Capítulo dezoito - uma mentira?

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Não sabia o que responder, ainda tentava entender como um sentimento tão leve carregava consigo tanto peso. O amor não deveria te machucar, ele servia para curar, mas o caso da Maeve era diferente, não era Jake que estava a machucando, mas sim o fato dele não saber o que ela sentia.

— Tudo bem, Eve. O amor é doloroso até quando não quer ser.

Ela fungou se afastando e limpando as lágrimas com o dorso da mão.

— Ele está saindo com alguém — informou desolada. — Depois do jogo dos meninos, durante a festa a conversa foi tão boa, ele me levou para casa, me mostrou as fotos da apresentação da Louise, na verdade eu fui em uma das apresentações de balé dela na semana passada, e então ele mudou.

Maeve me contou da apresentação e de como ela estava empolgada de fazer mais parte da vida de Jake, também revelou uma informação importante, Jake era melhor amigo do cunhado de Eve, a irmã dela se casou há menos de um ano, mas Maeve só foi conhecer Jake mais tarde quando sua irmã recebeu uma vaga de professora em uma das escolas da cidade, elas queriam ficar mais perto uma da outra, o cunhado de Maeve se formou com Jake, e pelo o que ela disse, sua irmã e marido são vizinhos de porta dele, depois que se mudaram para o mesmo prédio.

A proposta de trabalho veio depois da Eve alegar para irmã que queria uma vaga na qual fosse possível equilibrar com o estágio da faculdade de jornalismo e as aulas. Jake apareceu alguns dias depois com uma vaga disponível, e que se encaixava com os requisitos dela, provavelmente o cunhado de Maeve fez o favor de comentar com o amigo.

Segundo ela, nos domingos todos se juntavam para o almoço, Jake levava Louise e sempre ficava responsável pela sobremesa, o convite para apresentação saiu de um desses domingos, Maeve contou que ajudou a ajeitar o cabelo da garotinha de oito anos, e que elas se deram muito bem.

— Como sabe que ele está saindo com alguém?

Ela suspirou se encostando na mesa, fiz o mesmo.

— Na sexta, fui visitar minha irmã, quando estava indo embora Jake e eu pegamos o mesmo elevador, ele estava arrumado, não perguntei nada, mas ele decidiu informar mesmo assim, era um encontro arranjado pelo meu cunhado com uma colega do hospital onde ele trabalha, eu sei que ele está tentando ajudar o amigo, mas eu fiquei com muita raiva.

Esse foi o motivo do Jake atrasar para chegar no bar na sexta passada, ele geralmente era pontual o primeiro a chegar e o último a sair, com exceções de quando sofria algum imprevisto com Louise, mas chegou perto das onze naquela noite.

— Estou sendo idiota, não é? Ele não tem um compromisso comigo, acho que ele mal me vê além de funcionária e cunhada do melhor amigo dele.

Ela não estava sendo idiota, não havia nada de errado em se importar com as pessoas, sentir ciúmes de uma forma saúdavel, o fato dela priorizar a felicidade dele, fazia dela uma das melhores pessoas que conheço, mas ela também deveria pensar em si mesma, na sua própria felicidade.

— Eve, acho que deveria falar com ele, e se ele sentir o mesmo?

Ela brincava com o elástico de cabelo ao redor de seu pulso, pensando sobre o que acabei de falar. O olhar preso naquele ponto me fez pensar que esse era seu maior medo, ele corresponder o sentimento dela. Ela já imaginava um grande "não", e tinha ainda mais receio se viesse um "sim".

— Tem medo dele gostar de você também.

Maeve rapidamente olhou para mim, como se de alguma forma estivesse estampado na sua cara.

— Tenho medo de sair machucada. Nunca senti nada parecido antes, se ele corresponder, talvez seja meu fim.

O medo dela era racional, ser a pessoa que sentia mais, ser vulnerável, eu entendia tudo o que ela queria dizer, passei por isso com Scotty, mas não me arrependia, porque sentir as coisas fazia parte da existência humana, era a parte de estar vivo.

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