5 Segundos Pra Te Amar.

Prólogo

Narradora
Zurique
Domingo, 07:35

Ashley estava animada. Era domingo, seu dia preferido da semana. Ela saiu do seu quarto e foi direto para o quarto do seu pai, pulando em sua cama.

- Papai, papai, vamos, acorde, é domingo! - dizia eufórica.

Nathan abriu os olhos e olhou para aquela pequena criatura em cima dele, e ao seu lado estava sua esposa Natasha, nada feliz com a situação.

- Oh, pequena, que horas são? - falava com voz sonolenta.
- Não sei, papai, só sei que hoje é domingo - falava sorridente.

Natasha, que estava olhando tudo com um semblante nada agradável, se pronunciou.
- Isso são horas? São 07:35 da manhã - falou com raiva, levantando-se e saindo do quarto.

Ashley já estava acostumada com a chateação da mãe, por isso não se importou muito e voltou a falar.
- Vamos, papai, levante, eu quero ir ao parque. Não ache que eu me esqueci que o senhor me deve um sorvete - disse fazendo biquinho.
- Ok, mas se você não estiver pronta em 20 minutos, não vamos - falou, levantando-se.

Ashley saiu da cama pulando, correndo para o seu quarto. Pegou suas roupas e foi para o banheiro, saltitante e dançando, pois adorava todos os domingos, principalmente quando passava na companhia do pai. Ela se olhou no espelho.
- Nossa, estou horrível - falou olhando para o seu cabelo, que estava um ninho.
Ela estava se preparando para entrar no chuveiro, já que não queria tomar banho de água quente.
- Força, eu consigo - então abriu o chuveiro e entrou.
Nos primeiros 5 segundos, ela deu vários pulinhos, mas depois se acostumou com a frieza. Depois de terminar o seu banho, foi logo vestir sua roupa, enxugou os cabelos e passou a escova. Então desceu as escadas correndo. Nathan olhou para a filha ofegante e sorriu.
- Minha princesa está linda - falou, deixando as bochechas da menor avermelhadas por causa da timidez.
- Oh, papai, não é para tanto... - falou mexendo em suas mãos por causa do nervosismo e timidez.
- Claro que é, você é minha princesa - sorriu.
A menina apenas deu um sorriso gentil e pulou nos braços do pai.
- Então podemos ir, papai? - falou.
- Claro, pequena, mas antes precisamos falar com a mamãe, não acha? - ela apenas concordou com a cabeça, já que não era muito próxima da mãe e ela até sabia o porquê. Então os dois foram para a cozinha.

- Querida, estamos indo - falou, aproximando-se.
- Ok, meu amor - disse, forçando um sorriso e olhando para sua filha.
- Ich liebe dich - falou, beijando sua cabeça.
- Também te amo, Nathan - falou, afastando-se.

Ashley, por sua vez, sorriu para sua mãe, que nem mesmo olhou no rosto da filha. Então Ashley e seu pai foram para o carro, rumo ao destino chamado parque, o lugar favorito de Ashley. Colocou o cinto de segurança em sua filha e dirigiu-se ao volante. O caminho estava silencioso. Ashley estava olhando as paisagens passando. Então seu pai falou:
- Querida, um dia sua mãe vai lhe amar tanto quanto eu. Você sabe que não é sua culpa... - ela apenas ficou calada, porque não queria conversar sobre esse assunto. Nathan entendeu o que sua filha queria dizer com aquele silêncio e prosseguiu o caminho calado.

Chegando no parque, a menina deu um sorriso de orelha a orelha e começou a cantarolar ainda dentro do carro. Nathan, por sua vez, desceu, abriu a porta e tirou o cinto de segurança, pegando sua filha. Ashley estava tão feliz que nem Einstein poderia explicar a felicidade daquela menina. Então, pela primeira vez, ela se pronunciou:
- Meu sorvete, papai - falou.
- Oh, minha pequena, irei comprar, espere aqui - então ele a colocou sentada no banco da praça.
Ashley olhava as crianças se divertindo, mas teve um garoto que chamou a atenção dela. Ele tinha cabelos escuros, sardas, olhos azuis e um sorriso bonito. Parecia ter a mesma idade dela ou um ano mais velho. Ela não sabia quanto tempo ficou ali olhando para ele, mas só se deu conta quando seu pai chegou com o sorvete.
- Aqui, pequena, agora cuidado para não se sujar - ela deu um sorriso radiante e pegou o sorvete. Seu pai sentou-se ao lado dela, passando a mão nos cabelos de sua princesa. Ela estava crescendo rápido, parecia que foi ontem que a segurava nos braços como uma bebê chorona.
- Papai, papai - sua filha falou, tirando-o de seus pensamentos.
- Oi, princesa? - falou, olhando-a.
- Já terminei, posso ir brincar? - falou.
- Oh, já? Comeu tão rápido, mas sim, você pode ir - então Ashley foi brincar no balanço, enquanto seu pai olhava...

...

Nathan estava abrindo a porta da casa. Eles chegaram mais cedo do que o normal, então Nathan deixou Ashley dentro da casa e foi estacionar o carro. Ashley, então, foi para o quarto dos seus pais falar com sua mãe, que já tinha chegado. Mas quando chegou lá, ela viu um homem deitado na cama de seus pais, junto com sua mãe. Então, Nathasa percebeu que sua filha estava lá e pulou da cama, assustada, correndo para a porta.

Ashley saiu correndo para chamar o seu pai.
- Papai, papai! - disse correndo.
- Oh, o que aconteceu? Por que você está desse jeito? - perguntou em preocupação.
- Papai, tem um homem no seu quarto com a mamãe! - então o semblante de Nathan mudou. Ele estava assustado no início, pensando que sua filha estava brincando. Mas depois pegou Ashley e entrou na casa rapidamente, indo direto para o quarto.

Ele viu a cena que deixou o seu coração em pedaços. A mulher que ele confiava e amava estava com outro. Ele apenas soltou a sua filha e disse:
- Vá para o seu quarto, Ashley. - Ashley não disse nada e nem desobedeceu, apenas foi em silêncio para o seu quarto. Agora ela se sentia culpada, pois sabia que isso ia terminar em algo trágico.

Então ela escutou os gritos...

O que parecia durar uma eternidade acabou. Tudo ficou silencioso e ela escutou o carro do pai saindo. Ela foi correndo para a janela e viu seu pai indo embora.
- Por que papai foi embora? Ele vai me deixar. O que eu fiz? Será que eu errei? - Ashley pensava, já deixando uma lágrima cair. Ela escutou a porta do seu quarto ser aberta. Era sua mãe, que agora estava com semblante de tristeza e ódio.
- Sua peste, isso tudo é culpa sua! Se não fosse por sua causa, eu estaria feliz com o meu marido. Sem você, estaria sendo feliz com o Nathan, mas você tinha que vir e estragar tudo. Agora você conseguiu o que você queria, e eu estou separada do seu pai... - Natasha falou, se aproximando.
- Eu tenho nojo de você. Você só está viva hoje aqui por causa do seu pai. Eu queria abortar você, você nem deveria ter existido. - Ashley começou a soluçar, pois pensava que um dia sua mãe iria amá-la. Mas aquelas palavras quebraram o coração da menina em pedaços. Depois de ter dito tudo aquilo para Ashley, Natasha saiu do quarto.

Ashley, soluçando, deitou-se em sua cama. Depois de muito tempo, ela dormiu...

...

De manhã, Ashley acordou desanimada, triste, acabada. Ela então saiu do seu quarto e desceu as escadas. Ashley percebeu que sua mãe estava falando com alguém na porta. Ela viu que era o seu tio Dom e se aproximou aos poucos.
- Natasha... o carro do meu irmão foi encontrado e, infelizmente... - o coração de Ashley acelerou.
- O que? O que aconteceu com meu pai, tio Dom?! - perguntou em um grito.
- Ele... ele está morto, Ashley. - então a vista de Ashley escureceu, tudo ficou embaçado e a única coisa que ela se lembra é do tio dela se aproximando, pegando-a no braço e sua mãe chorando.

Ashley acordou em um lugar diferente. Parecia um... hospital? Ao seu lado, seu tio e sua mãe.
- O quê? O que aconteceu? - ela perguntou.
- Você desmaiou, Ashley - disse seu tio.

Então Ashley começou a se recordar do que aconteceu e lágrimas começaram a cair de seu rosto.
- Minha sobrinha... não chore, tudo no final vai ficar bem - tentou confortar seu tio.

Ashley pensou: "Não, não vai ficar", mas manteve isso para si.

Então, seu tio saiu, deixando a garota sozinha com a sua mãe.
- Isso tudo é culpa sua. Se você tivesse ficado quieta, ou melhor, se você não tivesse existido, nada disso estaria acontecendo - as palavras de sua mãe só fizeram Ashley chorar mais.
- Nojo de você, garota - Natasha saiu do quarto.

...

**3 dias depois**

Ashley estava vendo seu pai sendo sepultado. Ela estava perdida, sem seu pai. O que seria dela agora, sem ele? Agora, Ashley estava sozinha.
- Estou sozinha... Eu só tinha o meu pai e agora ele se foi - dizia em lágrimas.

Você está realmente sozinha, Ashley?