Capítulo 12 - O Torneio

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Uma fila de carruagens deixava o palácio nessa manhã, carregado de nobres das Altas Casas, o cortejo foi fortemente acompanhado por guardas nas laterais, malares sobrevoavam os céus, soldados faes a cavalo, os lobos da Guarda Real mantinham-se perto das carruagens, Aria viu dois brancos a ladear o lado esquerdo da sua carruagem pela janela, quase tão grandes como o garanhão negro em que montava Twyla, Novarin ladeava o outro lado da carruagem real, montado num garanhão castanho-claro, os dois de olhos atentos à multidão que se reunira para ver o cortejo passar.

Eu espreitava pela janela esperando poder ver mais da minha cidade, mais do meu povo, mas a minha tia disse-me que me endireitasse e ficasse quieta.

Íamos um pouco apertados, foram precisas duas carruagens para os Valaryan, Astraea insistiu, aparentemente ela não gostava de ficar muito tempo no mesmo espaço que o primo, Callan Valaryan.

Na nossa carruagem íamos os meus tios, eu e Aaron e Lira, Taran ia na carruagem atrás de nós com os pais.

Aria lembrava-se daquelas ruas mergulhadas em sangue, gritos e lágrimas, fumo e aço a brilhar a cada esquina. Mas a capital tinha recuperado, as ruas estavam limpas, as casas tinham sido recuperadas há muitos anos, as pessoas - humanos e faes - movimentavam-se pelas ruas atarefados com os seus afazeres, felizes, outros reuniam-se nas janelas das casas que ladeavam a rua principal para nos ver passar, outros saiam à rua e aglomeravam-se nos passeios.

As carruagens dirigiam-se para a parte sul da capital onde se encontrava a Arena de Darnaz, por milénios a Casa Valaryan organizaram ali torneios e campeonatos, por dez anos ficara fechada, mas agora ia ser novamente aberta para conhecer um novo campeão.

A construção era tão imensa que Aria conseguia vê-la da varanda do seu quarto no palácio, mas observar de perto era completamente diferente.

A arena era gigantesca, com lugar para cem mil pessoas, tinha mais de vinte metros de altura e quase mil metros em comprimento.

Era uma estrutura circular com dois lances de escadas de mármore que levavam até altas portas de aço e madeira da entrada.

Saímos à vez das carruagens, fortemente ladeados por formações de guardas até ao interior da arena, duas filas de soldados faes impediam as multidões de subirem as escadas. Aria queria virar-se, ver o rosto de cada um, mas a minha tia pousou-me uma mão nas costas impelindo-me a subir.

Andámos por alguns corredores antes de virar e subir uma escadaria que nos levou até uma varanda de pedra dourada oito cadeiras de costas altas dispostas umas ao lado das outras.

Acenamo-nos antes de nos sentarmos nos nossos respetivos lugares, observando a grande multidão que aplaudiu a nossa chegada, dezenas de milhares de plebeus já estavam nas primeiras cinco fileiras inferiores - faes e humanos - todos aqueles que podiam pagar a entrada.

Acima delas rodeando toda a arena havia uma fileira de varandas, com a dos Valaryan sendo a mais alta, elevando-se um metro acima das restantes varandas de pedra branca tal como o resto da arena, à exceção da nossa que era feita de pedra dourada, tal como possuía um toldo de seda cor de ouro, a joia da coroa.

As restantes varandas já estavam a ser ocupadas pelos restantes nobres das Altas Casas nas varandas mais próximas da família real, enquanto as que ficavam mais afastadas quase do outro lado da arena era onde estavam as famílias das Baixas Casas, as crianças e alguns veteranos, muitos membros das Baixas Casas iam competir pela honra de se juntarem à Guarda da Rainha.

As varandas brancas estavam decoradas no parapeito com os estandartes de cada Casa, havia cadeiras para todos os membros das famílias, com toldos coloridos para proteger do sol da manhã, mesas de fruta estavam nas varandas para que os nobres pudessem petiscar durante os combates.

A Herdeira Limitada (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now