Capítulo oito - Noite de karaokê

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Estava inclinada no balcão do bar esperando Jake preparar os drinks. Hunter ficou encarregado apenas de encher copos que conseguiria fazer apenas com um dos braços, como encher copos de tequila, cerveja, whiskey essas coisas, e ele estava se saindo bem, às vezes o flagrava sem a tipoia, alegando que estava o incomodando. Então nós discutimos sempre pela mesma razão. Mas hoje ele parecia estranho, distante, ele mal me dirigiu a palavra durante o percurso até o bar, ficou encarando a janela o tempo todo, nem sequer olhou para mim, saiu apressado da camionete.

Hunter não estava atrás do balcão, olhei para o salão mas não o encontrei.

— Onde está o Hunter? — perguntei para Jake que se concentrava em triturar um gelo. Ele deu de ombros.

— Deve estar nos fundos, vai atrás dele, você sabe o jeito que ele é.

Abri a divisória do balcão, empurrando as portas duplas da cozinha, encontrando Edward lavando alguns copos na pia.

— Você viu o Hunter? — ele balançou a cabeça indicando o depósito na porta esquerda.

Atravessei a cozinha andando até o depósito.

Hunter estava sem a tipoia tentando levantar um engradado de cervejas. Ele se assustou quando fechei a porta com força fazendo um estrondo.

— O que pensa que está fazendo? — ele revirou os olhos ao escutar minha pergunta.

— Estou fazendo o meu trabalho. — Hunter segurou na borda do engradado para levantá-lo. Caminhei até ele segurando seu pulso antes que ele fosse um idiota e deslocasse seu ombro novamente.

— Você está agindo como um babaca.

Ele soltou a caixa, olhando para mim com uma expressão séria.

— Você não é minha mãe que precisa ficar monitorando o filho rebelde.

Ainda estava segurando em seu pulso enquanto falava:

— Então não aja como um.

Hunter afastou minha mão de seu braço em um gesto gentil. Ele era gentil até quando estava frustrado.

Soltei um leve suspiro, tocando em seu peito, ele estava usando a camiseta do uniforme do bar, na cor azul marinho com seu nome bordado no lado esquerdo, Jake mandou fazer uma para mim também, mas por enquanto estava usando uma emprestada de Maeve, que tinha seu nome, então todo mundo estava começando a me chamar de Maeve também.

— Por que está agindo assim? — questionei, ele colocou a mão sobre a minha, olhando para mim profundamente.

— Estou me sentindo inútil, enquanto todo mundo está fazendo alguma tarefa tenho que ficar de lado sem poder ajudar em mais nada, não posso repor o estoque, não posso levar os engradados novos de bebidas, não posso lavar a louça e não posso fazer drinks mais complexos... — ele falava tão rápido que quase perdi o ar tentando acompanhar suas palavras, Hunter era o tipo de pessoa que recusava ajuda até quando precisava, que se sentia frustrado por não conseguir desenvolver as coisas que fazia diariamente, e a culpa era minha.

— Não é permanente, Hunter, só até você se recuperar, mais uma semana e você pode voltar ao normal aos poucos... — apontei para o engradado. — menos levantar peso, a não ser que você queira não voltar a jogar beisebol nunca mais.

Ele deu um suspiro longo, apoiando a testa na minha, ainda segurando uma das minhas mãos apoiada em seu peito.

— Você não precisa carregar o mundo nas costas — falei segurando seu rosto com minha mão livre. Apesar de passar bastante tempo com Hunter na última semana, não sabia muita coisa sobre a vida dele, ele não era muito de falar sobre sua família ou nada do tipo, Matt também não foi muito aberto a comentar do assunto, disse que quando Hunter estivesse pronto vai se abrir comigo.

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