele era, e ainda é, realmente encantador e logo havia se tornado mais um membro do quinteto de ouro, agora éramos um sexteto. O sexteto de ouro era inseparável.

Fazíamos tudo juntos, estudávamos, íamos a festas, piqueniques, nadar no lago perto da casa de Ron ou na piscina da casa de Draco, noites de jogos e filmes, choramos e rimos, e sem dúvida alguma esses foram os melhores dois anos da minha vida.

Claro, para a surpresa de ninguém, no meio de tudo isso eu fui me apaixonando por Draco cada dia um pouquinho mais, me apaixonando pelo seu jeito debochado, pelo jeito que ele misturava o francês e o inglês quando estava muito feliz ou nervoso ou estressado, pela sua voz que estranhamente sempre me acalma, pela sua risada e por cada detalhe, mania, qualidade ou defeito dele. E ele também se apaixonou por mim. 

Não foi difícil perceber e aceitar que havia me apaixonado por ele, não foi difícil me declarar para ele e não foi nem um pouco difícil ter tido ele ao meu lado nesse tempo. Na verdade, sempre foi muito fácil amá-lo.

Estar com Draco, ter tido a oportunidade de amá-lo e de ter tido ele do meu lado foi, com certeza, a melhor coisa da minha vida. Ele me fez tão bem, me fez rir, me deu prazer, me deu carinho, me deu amor, me deu confiança e respeito, me fez querer planejar uma vida toda do lado dele. E eu tenho certeza que ele sentiu o mesmo.

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