20 - o vestido perfeito

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Sentada no tapete da minha sala de estar, tomando um suco de uva, acompanhado de pizza enquanto minha atenção esta totalmente focalizada no filme de romance que passa pela minha TV. Meu dia não poderia estar sendo perfeito, me sinto tranquila e feliz. Decidi reservar o meu sábado de descanso para mim mesma, pela primeira vez depois de muito tempo sem me preocupar com o trabalho ou com outras coisas que ameacem tirar minha paz

Neste momento meu celular toca anunciando a entrada de uma chama, respiro fundo desejando que não seja nada do trabalho e assim que vejo o nome da Sofi na tela, suspiro em alívio

oi oi — seu tom de voz é empolgado. Pego no travesseiro e o coloco sobre minhas pernas

– oi. Tudo bom?

melhor não poderia ficar, hoje é o grande dia — ela faz uma mini pausa enquanto eu a espero terminar, pelo que li no convite o casamento é só daqui a quatro semanas — eu vou escolher o meu vestido de casamento — explica

– aaah isso é incrível

e quero que você vá comigo

Arregalo os olhos surpresa

– o quê? Agora?

sim sua bobinha, me encontre no semáforo do Klood, irei te encontrar lá e a gente vai, pode ser?

pode ser sim — falo nem tão pouco animada, queria continuar assistindo o meu filme. Mas pensando por outra vertente, acho que pode ser divertido ajudar a Sofi a escolher o seu vestido para o casamento

Decido vencer toda a minha preguiça e vou até o quarto me trocar, depois de pronta abandono o meu apartamento e sigo caminhando até o cemaforo que não fica longe de minha residência, paro lá e dois minutos depois não demora até a Sofia sair de uma loja de flores do outro lado da estrada e vir caminhando na minha direção

– oi amiga — ela me dá um abraço apertado — me desculpa ter te ligado acima da hora, é que como estava aqui perto decidi te ligar e bom... não é divertido escolher seu próprio vestido sozinha — ela solta um sorriso amarelo e logo passa seu cabelo longo loiro para o lado

– tudo bem. Eu não estava fazendo nada importante mesmo

– que bom! Eu chamei um Uber, era suposto ele já estar aqui

– tá bem — ficamos ambas ali, por volta de quase 15 minutos a espera do Uber e nada de ele aparecer, a Sofia já estava começando a perder a paciência porque era nítido a ansiedade que ela tinha de escolher o seu vestido

– 14 minutos? É sério? — ela questiona olhando para as horas no seu relógio de pulso — Tem gente que precisa trabalhar, bom não eu, mas tem gente — ela coloca sua mão na cintura e olha de um lado e para o outro a procura de um táxi, era quase impossível ter que pegar um táxi neste horário da tarde

– podemos pegar um ônibus — idealizo

– o que é isso? Uma espécie de Uber? — ela pergunta. Eu solto uma risada achando que ela estava brincando, mas quando a vejo seria percebo que era mesmo uma pergunta

– transporte público — respondo confuso

– aaah sim. Eu só tava te zoando — ela sorri mas eu não fico nem tão pouco convicta. Um ônibus para na nossa frente e ambas subimos, a Sofia não faz a mínima ideia do que ela estava fazendo, o que me faz perceber que ela nunca tinha subido em um ônibus. Sério onde ela nasceu? Na realeza?

Assim que lá chegamos, descemos e fomos directo para uma loja de vestidos. Fomos bem atendidas pela recepcionista e ela nos deu algumas amostras de vestidos, fomos até o provador onde a Sofia começou a experimentar alguns vestidos enquanto eu dava a minha avaliação

– eu gostei desse — ela sai usando um vestido que aperta suas ancas e se solta lá em baixo, com uma ligeira elevação nos ombros. Faço uma cara de desgosto — ah não, você tá fazendo aquela cara de novo, você não gostou

– você é mais que isso Sofi

– eu não consigo achar um vestido, e além do mais, a minha barriga não facilita, acho que vou desistir — ela faz uma cara de triste e senta do meu lado

– nós vamos achar um vestido, você tá muito nervosa, precisa relaxar

– eu quero estar perfeita, o Antony merece isso

– o Antony te ama muito

Ela me olha com os olhos marejados

– eu gosto muito de você Julie, você é a única amiga que tenho. Bom...além da minha mãe

– você não tem amigas?!

Ela baixa o rosto receosa

– não. Na verdade... — ela respira fundo antes de começar a falar — eu cresci dentro de uma mansão enorme, rodeada de empregados e seguranças. Eu não poderia fazer o que queria porque sempre tinha alguém me vigiando, o meu avô era um homem muito grande. Era só eu, e os meus dois irmãos mais velhos — ela limpa suas lágrimas — eu não era muito apegada a um, sendo que o outro era o meu melhor amigo, ele me fazia sentir como uma garota normal. Ele era meu melhor amigo

.– aí meu Deus ele morreu?

– não — sorri fraco — aconteceu algumas coisas aí ele se afastou de todo mundo, tipo...todos, eu acho que ele não vai aparecer no meu casamento

– se ele te ama ele vai aparecer

– não, ele não é assim — ela sorri de forma forçada — É chato viver trancada sem poder ser você mesma, eu me sinto muito insegura, as vezes sinto que não sou boa o suficiente para o Antony

– jamais pense assim, eu estive com vocês só uma vez mas o vosso amor é de dar inveja

– ah — ela sorri — acho que são nervos antes do casamento, você entenderá quando for se casar

– Eu não me caso até que tenha uma mulher na presidência, acho que saberemos em breve né

– deixa de ser tão pessimista, você é maravilhosa

Solto uma risada e me levando indo até o monte de vestidos pendurados na vetrine.

– acho que encontramos o seu vestido — digo após minha mão pousar em vestido perfeitamente lindo e simples para a Sofia. Ela se levanta com um pingo de esperança em seu olhar e observa o vestido que agora está na minha mão

– ele...ele é perfeito

ele é perfeito

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