Inefável

Capítulo vinte - nosso aniversário

Fechei os olhos, desejando que esse dia durasse para sempre, que Hunter fosse uma constância em minha vida, ao abri-los novamente, apenas a fumaça cintilava o ar acima do bolo, as velas apagadas.

— O que você pediu? — perguntei baixinho a Hunter.

— Não posso contar, se não, não se realiza.

Ele riu ao terminar de falar. Sério que ele faria suspense? Não acredito que não contaria para mim.

Sorte que estava vendado, pois também suspeitaria sobre eu ter feito um pedido, e como contaria que meu pedido era sobre ele.

Cortei o bolo e o primeiro pedaço foi para ele, a música já havia voltado a embalar o ambiente, as pessoas voltavam ao seu burburinho.

Era apenas eu e Hunter na mesa quando ele provou o bolo de nozes, seu maxilar travou no instante que sentiu o gosto.

Ficou por alguns segundos estático, voltando a mastigar devagar.

Ele largou o prato na mesa, usando as mãos para desfazer o nó da gravata, quando seus olhos foram revelados haviam lágrimas pendendo deles.

— É o bolo do qual te falei. Como? — ele parecia em choque.

— Chicago, mandei fazer na confeitaria de lá, a que seu avô gostava.

Ele experimentou mais um pedaço, fechando os olhos como se as lembranças golpeassem seu peito, mais lágrimas abriam caminho por suas bochechas.

Aproximei minha cadeira para ficar perto dele.

— Eu sei que não é a mesma coisa sem o seu avô, mas eu queria que você sentisse que ele sempre vai estar com você.

Hunter balançou a cabeça, sem conseguir dizer nada por causa das lágrimas.

Encostei minha testa em seu ombro, permitindo que ele desabasse em silêncio, ele fez tanto por mim que queria ser capaz de retribuir da mesma forma.

Ele entrelaçou sua mão na minha e depois levou até os lábios depositando um beijo.

— Esse bolo foi a melhor coisa que alguém já fez por mim, livrinho. Obrigado.

Sorri ao ouvir suas palavras. Levantei a cabeça para olhá-lo nos olhos.

— Você merece o melhor, Capitão.

Ele apertou minha mão de leve, soltando uma risada, percebendo o apelido que escolhi para ele. Pensei por muito tempo qual seria o melhor, as opções eram: convencido, irresistível, ou um grande gostoso, o último era extenso demais para ser dito em voz alta, ou em público.

— Está finalmente valorizando minhas qualidades, amor? — Hunter indagou ainda com um sorriso, a trilha de lágrimas secando sobre sua pele, ele recuperou o bom humor rápido, lembrei de quando ele disse que não poderia parar para ficar triste. Hunter Brooks sempre determinado a esconder-se. Notei o amor no final da sua frase, não era a primeira vez que ele se referia a mim assim. Acho que gostava muito mais desse apelido do que qualquer outro, mas seria cedo para admitir isso para ele.

Provavelmente minhas bochechas estavam vermelhas como tomates maduros, pois senti meu rosto esquentar.

Hunter abriu um sorrisinho travesso, aproximando-se de mim, sussurrou:

— Quando estivermos em casa prometo te recompensar pelas surpresas do dia!

Meu coração parecia querer pular do peito, os lábios dele quase encostando no lóbulo da minha orelha, o hálito quente causando arrepios em minha espinha, a voz um pouco rouca e aveludada ao mesmo tempo sexy e gentil, com certeza era o meu tom favorito. Minha boca perdeu toda a saliva, ele nem sequer se deu ao trabalho de me tocar e eu já estava sem ar e descompensada.