prólogo

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No sonho, Ellie andava sobre um piso impecavelmente branco. As paredes eram pintadas de cinza claro e a farta luminosidade dava ao corredor um ar hospitalar. No entanto, o lugar estava vazio. Ela podia ouvir algumas vozes ao longe, mas quanto mais andava, mais distante pareciam. Não via nada que denunciasse onde estava. Não havia placas ou papéis presos às paredes, somente o corredor infinitamente vazio.

Não se lembrava de como o sonho acabou naquele lugar, apenas sabia da vontade de encontrar quem quer que estivesse ali. Então começou a correr. Pelo que pareceu horas, suas botas provocavam estrondos ao colidirem com o chão. Ela podia ouvir o eco dos barulhos que se esticaram ao longo do corredor, mas não parou. Correu como se daquilo dependesse sua vida. Então as vozes ficaram mais altas e claras.

Porém, Ellie ainda não podia entender o que era dito, como se não falassem a mesma língua.

Logo a frente, o corredor fazia uma curva acentuada para a esquerda, ela se aproximou da parede cinza do lugar e caminhou um pouco lento demais para onde as vozes conversavam. Depois a curva, uma porta branca estava embutida nas paredes do corredor. Preenchia o espaço como uma parede intransponível. As vozes estavam logo depois dela. Ellie podia ouvir. Ela se aproximou da porta ainda mais devagar, havia um painel à sua esquerda.

Colocou seu ouvido sobre o metal frio, afim de entender o que diziam, mas a porta desapareceu dentro da parede, literalmente. Seu coração disparou quando uma mulher vestida com um jaleco branco surgiu no espaço onde estava a porta. Ellie ruborizou com vergonha por ser pega, no entanto, a mulher passou direto por ela. Nem sequer a olhou. 

A menina seguiu a mulher com os olhos até ela desaparecer depois da curva, então se virou para a porta, que ainda estava aberta. Um homem alto vestindo um terno azul-marinho, com os cabelos raspados e olhos tristes, também mirou a mulher até a curva no corredor.

O homem não pareceu notar Ellie do mesmo modo. Ela se apressou e entrou no cômodo após a porta, que se fechou atrás dela. Havia mesas com vários computadores espalhados como numa sala de aula, pessoas lotavam as mesmas, concentradas no que viam em suas telas.

O lugar era de um branco ainda mais claro que o corredor, chegava a doer os olhos. A garota deu alguns passos para dentro do laboratório sem janelas, as pessoas que estavam ali também não a viam caminhando pela sala enorme, passavam por ela sem sequer olhá-la. Ellie se perguntou se realmente encontrava-se ali, naquele lugar. Ou pelo menos, naquela realidade.

Mais à frente das máquinas modernas, existia um vidro separando a sala da outra, do qual se aproximou um pouco, ansiosa. O homem de terno estava parado de frente para ele, com as mãos para trás e olhava com pesar para o que quer que houvesse depois do vidro. Quando Ellie colocou-se ao seu lado, o homem suspirou.

- Está vendo? - disse com uma voz rouca. Ela se sobressaltou.

- Sim, senhor. - respondeu alguém atrás deles, a menina se virou para ver quem se aproximava dos dois. Um homem alto usando um jaleco branco se colocou ao lado de Ellie, por um momento.

Este homem tinha cabelos escuros como os dela e olhos negros escuros também como os dela. Ele usava óculos quadrados e suspirou olhando para além do vidro.

- A filha de nossa salvadora. - disse o homem de terno com a voz carregada. - Me lembre Joseph, por que fazemos isso mesmo?

Ele suspirou em resposta, mais uma vez.

- Ordens do Ministério, senhor. - o olhou pensativo. - Ordens daqueles que nos mantém vivos.

O homem de terno virou seus olhos para Joseph com culpa entre as emoções que haviam em seu olhar escuro.

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⏰ Last updated: Jul 05, 2023 ⏰

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Castelo de VidroWhere stories live. Discover now