Só então eu notei um outro botão que ficava atrás da máquina. Eu tinha que aperta-lo primeiro antes de acionar o botão do café. Mais uma cápsula e eu finalmente tinha a xícara cheia.

Retornei para a sala da presidência pisando firme, ainda mais puta e com mais vontade de mandar alguém ir fazer coisas sexuais consigo mesmo – leia-se "se foder" na linguagem politicamente correta da Mädchen. Eu estava torcendo pra que Noah não olhasse para mim e não dissesse nada quando eu entrasse, pois eu não estava com cabeça para ter papas na língua.

— Aqui está o seu café, doutor Urrea. — falei ao entrar na sala.

Diferente do que eu pensei que ele faria, Noah ergueu o olhar para mim. Talvez Heyoon não estivesse tão certa ao dizer que ele não olhava nos olhos das pessoas quando chegava pela manhã. Nos meus ele olhava o tempo todo.

Deixei o café sobre sua mesa e seu olhar caiu para os meus seios quando eu me curvei. Meu rosto esquentou no mesmo instante e eu tive vontade de sair correndo, morrendo de vergonha por estar toda suja de café e mostrando o sutiã preto de renda sexy demais para um dia de trabalho.

— Soares. — ele me chamou antes que eu alcançasse a porta.

— Sim? — girei em meus calcanhares para olhá-lo.

— Toda vez que eu for te pedir alguma coisa você vai voltar suja? — ele intercalava o olhar do meu rosto para os meus seios e usou o hábito de passar a língua entre os lábios quando seus olhos estavam embaixo. Aquilo foi uma pontada de desejo ou eu estava me iludindo demais?

— Eu não sei usar a cafeteira direito. Não lido bem com a tecnologia. — eu não lidava bem com a tecnologia dos anos 1970, que dirá a tecnologia atual.

Sua testa franziu em uma expressão curiosa.

— Você vivia no meio do mato lá no Nebraska?

Respirei fundo e pressionei meus dentes para não abrir a minha boca e dizer algo comprometedor. Forcei um sorriso claramente falso e coloquei a mão sobre a maçaneta da porta.

— Vou deixar o senhor, desculpe, doutor trabalhar agora.

Ele sorriu, mas foi um sorriso cínico e bem maldoso, mas... Porra, que sexy! Saí de lá antes que os suspiros involuntários começassem.

Atendi algumas ligações e passei as próximas horas anotando recados. Já que meu trabalho como secretária não havia começado definitivamente, o dia seria mais fácil, contanto que Noah continuasse a não me pedir nada.

— Presidência Urrea, bom dia. — falei ao atender a mais uma chamada.

— Oi, aqui é Marco Urrea, eu gostaria de falar com o meu filho.

Meu sorriso se abriu no mesmo momento. Eu adoraria fazer várias perguntas sobre sua vida, mas sabia que aquilo seria indevido naquele momento, ainda mais estando na empresa.

— Desculpe, senhor Urrea, o seu filho não quer falar com ninguém antes das dez da manhã. — mantive o profissionalismo.

— Típico. — riu. — São nove e cinquenta e oito. — Marco não me corrigiu por eu tê-lo chamado de "senhor" ao invés de "doutor", mesmo ele também tendo um PHD. Aquilo era curioso.

— Ele chegou de mal humor hoje. — expliquei.

— Ele está sempre de mal humor. — falou de forma divertida. Marco parecia ter uma energia muito diferente. — Você é a nova assistente e secretária, certo?

— Sim. Eu me chamo Any.

— Muito prazer, Any. Antes de mais nada, quero me desculpar pelas coisas que o Noah já fez e também pelas que ele vai fazer pra tornar a sua vida mais difícil.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora