Maeve sugeriu a festa, e Matthew parecia animado com a ideia, mas eu só pensava em Hunter e em sua resposta seca a minha mensagem.

Nem foi uma resposta, ele mandou um positivo, todo mundo sabe que esse tipo de emoji não quer dizer coisa boa.

Quer dizer: Tá bom, me deixa em paz.

Teria sido melhor se ele tivesse escrito isso, do que enviado um positivo.

Matthew o avisou sobre a festa e que nós já estávamos a caminho, e ele respondeu que passaria em casa antes e chegaria mais tarde. Ele escreveu palavras para o Matt e eu ganhei um positivo.

Um positivo, uma mãozinha azul com o polegar levantado.

Estava mais zangada com a mensagem do que com a falta de atenção à minha camiseta personalizada. Ele sorriu quando viu no primeiro momento, antes do jogo começar. E logo depois eu recebi só um positivo idiota.

Agora Maeve estava comendo um salgadinho de uma vasilha, sentada sobre o balcão da cozinha. Todos os cômodos estavam cheios de gente, a área externa bombando com o som alto de um DJ e o pessoal pulando na piscina. As grandes portas de vidro da cozinha nos davam uma visão privilegiada do lado de fora.

— Ele foi bem babaca para dizer a verdade — Maeve põe um punhado de doritos na boca e ofereceu a vasilha para que eu pegasse alguns. Peguei um pouco, não estava com fome, mas não queria ser uma estraga prazer. Não tinha muitos amigos no ensino médio, exatamente por esse motivo, nunca fui considerada divertida ou ousada. Scotty era o popular, sempre rodeado de amigos, e adorava festas, eu o acompanhava em algumas, mas sempre voltava para casa cedo, confiava tanto nele na época que nem me importava em deixá-lo sozinho para se divertir.

Olhando para trás, talvez tenha sido melhor assim, não éramos compatíveis, não tínhamos nada em comum, ele não entendia minhas dores e eu não entendia as dele.

Diferente de Hunter, com ele eu não fingia ser uma pessoa que eu não era, ontem a noite foi a primeira vez que falei em voz alta sobre a culpa que sentia. Não fazia com que desaparecesse, mas diminuía gradativamente o peso no meu coração.

"Não importa o que você pense, a culpa não foi sua."

Lembrando do que ele falou ontem, minha raiva da mensagem evaporou.

Mastiguei o salgadinho, limpando minha mão na calça.

— Ele quase nunca é babaca, então vou dar um desconto.

Minha resposta foi sincera. Hunter sempre foi uma das pessoas mais gentis que já conheci, havia algum motivo plausível para estar agindo assim.

Maeve concordou.

— Por que Jake não veio? — perguntei porque Eve foi a última a se despedir dele no estacionamento.

Ela tossiu quase se engasgando com o que tinha na boca.

— Ele disse que não tem mais idade para festas universitárias.

A voz dela sempre mudava quando falava sobre ele. Estava tão escancarado, Jake sentou ao lado dela na arquibancada, ele sabia o sabor preferido da pipoca e de como ela gostava do refrigerante com gelo e limão. No intervalo ele saiu para buscar o lanche e quando voltou trouxe tudo certinho mesmo sem ela mencionar, o jeito que ela olhou para ele foi como ver uma pessoa sair de uma caverna e ver o sol pela primeira vez em um bom tempo, se ela não era apaixonada por ele, eu tinha acabado de presenciar ela se apaixonando.

— Como sabia que eu gostava de pipoca doce e refrigerante com gelo e limão? — ele deu um meio sorriso, um pouco envergonhado por ela ter notado que ele havia acertado sem mesmo perguntar.

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