Não estava realmente bravo por ela ter fugido ou por todas as peripécias que ela aprontava dentro de casa, era apenas uma gata afinal de contas.

Mas isso não o impediria de fazer seu drama básico e rotineiro dizendo que animais o odiavam e tampouco pararia com as piadas dizendo que venderia sua gata na próxima arte que ela se propusesse a fazer.

Na realidade amava sua pequena bola de pelos e tinha medo de que todo esse comportamento rebelde significasse que ela não havia se adaptado ao seu lar atual e tivesse que a doar para algum abrigo já que não conhecia ninguém que pudesse adotar um novo animal de estimação.

Agora, tinha ainda mais medo que algo acontecesse com ela nas ruas, por esse motivo corria atrás da pestinha de quatro patas com tanta pressa, tropeçando nos próprios calcanhares no caminho.

Em um desses tropeções acabou a perdendo de vista, e seu coração, que já estava acelerado, agora parecia que sairia pela boca.

Ergueu as mangas do moletom que usava e suspirou pesado, soltando alguns xingamentos e logo tomando um rumo aleatório que esperava ser o certo; estava andando pelas ruas gritando o nome da sua gata, contando com a sorte de encontrá-la.

[♡]

Joui escorou-se no batente da porta e ajeitou sua meia que estava o incomodando por estar com partes amontoadas de pano pressionadas pelo tênis.

Após fazer isso, disse um "daqui a pouco volto" para seus pais que estavam na cozinha, e saiu de casa.

Havia se mudado para uma cidade pequena com seus pais fazia algumas semanas, mas até então não tinha tido vontade de ir explorar o novo território.

Tudo que tinha feitos nesses últimos dias era ir para a escola — que não estava sendo exatamente uma experiência agradável, assim como para qualquer novato sem amigos e com dificuldades sociais —, e sair para o próprio quintal algumas vezes por ao dia, pelo único motivo de que os gatos do seu vizinho amavam pular o muro e invadir seu terreno.

Não reclamava disso, na verdade amava. Sempre foi apaixonado por animais, especialmente felinos.

Nunca pediu um ao seu pai pois sabia que ele era alérgico e não seria possível por mais boa vontade que ele tivesse. Então apenas aproveitava os momentos com os gatos fujões do seu vizinho.

Enquanto trocava mensagens com alguns amigos de sua cidade antiga, mencionou que estava desanimado com a mudança e eles, de alguma maneira desconhecida, conseguiram animar Joui e o convencer a dar ao menos uma volta pela cidade.

E era exatamente isso que estava fazendo agora.

Não conhecia a cidade e nem tinha contato com ninguém que morava lá, então achou melhor ir devagar, memorizando alguns pontos de referência no caminho.

Observava os comércios pequenos, os grupos de amigos andando entrosados pelas ruas. Em certo ponto até mesmo chegou a se distrair ao ver algumas crianças brincando em uma pracinha que possuía alguns brinquedos, como gangorras, escorregadores, balanços e brinquedos simples nesse estilo.

Gostava de crianças, seu peito apertou por um momento ao se lembrar de passar horas entretendo os priminhos dos seus amigos. Enquanto nenhum deles tinha paciência alguma, Joui se divertia horrores com os pequenos.

Mas a sensação indesejada não durou muito. Quando Joui olhou para baixo viu um gato cinza se esfregando no seu tornozelo e logo se derreteu por completo, se abaixando para fazer carinho no felino.

Os pelos eram macios apesar de completamente desgrenhados, e os olhos eram amarelados e grandes; no entanto, tinha uma cara brava, como se fosse grudar em seu rosto a qualquer momento. Mas Joui conseguiu o pegar no colo com facilidade — tinha jeito com animais afinal de contas.

— Você tá perdido gracinha? — perguntou ao gato, obviamente sabendo que não teria uma resposta. E percebeu algo em seguida — seria perdida, no caso, não? — riu de si mesmo e continuou fazendo carinho na gata.

Se perdeu no tempo por uns minutos enquanto estava brincando com a gata, até que começou a ouvir uma voz esganiçada gritar repetidas vezes a palavra "fumaça", e inicialmente ignorou, mas então percebeu a gata cinza reagir a voz. Olhou em direção a voz e olhou novamente para a felina.

— É sue done, neném? — a pegou no colo novamente e se levantou, andando em direção a pessoa com certa insegurança — com licença?

A figura se calou de imediato e virou em direção a Joui.

— Essa seria a "fumaça"?

Ê desconhecide o encarou dos pés à cabeça, parecendo desconfiade.

— ahn... — Joui resmungou, envergonhado com o olhar de outrem.

— Desculpa — a pessoa balançou a cabeça e pegou a Fumaça com cuidado — é ela sim, obrigado.

— Tudo bem — Na verdade não, não estava tudo bem, estava achando o cabeludo a sua frente um tanto estranho.

— Vem cá, ela não te arranhou? — perguntou, olhando chocado para a gata quieta como um anjo em seus próprios braços. Algo raro devemos assumir.

— O que? Não! — Joui soltou um risinho — Ela foi super mansinha na verdade, um anjo — se aproximou um pouquinho mais e se inclinou para baixo apenas para fazer um último cafuné na gata, logo se afastando.

— Caralho, sério? Ela costuma odiar gente nova; qualquer pessoa na verdade, ela odeia tudo e todos, essa demônia — falou fazendo carinho na barriga da gata, que logo se agitou e mordeu seus dedos — AI! olha só, 'tô falando mano!

— Digamos que eu tenho um jeitinho com animais 一 Joui respondeu rindo.

— Percebi. Mas tenho que ir agora, antes que a casa de ração feche, obrigado de novo, eu 'tava louco atrás dela.

— hum...na verdade — Joui lhe chamou a atenção — eu passei por lá hoje e eles já fecharam.

— Nem fodendo! Puta que pariu... — Fumaça miou, como se entendesse o que estava acontecendo — pois é sua corna, se você não comesse que nem um búfalo ainda teria ração lá em casa!

Enquanto o semi desconhecido brigava com sua gata, que resmungava de volta para si, Joui recebeu uma mensagem de sua mãe, que dizia "querido, o almoço está quase pronto, é melhor você voltar para casa para quando chegar a comida ainda estar quente!" e ele respondeu um "ok! Estou voltando" junto de um emoji de coração.

— Err...eu tenho que ir embora agora, mas meu vizinho tem vários gatos, então provavelmente tem ração sobrando ainda, eu posso pegar um pouco para você se quiser.

— Ah...pode ser, mas eu ficaria aqui esperando?

— Claro que não. É só você me passar seu número ou endereço que mais tarde eu te levo — sem resposta — Pensando agora isso parece muito suspeito, mas eu juro que não sou um serial killer.

— Isso é exatamente o que um serial killer diria.

— Se te tranquiliza, eu sou novo na cidade, não conheço nada nem ninguém aqui, além do meu vizinho, claro, mas nunca cheguei a trocar mais que um bom dia com ele. Então eu estaria sendo muito burro se eu fosse um serial killer.

A pessoa a sua frente soltou um ar pelo nariz, rindo um pouco, Joui riu junto, se perguntando como chegaram naquele assunto.

Fumaça miou alto e começou a mastigar e patinar o cabelo do dono.

— Tá bom, pode ser.

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NOTAS FINAIS

eu mesmo revisei então peço perdão se algum erro tiver escapado.

essa história foi postada até o terceiro capítulo no meu twitter, em um formato um pouco diferente, e agora resolvi adaptar algumas coisas para trazer para cá e para o meu spirit (risoto_)

aqui o link para a au no twitter (https://twitter.com/HE4VYHE4RTED/status/1325173496700235776) se tiverem interesse em ler por lá também :)

enfim, espero que tenham gostado desse comecinho, até a próxima <33 

SweetWhere stories live. Discover now