Capítulo 10 - O Solstício

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Acordei muito antes do sol raiar nessa manhã. De facto, mal tinha conseguido dormir em antecipação pelos nervos do que me aguardava.

Elianne, Imara e Polly acordaram-me, felicitando-me pelo meu aniversário. Trouxeram-me um pequeno-almoço leve, chá e pão torrado.

Os nobres das Altas Casas tinham terminado de chegar no dia anterior, e Aria não foi autorizada a sair da Ala Real desde que a primeira Alta Casa chegou quatro dias antes, a sua tia recebera os convidados ela mesma, levantando momentaneamente o escudo para a sua entrada. Ela disse-nos que apenas seriamos revelados a todos no baile, no nosso máximo esplendor.

Enquanto eu comia, um grupo de quatro criadas que auxiliariam as minhas damas de companhia na minha preparação ocuparam a casa de banho, preparando o banho, os sais e óleos que seriam usados.

A casa de banho era grande, mas com sete pessoas lá dentro Aria sentia-se sufocada. As criadas humanas mantinham a cabeça baixa mexendo-se da sua fileira apenas quando uma das minhas damas de companhia lhes pedia que trouxessem alguma coisa.

Sais de amêndoa e lavanda foram colocados na água morna. Elianne e Imara lavaram-me a pele com sabão de leite e lírios, enquanto Polly me tratou dos cabelos lavando-os com essências de rosa e jasmim.

Eram longos, e apesar dos da minha família serem dourados como ouro, os meus eram um dourado baço, sem brilho, anos de envenenamento deixarem os fios do meu cabelo com uma cor esbatida e sem vida.

Sentia o meu coração aos pulos, pelos nervos, as janelas da casa de banho tinham as cortinas ainda fechadas, pois o sol ainda não tinha nascido, mas o espaço possuía tantas velas acesas que Aria diria que estavam a meio da tarde devido a tanta luz.

Enquanto o seu corpo repousava na água, Polly e Elianne secaram-lhe os cabelos e pentearam-nos, depois limparam-me o corpo e envolveram-me num roupão de seda cor de madrepérola.

Fui até ao meu quarto de vestir, o lugar tinha o triplo do tamanho da casa de banho, um largo tapete revestia o chão e as paredes eram roupeiros abertos, agora recentemente cheios devido aos estilistas contratados, ao fundo da sala havia um toucador com uma cadeira, ambos de madeira branca refinada, um espelho oval que descia desde o teto até ao chão, e de cada lado do toucador a parede era uma gigante estante cheia de prateleiras com colares e joias.

No lado esquerdo estavam dezenas de vestidos formais e ricamente decorados, com espaço ainda para outras dezenas que chegariam, se aquilo não era luxo a mais então Aria não sabia o que era, do lado direito eram os vestidos para todas as ocasiões restantes, os mais quentes, os mais leves, os confortáveis e uma pequena secção para fatos de treino, calças, camisas e botas.

O meu vestido estava num manequim de busto, num canto na sala, tapado com um comprido pano branco.

Sentei-me na cadeira do toucador e deixei que Elianne me tratasse do cabelo, enquanto Imara e Polly me tratavam da maquilhagem.

Pelo reflexo do espelho Aria via escovas, pentes, pincéis e pó.

Elianne prendeu algumas madeixas do seu cabelo atrás com ganchos de ouro e diamante, deixou o resto dos meus cabelos soltos caindo pelas costas, fazendo-os ficar ondulados em ondas definidas e longas. Uma maquilhagem leve foi feita no meu rosto por Imara e Polly, mas mais foi aplicada pelo meu pescoço e clavícula, num jogo de luz e sombra, para tornar mais discretos os ossos ainda salientes, apesar de ter comido bem nesse último mês e ter ganhado algum peso Aria ainda tinha um longo caminho pela frente antes de voltar a ser completamente saudável.

Polly removeu o pano branco, revelando o vestido, Aria ficou tão maravilhada ao vê-lo como da primeira vez que o fizera, era simplesmente deslumbrante. Possuía as cores Valaryan, camadas e camadas de tecido branco como a neve, milhares de pequenos diamantes e cristais do tamanho de gotas foram bordados em fios de ouro sobre os arabescos dourados das mesmas.

A Herdeira Limitada (DEGUSTAÇÃO) Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt