Nos olhos de Amaury, que a Diego lembravam o universo, pois somente ali conseguira ver um infinito de sentimentos e emoções profundas em seu tom escuro, Diego via o mesmo.


Naquela noite, fizeram amor e se permitiram a viver de aconchego, palavras foram ditas, mas promessas não foram feitas. Ao saírem pela manhã, após um beijo carinhoso e doloroso por um amor que não poderia ser vivido naquele momento, sussurram um ao outro um "eu te amo", este que era repetido toda vez que se encontravam e em cada mensagem que esporadicamente trocavam.


Mas tocarem nesse assunto? Nunca mais.

E agora estava ali. Havia concluído toda a sua agenda de shows e se preparava para sua primeira novela depois de tanto tempo focando apenas na sua Drag e em filmes para streaming. O convite viera diretamente de Felipe Herzog, aquele que dirigiu o casal de seu coração. Estava ali para contar a Amaury, e para vê-lo. Havia decidido agora focar mais na atuação e deixar a drag um pouco de lado a partir daquele momento.

Também veio ali pelos boatos.

Não havia conseguido ver a peça na estreia, estava gravando um filme nos Estados Unidos. À época, lembrou-se de mandar uma mensagem a Amaury desejando o tradicional "merda", e não procurou por informações extras, até porque, queria ver ao vivo.

Viu, em suas redes sociais, que fãs do antigo casal comentavam eufóricos o quanto o outro personagem, do dueto, parecia com Diego e com sua história.

Diego não pode acreditar, e ao aterrisar no Brasil, ainda em sua primeira noite no Rio de Janeiro, correu para ver o espetáculo.

Era um dueto. Em cena, um garoto mais baixo e loiro ocupava o lugar que um dia fora seu. Era feito em um único frame; tratava-se de uma história de amor homoafetiva de dois homens que o destino separou, por estarem em momentos diferentes da vida. Diego não pôde deixar de sentir as lágrimas descerem por várias cenas íntimas que pôde reconhecer.

Ao final, o espetáculo terminava com Amaury em um monólogo, informando que embora o amor não tenha se concluído, aquela sempre seria a história de amor mais linda que o personagem vivera, pois foi a história do maior amor que ele poderia ter.

E é aqui que chegamos a cena que se discorre.

Preso em seus desvaneios, Diego mantinha-se cabisbaixo pelas lembranças. Não havia sido reconhecido pelo seu disfarce e sinceramente achara que nem mesmo Amaury o reconhecera. Tentava tomar coragem em ir de encontro com o homem que apossara de seu coração 7 anos atrás, mas não tinha coragem o suficiente para tal. Estava tão absorto, que somente acordou de seu transe quando ouvira a voz que tanto sentiu falta ao seu lado.

— E você, piquitito? Não vai me comprimentar?

O susto foi tanto que Diego se recostou na cadeira, com as mãos no peito. Olhou para Amaury, agora ainda mais musculoso e a barba mais curta. Seus cachinhos, tomando tons grisalhos, caiam sobre a testa por estarem maiores.

— Como você sabia que eu tava aqui?

Disse sorrindo, não parava de analisar o outro, sentia falta de decorar cada detalhe.

Amaury se aproximou de Diego, uma mão foi para seu ombro no encosto da cadeira, trazendo-o para junto de si, em um abraço de lado, a outra pra sua coxa. Deixou um beijo singelo no topo de sua cabeça.
— Sua presença me chama como imã. Te notei no exato momento que chegou atrasado com a cabeça baixa.— sorriu, fungando seu cabelo. — gostou da peça?

O movimento era natural. O carinho ainda se fazia presente entre eles em todas as vezes que se viram nos últimos anos . A última vez havia sido há mais de um ano no aniversário de 80 anos de Tony Ramos.

O Amor Que Se Renova Where stories live. Discover now