– Agora acho que ele foi com a minha cara.

– É claro, eu estava perto.

– Hum, sei. Mas, então, o que você faz de bom quando está aqui sozinha?

– Geralmente, fico vendo algum tipo de série, filmes, ouço músicas, e, nos finais de semana, saio com Lilian e com algumas outras amigas. – Me limitei a dizer.

– Legal, qual série você está vendo no momento?

– Dexter.

– É sobre o quê?

– Ah, se um dia eu desconfiar que você possa ser um serial killer, você irá saber. – Disse, olhando sério em seus olhos.

Rimos os dois.

Do nada Michael me beijou – ele estava ficando bom em me surpreender.

Michael começou a falar:

– Então, já que elevamos um degrau a respeito de nós dois, eu sinto que... – O interrompi.

– Opa, pera aí, como assim? Degrau, que história é essa? – Olhei espantada para ele.

– Posso terminar? – Ele disse, gargalhando.

Assenti com a cabeça, mas estava com medo do que estava por vir.

– Como estava dizendo, subindo esse degrau, acho que posso lhe fazer um pedido?

Ai, meu deus, o que será que Michael irá dizer? Me arrepiei toda, não sei se de felicidade, emoção, preocupação... ainda não sei.

– O que é, Michael? Você está me deixando apreensiva, fala logo. – Disse mais assustada que o normal.

Ele sorriu e disse:

– Então, acho que você poderia me passar seu celular, não acha? Acho que te conheço a um tempo razoável para pedi-lo, até porque você nunca fez questão de passar. – Ele falou, dando uma piscadinha pra mim.

Ufa! Era isso! Pensei que fosse outra coisa. e se fosse, sinceramente não saberia o quê e como responder.

– Ah, é isso! Sem problemas.

– O que você pensou que fosse?

– Nada, não. – Ele riu e me beijou na testa dizendo: – Eu sou difícil.

Foi quando Michael me perguntou outra coisa: – Tenho um segundo pedido.

Ixi, agora vem. se prepara, Valentina, que vem bomba pro seu lado!

– Que tal passar três dias em uma viagem comigo? Prometo que não vou tirar nenhum pedaço seu e vender pro mercado negro. Que tal?

– Como assim, Michael?

– Antes das festividades lá em Notre Ville, pensei em ir em Domerville, uma cidadezinha, e passar alguns dias lá. Não se sinta pressionada, mas só irei se você for comigo. – Ele fez uma cara triste. E continuou: – E eu quero muito ir, lá sabe?! – Simulou um choro. Michael era uma peça, imprevisível ao extremo, nunca sabia o que ele estava pensando.

Imediatamente gostei da sua ideia. Seria bom passar um tempo com Michael, longe dos afazeres da cidade, longe de tudo. Sei que está sendo tudo muito rápido, mas preciso disso. Estou em constante conflito com meu coração; a verdade é que quero encontrar um grande amor, só que não quero me iludir ou me apegar de uma forma que não seja recíproca.

Meu problema é o medo; receio que alguma coisa dê errado. Tenho que parar com isso, pois só conseguimos algo arriscando, independentemente do que seja.

– Fechado. – Eu disse.

Sabia que não tínhamos tempo a perder; o desejo brotava em meus olhos e nos de Michael também. Imediatamente começamos a nos beijar pra valer, e o clima esquentava em uma velocidade rápida, só que infelizmente o telefone de Michael tocou. No começo ele ficou em dúvida se iria atender ou não, mas, quando viu a tela do seu celular, imediatamente deu um pulo do sofá e falou que precisava atender.

Ele foi para o corredor, e dava para ver que estava meio preocupado. Não sei o que havia acontecido para que ele ficasse do jeito que ficou. Depois de desligar o telefone, veio um tanto quanto triste em minha direção, dizendo:

– Me desculpe, Valentina, mas terei de voltar agora para Notre Ville.

– O que aconteceu? – Perguntei preocupada.

– Problemas no hotel, sabe? Ainda mais agora que Katie não está lá. Ela sempre consegue resolver alguns problemas quando estou ausente, mas dessa vez terei de voltar lá. – Disse sem me fitar nos olhos.

– Tudo bem. – Assenti um tanto quanto triste com a situação da sua volta repentina.

– Mas a viagem está de pé, Valentina. Não se esqueça, viu?!

– Certo.

Nesse momento nos despedimos com um beijo rápido, e em pouco tempo vi Michael sair de casa e cantar pneu pela rua até Notre Ville.



Conte-me Seus SonhosWhere stories live. Discover now