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Dias atuais

Andrew 

Saio da minha sala no departamento do FBI, e pego o elevador direto para o estacionamento subterrâneo. É sexta-feira, e tudo que preciso agora é de um banho relaxante e uma boa comida para encerrar a noite. Caminho pelo estacionamento até o sedan preto de luxo que está estacionado, entro no carro, ajusto o banco e dou a partida no motor. 

Enquanto dirijo pelas movimentadas ruas de Nova York, pondero sobre as tarefas do dia e as investigações em andamento, principalmente a nova linha de pistas que surgiram sobre o tráfico de crianças no distrito. Uma verdadeira bola de neve que provavelmente colocará muitas cabeças importantes na guilhotina. 

O trânsito está caótico, no entanto, minhas habilidades em navegar pelas ruas movimentadas de Nova York são lendárias. Devo isso aos vários anos em que me dediquei na área de investigação. Conheço cada rua e cada beco dessa cidade como se fossem o quintal da minha casa. 

Chego a minha residência algum tempo depois, uma elegante casa em estilo Tudor Revival, com telhado íngreme de madeira e tijolos vermelhos à vista, localizada no bairro Forest Hills, no Queens. O bairro é completamente arborizado e as residências são distantes uma das outras, o que é ótimo, pois me garante maior privacidade. 

Para o carro debaixo de uma árvore  e saio do veículo, olhando tudo à minha volta com cuidado, uma mania obrigatória que me habituei desde que me tornei um agente do FBI anos atrás. 

A casa da minha filha é a próxima, seguindo na mesma rua. Tudo está calmo e silencioso por lá, já que Angelina e Alexander decidiram viajar novamente com os filhos após a breve lua de mel no Brasil. 

Entro em casa e vou direto para o escritório. Deixo meus pertences em seus devidos lugares. O relógio sobre a mesa de trabalho, junto à pasta que contém informações importantes e que decidi trazer comigo do departamento de investigação. 

Suspiro fundo, analisando com cuidado toda a bagagem que carrego nas costas por ser o diretor do FBI New York Field Office, um dos escritórios de campo do FBI nos Estados Unidos. É um trabalho árduo e até doloroso, mas que faço com êxito e gosto. 

Saio do escritório e retorno à sala. Tiro o terno preto e deixo no encosto do sofá enquanto arregaço as mangas da camisa social e sigo até o bar para me servir de uma bebida forte. Sento-me de forma relaxada em uma poltrona, jogo a cabeça para trás e deixo minha mente vagar. 

Lembranças de uma cena recente surgem em minha mente. Faz cerca de três meses que Angelina se casou, o mesmo tempo em que vi sua amiga Kate pela primeira vez logo após a cerimônia na Igreja. No começo, fiquei impressionado com a cor azul intensa dos olhos da garota. Mas seu olhar não tinha vida, não brilhava, parecia morto. Aquilo me deixou completamente intrigado por um tempo, até que tive a oportunidade de conversar com Angelina sobre ela. O que eu soube em relação aos acontecimentos na vida de Kate, foi suficiente para querer guardar a garota em uma bolha protetora. Fiquei completamente atormentado com tudo que ela passou. Não conseguia assimilar aquela menina tão jovem e doce a todo terror que ela enfrentou no convento. 

Ainda agora, enquanto estou aqui sozinho com um copo de uísque na mão, a imagem dela se materializa na minha cabeça. O olhar de safiras completamente aterrorizado com a minha aproximação, os cabelos escuros e lisos que caiam sobre a pele tão clara quanto porcelana, a forma do corpo magro, escondido debaixo de roupas largas demais para ela. Alguma coisa nasceu dentro de mim naquele momento. Algo que eu não soube explicar e ainda não entendo. Só tive ímpetos de protegê-la de tudo, do mundo, das pessoas. 

MEU FEDERAL ( Spin-off do Best-seller PECADOR)Onde histórias criam vida. Descubra agora