ASTÓRIA
Observei a aliança em minha mão enquanto minha mãe penteava meus cabelos. Em breve elas partiria, minha irmã e meu pai. Sobrando apenas eu e Draco naquela enorme mansão, provavelmente cada um vivendo a sua vdia separadamente. Não precisavámos nem dormir no mesmo quarto.
"Você está linda, meu amor!" A minha mãe sussurra e eu sorrio para ela atráves do reflexo do espelho. Seus lábios deitam sob meus cabelos antes de amarrá-los com um lindo laço branco, tal como um presente.
"Obrigada..." Digo hesitante. Sentia a garganta fechada por um nó e era ele que me impedia de desabar em lágrimas como um criança.
"Não vai ser tão ruim assim, Tóri. Pense no lado bom! Você vai viver bem, terá proteção pelo sobrenome Malfoy, seus filhos nunca sentirão falta de nada!" Seu rosto com poucas rugas sorria para mim enquanto discursava a favor do meu casamento. Eu sabia que era pelo meu bem todo aquela falação, afinal eu não conhecia o verdadeiro Malfoy. Ele poderia ser agressivo, rude, perigoso.
"Eu vou me acostumar com a ideia, mãe. Só preciso de um tempo, tá bem?" Seguro sua mão com leveza, dizendo aquilo mais para mim mesma do que para ela.
Escuto um barulho vindo da porta e quando viro o rosto deparo-me com a silhueta de minha irmã mais velha. Daphne parecia tão magoada quanto eu.
"Vou dar um tempinho pra vocês!" Mamãe sussurra antes de beijar meus cabelos e sair pela porta onde Daph entrara.
Ouço o som dos saltos de minha irmã e me coloco de pé. Daphne estava um pouco desalinhada, provavelmente bebera vinho demais e não se lembraria de tudo que fez naquela noite, mas eu sim.
"Enfim, casada senhora Malfoy!" Daphne exclama num tom arrastado enquanto se jogava num divã escuro. Ela coloca a mão sobre a cabeça e da uma risada.
Não respondi nada. Sabia o quão mal ela estava, afinal o correto seria ela se casar primeiro, mas Lucius não a aprovou devido a um jantar em que ela se excedeu. Eu notei cada olhar de pena direcionado a ela enquanto eu desfilava com o enorme vestido branco, percebi as senhoras mais velhas sussurrando enquanto ela se contentava com uma taça de vinho e flertes quase nada discretos com um primo de longa distância de Malfoy.
"Eu sei.. eu também não. Pensei que ficaria mais tempo solteira e daria a sorte de ser filha única um pouco." Respondi tentando quebrar o clima tenso. Sentia seus olhos claros me encarando como se quisesse pronunciar um avada e, sem bem sincera, eu preferia que ela o fizesse.
"Vai ser uma imagem muito bonita. Você vai parecer perfeita ao lado dele, Tóri. Com uma pose de boneca e um sorriso extremamente alinhado." Ela continuava murmurando. "Mas sabe muito bem que ele vai preferir beijar um elfo do que tocá-la, não é?"
A frase foi como um soco no estômago. Pra que aquilo agora?
"Não ligo. Não quero ser tocada por Malfoy." Respondo fria tal como o loiro fizera comigo durante a festa. Parecia que pertencer a família me dera o poder de escolher não sentir sentimentos.
"Sabe que quer sim. Ha! Até eu..." Daphne passa a mão pelos cabelos e joga a cabeça pra trás como se imaginasse coisas obscenas que eu prefira não tentar adivinhar o que era.
"Quer saber? Vai embora, Daphne. Volte quando estiver sóbria e sã." Retruco e recolho a escova de cabelo antes de abrir a porta para ela com a varinha.
A risada vinda dela me encolhe um pouco. É alta, cruel e escandalosa. Minha irmã mais velha pula para ficar de pé e caminha até mim, ficando a poucos centímetros de meu rosto. Sentia o cheiro adocicado e alcoólico do vinho, misturado com as rosas do jardim de Narcisa. O calor da raiva emanava seu corpo e ela me olhou profundamente.
"Sabe que era pra eu estar no seu lugar, não é?" Ela segura meu braço e levanta-o com uma força excomungal que me assusta. A pedra na minha aliança reluz por causa do fogo da lareira. "Essa maldita pedra que você odeia tanto é minha! Era pra ser eu!!!"
Sua voz estava alta e eu temia por alguém ouvir e visse aquela baderna. Não fazia nem doze horas que eu estava casada, não podia já ser alvo das fofocas.
"Você é só uma mimada que não tem noção do quanto isso é importante, Astoria!! Advinha só? Você NUNCA conseguiria ter esse privilégio se Lucius soubesse que você não estava com Lord Voldemort." Sua voz se sobressaiu e eu cobri a sua boca com a outra mão.
"Fica quieta, Daphne!" Seguro sua boca enquanto tava soltar a minha mão, porém no processo acabo me enrolando e caímos, as duas, no chão. Sinto o chão duro e gelado sob minhas costas e me seguro para não gritar alto com a minha irmã.
De repente, escuto ela rindo novamente. Dessa vez, num tom divertido mas levemente desesperado. Como se tivesse tomado conta do que havia acontecido, como se fossemos duas crianças e que aquilo era uma memória que traria risadas mais tarde, mas eu não me deixaria aquele momento se tornar divertido pra mim tão cedo.
"Eu..-me desculpe. Eu-.." Daphne murmura antes de balançar a cabeça parecendo que espantava pensamentos e ideias. Ela ficou de pé e saiu da sala, me deixando estirada no chão.
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𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐈𝐅𝐄 ||𝐃𝐑𝐀𝐒𝐓𝐎𝐑𝐈𝐀.
Romance𝐀pós a Segunda Guerra Bruxa, o sagrado vinte e oito entrou em crise. Por causa das mortes de comensais e prisões por crimes de Guerra a nova geração precisava criar herdeiros o mais rápido possível, se quisessem manter seu sangue precioso de maneir...
