Provavelmente eu não poderia contar nada para a Lia, afinal, os vivos não estavam prontos para saber o que acontece nos bastidores da morte, mas tentaria deixá-la tranquila e ciente de que não era loucura.
[•••]
Eu estava dez minutos atrasada e aquilo era o suficiente para Noah me dar um sermão. Assim que entrei em minha sala, notei a porta da sala dele aberta. Ele estava sentado em sua mesa e ergueu o olhar para mim assim que me notou. Ele havia deixado a porta aberta para me ver chegar? Merdinha controlador!
— Boa tarde, doutor Urrea! — o cumprimentei mesmo sabendo que ele não iria fazer o mesmo.
— Está atrasada.
— Parece que o Thor também não gosta muito de esquilos. — fui dizendo enquanto entrava na sala dele. — E eu estava distraída quando ele correu e me fez soltar a coleira. Corri por dois quarteirões para alcançá-lo.
— Veja pelo lado bom, você fez um pouco de exercício. — sorriu irônico.
— Talvez eu e meus amigos esquilos façamos um protesto contra o seu cão. — dei as costas, pronta para me retirar.
— Soares. — me chamou com o tom de voz firme. — Não vai me perguntar se eu preciso de algo?
— Ah, claro. O doutor precisa de algo? — sorri.
— Vai haver um evento financeiro em Washington depois de amanhã. Eles me convidaram há um mês, envie um e-mail para eles confirmando presença. — ele me ofereceu um envelope com o convite e o endereço de e-mail no final. — Confirme também a minha palestra de abertura.
— As pessoas te convidam com antecendência e o doutor só responde em cima da hora? — arqueei a sobrancelha.
— Assim eu os faço ficar ansiosos. — sorriu.
— Mais alguma coisa?
— Sim. Desmarque todos os meus compromissos para a próxima semana, já que estarei em Washington. Contate a minha governanta para o trabalho nos próximos dias, ela vai se encarregar de avisar aos outros funcionários que cuidarão da minha casa enquanto eu estiver fora.
— Ok.
— E por último, mas não menos importante: quando eu deixar você ficar na minha casa, não saia por aí bisbilhotando como uma fofoqueira. — sua voz ficou mais grave, mostrando sua crescente irritação.
— O-o que? — gaguejei, sentindo cada parte do meu corpo gelar.
— Eu tenho câmeras por toda parte e fiquei curioso em saber o que a minha assistente estaria fazendo sozinha na minha casa. — ele me olhava como se estivesse me desafiando.
— Desculpe... — desviei o olhar, constrangida.
— O que você estava procurando? — sua expressão mudou para desconfiado.
— Nada. Eu só sou muito curiosa. — menti.
— Às vezes parece que você é uma criança, Soares.
Não falei nada, apenas assenti devagar em resposta. Eu não estava certa nesse momento, então era melhor ficar calada para não piorar a minha situação.
— Agora pegue um café pra mim. — balançou a mão, me dispensando.
Eu estava com a mão sobre a maçaneta da porta quando ele disse:
— E sim, eu tenho sorte de ser gostoso. — agora sua voz parecia mais divertida e provocadora.
Meu rosto esquentou no mesmo instante e eu saí da sala depressa, batendo a porta atrás de mim. Ainda pude ouvir a risada dele lá dentro, feliz por ter me deixado constrangida.
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Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ
Fanfiction【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em algum momento. Any não pensava muito no que viria depois que seu coração parasse de bater, porque agora ele estava ocupado demais batendo fort...