Capítulo 7 - Uma Surpresa Inesperada

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Estávamos a jantar no Pequeno Salão como de costume, a noite já tinha caído sobre a capital e o espaço era iluminado pelas dezenas de velas presentes nos dez candelabros de ouro iluminando a longa extensão da mesa de cristal, que tal como todos os dias estava coberta com uma toalha de linho verde-claro e circundada com cadeiras para mais de duzentas pessoas, as costas altas de madeira branca e almofadadas de veludo verde no encosto das costas e assento.

Arandelas de ouro acesas nas paredes iluminavam ainda mais o ambiente, uma entre cada duas janelas de cortinados verdes recolhidos e amarrados com cordas douradas. Lá fora a noite era escura, iluminada ao longe apenas pelas luzes da cidade, que se estendiam até ao horizonte como um mar de estrelas flutuantes.

A minha tia estava à cabeceira como de costume, vestida num vestido rico e com o diadema de ouro e diamantes lapidados sobre os cabelos dourados presos num régio e baixo coque.

Comíamos à cerca de meia hora em silêncio um estufado de coelho - o mesmo que eu matara nessa mesma tarde quando voltei a ser chamada apenas para a sala da morte.

Até por fim a minha tia cortar o silêncio.

- Aria, Aaron. - chamou-nos, e ambos levantámos a cabeça, encarando-a. - Como todos sabem o vosso décimo sétimo aniversário será dentro de um mês. - anunciou girando levemente o vinho dentro do seu copo. - Decidimos. - Olhando para o meu tio sentado à direita dela. - Fazer um baile em vossa honra e convidar todos os membros das Altas Casas. Quimeras estão a sobrevoar o céu neste momento com os convites. - declarou.

O meu queixo caiu e não tinha a certeza de estar a ouvir bem, sabia que Lira e Aaron estavam tão chocados como eu.

Os portões do palácio só se abriam em duas ocasiões nos últimos dez anos: para as patrulhas dos exércitos e para o carregamento anual dos Hastam.

- O que mudou? - perguntou Aaron completamente atónico ao meu lado.

- Vocês. - ela disse. - Vão atingir a idade de assumir mais responsabilidades do que já possuem.

Aria sentiu-se nervosa com essas palavras, o significado oculto por trás delas.

- Mais uma coisa. - acrescentou Astraea Valaryan com um esgar de descontentamento no rosto. - Vou chamar de novo os Valaryan do solar de verão para a capital.

- O Taran vai voltar!? - perguntou Lira com um sorriso no rosto e nem eu ou Aaron conseguimos deixar de sorrir também.

- Sim. - respondeu Astraea. - Vão todos voltar, definitivamente.

- Porquê agora? - perguntei.

A sua tia fulminou-me com o olhar.

- Esta família está dividida há muitos anos, temos de nos unir como um só em tempos de adversidade.

Astraea Valaryan obviamente não gostava daquele assunto, era do conhecimento de todos da antipatia de Astraea pelo seu primo direito - Callan Valaryan, o pai de Taran.

Callan estava no solar de verão dos Valaryan durante o ataque de Ilénia a Windfell, e não chegaram a tempo da batalha, em fúria a sua tia exilou-os para o solar de verão. Nenhum deles pisou na capital nos dez anos seguintes.

Os três eram muito próximos de Taran em crianças, ele era dois anos mais velho que Aria e Aaron, completara dezanove nesse ano, atingindo a maioridade.

Apesar de dez anos sem nos vermos todos trocávamos cartas com frequência.

- Por essa razão. - continuou a tia. - Quero que abram o baile os quatro, com uma dança, Aaron e Lira, e Aria e Taran. Não podemos deixar nenhuma dúvida às Altas Casas de que os Valaryan apresentam uma frente unida.

A Herdeira Limitada (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now