Capítulo 2 - Escândalo

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A dupla, constituída do cunhado e de seu pai, foi enxotada do prédio do hotel e logo ao serem jogados na entrada, viram as peças do celular todas espalhadas no chão. O cunhado recolheu os pedaços e dentre eles estava um cartão de memória e que ele comemorou muito que ele estava inteiro.
- Que alegria toda é essa? - indagou o mais velho
- O cartão de memória está inteiro. O computador tá lá no carro?
- Sim! Por quê?
- Preciso dele.
Os dois foram ao estacionamento onde estava o carro e aproveitaram para ir embora. Enquanto o pai dirigia, o cunhado ligou o notebook e encaixou o cartão de memória na entrada própria e o dispositivo foi reconhecido. Ele abriu e estava tudo lá, as fotos e os vídeos.
- Está tudo aqui!
- Que maravilha! - comemorou o pai - Agora acabamos com esse rico de merda!
- Mas, e a Ana Maria?
- Borramos o rosto dela! Mas isso precisa estar na internet no máximo na segunda.
- Vou providenciar. - respondeu o meu novo
- Vamos para o nosso hotel e faremos isso de lá.

***

As duas amigas, após horas de fofoca, dormiram bem e acordaram para aproveitar as últimas horas da hospedagem tomando um café daqueles.
Arrumaram suas bolsas e já deixaram tudo pronto para irem embora. Ambas queriam voltar cedo pois tinham que trabalhar no dia seguinte e o transporte nos domingos era péssimo. Desceram para o restaurante, pegaram a comida e enquanto se alimentavam, distraídas, uma pessoa veio falar com elas.
- Bom dia, senhoritas. Posso me sentar com vocês?
A amiga quase deu um pulo por causa do susto. Já Ana Maria apenas sorriu e cumprimentou de volta, respondendo sim à pergunta feita.
- Ele enlouqueceu né? Sentar com a gente? - a amiga perguntou
- Só quer ser simpático, uai.
- Fale por você, já que vocês né... Ontem né...
Ana Maria riu, constrangida, mas a outra não estava errada.
Ele pegou a comida e sentou-se ao lado da funcionária que não estranhava sua presença, resolveu inclusive puxar conversa:
- Gostaram da estadia no hotel? E da festa? - a segunda pergunta sendo direcionada para a amiga
- Bastante! - respondeu a amiga - Tomamos banho na praia, aproveitamos o spa do hotel, a comida também... Foi maravilhoso! E a festa, bem, foi animada!
- Animada? - rebateu Ana Maria - Mais que animada né?
- Para você também, Aninha! Não fui só eu que aproveitei a noite.
Ao ouvir a frase, o chefe se engasgou com a comida, tendo uma crise daquelas de tosse. Ele bateu algumas vezes no peito e Ana Maria deu uns tapas nas suas costas. Não demorou muito e a tosse passou. Ela brigou com a amiga:
- Você sabe que foi por culpa do meu cunhado né?
- Sei, eu sei, Aninha.
- Foram circunstâncias além do nosso controle. - o chefe complementou
- Não finjam que foi só por causa daquilo. - aprontou o garfo para a amiga
Os dois se olharam, pois não era mentira, eles só não queriam admitir.
- Será que podemos trocar de assunto, Lari? - Ana pediu
- E perder a chance de te ver constrangida? - riu de leve - Tudo bem, eu paro! E não se preocupem, não vou contar para ninguém o que aconteceu na noite passada.
- Agradeço a sua discrição. - o chefe agradeceu - Seria um escândalo e tanto!
- Mas seria pior para mim. - Ana completou
- Exatamente! - a amiga concordou - Então, isso morre entre nós três. - fez o símbolo de fechar a boca com os dedos, guardando segredo
Ficaram um tempo comendo em silêncio, até que o chefe puxou novamente:
- Como farão para voltar para suas casas? Vão chamar algum carro?
- Carro? - a amiga debochou - A gente nem tem dinheiro para isso.
- Vamos de transporte mesmo! Por isso vamos sair mais cedo.
- Quanto tempo isso leva?
- Uma hora e meia. - respondeu a amiga - De carro deve dar uns quarenta minutos. Só para você ter uma estimativa!
- Eu levo vocês! - ele declarou
- Não precisa! É do outro lado da cidade. - protestou Ana Maria
- Faço questão! Já que amanhã estarão na sede da empresa, devem chegar descansadas.
- Poxa, não vou recusar! Já que faz tanta questão! - a amiga soltou, sentindo um chutão de Ana na sequência - Ai!
- Por favor! - disse ele olhando para Ana - Para chegarem em segurança.
Ela apenas assentiu, concordando enfim.
Eles terminaram o café da manhã, fizeram o check-out do hotel e rumaram para o carro, logo pegando o caminho para o subúrbio da cidade, para as casas de Ana e Larissa. As bolsas estavam no porta-malas e elas foram guiando-o no trajeto. O grupo foi conversando brevemente no trajeto, falando sobre suas funções na empresa.
- É do setor contábil como a Ana, Larissa?
- Sim! Praticamente entramos juntas na empresa.
- Fazemos de tudo um pouco. - completou Ana
- Eu sei. É uma falha deste setor, porque certeza que vocês teriam capacidade para cuidar de mais coisas e sozinhas.
- Por isso que nós duas queremos alcançar uma promoção... Trocar de setor! - disse Lari
- E qual setor gostaria de ir? - indagou ele
- O desenvolvimento de produtos. - respondeu ela
- E você, Ana?
- Marketing. - sorriu
- Em breve devemos abrir um processo seletivo interno para tal. Sempre fazemos!
- Então iremos nos inscrever. - sorriu a amiga
Depois, a viagem para a zona menos turística da cidade seguiu apenas com comentários sobre como foi a festa, que provavelmente seriam os comentários da manhã seguinte, quando todos estariam de volta. Como dançaram, como beberam, como conversaram e riram.
Cerca de quarenta minutos de trajeto e Larissa foi deixada primeiro em sua casa. Se despediu da amiga e do chefe, entrando no condomínio onde fica seu apartamento.
- Esse condomínio não aparenta ser ruim. - soltou Dimas
- Isso porque você ainda não a ouviu falando sobre as coisas que acontecem aí. - riu
- Eu imagino! - riu de volta - E você, onde mora?
- Não é muito longe daqui e bem... Não é nenhum condomínio. É uma quitinete!
- Mostre o caminho.
Ana fez conforme ele solicitou e em menos de cinco minutos, eles estavam na frente do portão da pequena vila onde ela morava.
- É aqui?
- Sim! Obrigada a carona!
- Não tem de quê!
Ana Maria foi pegar sua bagagem na mala, porém com a quantidade de coisas que ganhou da festa - ainda mais porque foi a convidada de honra do CEO - acabou se estabanando para tirar, sofrendo com o peso. Essa situação chamou a atenção de Dimas, que desceu do banco do motorista e foi ajudá-la. Acabou que ele teve que carregar até o lado de dentro, pois realmente estava muito pesado.
A moça de óculos seguiu na frente e entrou numa das casas, passando por um pequeno corredor com algumas portas, parando na frente de uma delas e abrindo. Dimas estava atrás dela e deixou a bolsa pesada ao lado da porta, observando como o ambiente era pequeno. Ele tinha ideia de que as pessoas moravam em locais apertados, mas nunca vira com seus próprios olhos.
- O que foi? - Ana o tirou do devaneio
- É pequeno né?
- Um pouco! Mas, é só para mim e eu não sou tão espaçosa, então, até que funciona.
- Bom, eu já vou indo.
- Está bem! - olhou para baixo, tímida - Até mais ver!
Dimas sentiu um cheiro diferente no ar, dizendo que ela não queria que ele fosse embora. E ironicamente, ele também não queria.
- Tem certeza? - indagou - Não parece que quer que eu vá. Senão nem teria me chamado para entrar... Com a desculpa da mala!
- Eu... Eu... - Ana tentava encontrar as palavras
Dimas fechou a porta, trancando apenas eles dois no ambiente. Ficou olhando para aquela garota que conhecera da maneira mais inusitada no dia anterior. Ela parecia tão comum aos olhos de outras pessoas, mas, para ele, ela tinha algo de diferente. Talvez fosse realmente o cheiro que o atraiu, porém, as poucas horas que passara com ela já lhe mostraram um pouco de sua personalidade. Ela não ia falar, ele quem tinha que tomar uma atitude. E assim o fez, dando um beijo nela. Calma, tranquilo, como deveria ter sido na noite anterior. Quando os lábios se separaram, ela protestou:
- Não devia ter feito isso!
- Por quê?
- Agora mesmo é que não vou deixar você ir.
Ao terminar a frase, Ana simplesmente se jogou nos braços deles, emendando um beijo atrás do outro. Primeiro, os dois se atracaram no sofá da pequena sala e depois, precisando de mais espaço, se jogaram na cama que era bem ali do lado. Não havia metade da ferocidade, mas havia o dobro de desejo se comparado com a noite anterior.
As peças de roupas foram caindo e se espalhando pelo chão, arremessadas uma a uma. Logo estavam apenas de roupas íntimas. Dimas parou um segundo para observar Ana, que fazia o mesmo com ele. Estavam guardando aquele momento em suas memórias!
Dimas tirou os óculos de Ana e colocou-os na mesa de cabeceira, voltando a beijá-la logo em seguida, misturando ainda mais o seu cheiro com o dela, criando uma fragrância que ela nunca mais esqueceria.
Ana sentia os toques de Dimas em seu corpo como pequenos choques que percorriam por toda sua espinha. Ela ainda estava descobrindo como era se relacionar com alguém desta forma, ainda estava para descobrir sobre o que gostava ou não. Talvez ele fosse um bom guia para a tal descoberta.
Não demorou muito e logo eles estavam com respirações sincronizadas, fazendo a cama de madeira ranger ao arrastar no piso, sem esquecer da devida proteção dessa vez. A temperatura aumentava dentro daquele ambiente fechado. Eles atingiram o ápice, soltando gemidos baixos para que os vizinhos de parede não pudessem ouvir.
Terminaram esticados na cama, olhando para o teto, tentando recuperar o fôlego.
Dimas ainda ficou mais algumas horas na quitinete com Ana Maria, mas teve que voltar pois na manhã seguinte já viajaria a trabalho novamente.
- Espero que nos vejamos de novo. - ele disse antes de ir
Ana ficou sorridente, arrumando a bagunça que eles fizeram. Depois se preparou para descansar, pois o trabalho já voltava no próximo amanhecer, o que ela não sabia era que não seria mais uma manhã qualquer.


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