Any estava grudada na janela, seus olhos brilhavam e ela estava sorrindo de forma genuína. Eu não fazia ideia de como uma coisa simples para mim poderia ser tão incrível para ela. A observei involuntariamente por um bom tempo, até a voz do piloto soar no alto-falante anunciando que iríamos partir e que deveríamos colocar os cintos para a decolagem.
Quando já estávamos nas alturas, Any tirou o cinto e saiu de seu assento, levantando e começando a caminhar de um lado para o outro, observando cada coisa como uma criança curiosa. Eu ri assistindo a cena e parei de sorrir quando ela se sentou ao meu lado.
— Qual é a sensação de ser tão rico? — perguntou.
— Ah... Eu acho que... Normal?
— Eu deveria perguntar para a sua avó, ela sabe a diferença e você não. Você nasceu em berço de ouro.
— Tem visitado a minha avó, não é, Soares? — ergui a sobrancelha. — É estranho ela gostar de você. Ela não gosta de nenhuma das minhas assistentes.
— Talvez porque ela preferisse estar com o neto dela e não com uma substituta. No meu caso, eu sou muito mais interessante que você, então ela prefere a mim. — jogou os cabelos para trás.
— Você é tão irritante! — rolei os olhos e virei a cabeça para observar a janela.
— O doutor gosta de mim que eu sei. — riu.
Neguei com a cabeça a olhando de relance.
Any tirou seu celular do bolso e desbloqueou a tela.
— Ei, Siri, como está o clima em Washington?
Sorri sutilmente enquanto a observava. Ela era o tipo de pessoa que não maneirava com essa coisa de ter uma assistente virtual no celular. Eu ouvia ela fazendo perguntas aleatórias o tempo todo, até sobre as coisas mais bobas como "Siri, o que é um pendrive?" Ao mesmo tempo que tinha a energia de uma criança de cinco anos, ela também tinha o conhecimento tecnológico de uma senhora de oitenta. Isso me deixava curioso para saber que tipo de vida ela teve e o porquê de não conhecer coisas básicas do século XXI, mas eu não me atreveria a perguntar. A vida dos meus funcionários nunca foi importante para mim e não era agora que isso tinha que mudar.
Não saber nada sobre ela era uma maneira de manter a relação patrão/funcionário no nível mais neutro possível. O estranho era que mesmo não sabendo de onde Any veio, onde morava, seus hobby's e demais peculiaridades, eu ainda tinha aquela afeição esquisita crescendo dentro de mim. Às vezes eu nem a via como uma reles engrenagem da minha empresa. Era como se ela fosse uma amiga amoravelmente inconveniente e engraçada, o tipo de companhia que na maioria das vezes te faz querer arrancar os cabelos antes de te arrancar algumas risadas.
— Vai estar bem ensolarado hoje, eu vou querer dar um mergulho na piscina do hotel, caso o doutor não precise de mim, é claro. — seus olhos verdes vieram até os meus e eu me dei conta de que ainda a estava encarando.
— Eu acho que também vou nadar.
Sentimos um leve tremor no avião e rapidamente, de forma consciente ou não, Any colocou sua mão sobre a minha e apertou enquanto olhava para os lados. Eu travei, não por medo da pequena turbulência, mas porque o contato me deixou desconfortável.
— Estamos passando por uma nuvem densa, vocês vão sentir uma pequena turbulência, mas logo vai passar. — o piloto avisou.
— Eu não posso morrer... — ela sibilou com a voz trêmula.
— Você não vai morrer, é só uma turbulência, acontece o tempo todo. — arrastei minha mão para longe da dela.
Outro tremor, dessa vez um pouco mais forte.
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Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ
Fanfiction【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em algum momento. Any não pensava muito no que viria depois que seu coração parasse de bater, porque agora ele estava ocupado demais batendo fort...