Capítulo sete - Sorria mais

Mulai dari awal
                                    

— Só vou sossegar quando você estiver jogando de novo no time, até lá vou levar a culpa pelo o que acontecer com você a partir de agora.

Hunter abriu a boca para dizer, ou entrar em alguma discussão sobre não ser minha culpa, mas escancarei a porta da camionete saindo, antes de poder escutá-lo, a chuva tinha parado no meio tempo até chegarmos.

Hunter seria minha responsabilidade pelo menos até se recuperar, meus avós apesar de ausentes e distantes, sempre fizeram eu arcar com as consequências dos meus atos.

"Se você for mal em alguma coisa a culpa é sua, e não de outra pessoa, a culpa é sua por não ser boa o suficiente."

A voz de minha avó ressoava em minha cabeça, críticas e mais críticas, não haviam palavras de consolo ou acolhedoras, as consequências dos meus atos respingavam apenas em mim.

Minha missão era manter Hunter saudável e ajudá-lo a se recuperar da minha última escolha ruim, eu bati nele, eu causei a fratura em seu ombro, então as consequências também respingam em mim.

A camionete deu um estalo quando Hunter bateu a porta descendo na calçada, eu ainda estava de pé no lado oposto, mas fiz meus pés andarem até ele.

A fachada do bar era feita de tijolos a vista, perfeitamente dispostos na parede, uma grande placa ficava suspensa acima de nossas cabeças com letras em luzes neons formando Becca bar 's.

— Becca? — perguntei para Hunter curiosa sobre o nome do bar, pensei que seria algo mais genérico, geralmente os bares têm os nomes dos donos, e Hunter tinha mencionado por cima que seu chefe se chamava Jake.

— Era a esposa do Jake, ela se chamava Rebecca, mas todo mundo reduzia seu nome a Becca. — ele fez uma pausa, como se procurasse as palavras certas. — Ela morreu há um ano e meio, — Hunter deu um meio sorriso quase de partir o coração, o sorriso era tão triste.

— Geralmente os maridos querem homenagear as esposas depois que algo ruim acontece com elas, mas não Jake, desde que ele comprou o bar o nome dela sempre esteve escancarado na entrada. A perda dela foi um grande baque para ele, acho que ele apenas seguiu em frente por causa da filhinha deles.

Meus olhos encheram de lágrimas, um nó se formou em minha garganta. Perder o grande amor da sua vida e conseguir seguir em frente requer muita força, uma força quase sobrenatural.

Pensei em meu pai, ele nunca mais se relacionou com outra pessoa desde a minha mãe, ele sempre dizia que o amor da sua vida foi ela, e apesar de estarem separados quando ela morreu, o amor que ele sentia por ela nunca mudou. Às vezes via lágrimas se formarem quando ele olhava para mim, segundo meu pai eu era a cópia fiel dela, especialmente os olhos, me perguntava se meus avós enxergavam a mesma coisa, se tentavam evitar olhar para mim, porque viam muito dela, e toda vez que pensava nisso, uma parte da minha alma partia-se ao meio.

Senti a mão de Hunter tocar meu rosto, não percebi o momento que uma lágrima solitária desceu por minha pele, mas seus dedos gentis e suaves a secaram. Seu polegar limpou meu rosto, enquanto seus outros dedos permanecem em minha bochecha, ele segurou meu rosto mais tempo do que precisava e ficamos nos encarando como se o mundo tivesse colidido e estivéssemos próximos da destruição, foi a primeira vez que senti além do toque de alguém, senti muito mais que sua pele. Almas danificadas reconhecem outra, não sabia nada sobre sua história, mas alguma coisa me dizia que a alma dele era tão perdida quanto a minha.

— Você está bem? — perguntou cortando meu transe, tirando a mão do meu rosto. Balancei a cabeça fungando, fechando os olhos e passando a manga do meu suéter para limpar os últimos vestígios das lágrimas.

— Sim, estou bem, — menti.

Falar a verdade não me deixaria melhor, menos quebrada, menos devastada, talvez dizer em voz alta que definitivamente não estava bem, só me deixaria pior.

Eu estou bem, ou melhor, eu vou ficar bem.

Hunter não parecia acreditar no que acabara de dizer, sua testa franzida indicava que ele duvidava da minha resposta.

— Não precisa mentir para mim, Blair. Mas vou respeitar o seu espaço.

Balancei a cabeça, agradecendo por ele entender e respeitar meu momento vulnerável.

Virei meu corpo para andar, quando senti sua mão no meu ombro.

— Eu não terminei... — murmurou se aproximando. — Eu vou respeitar o seu espaço, mas isso não quer dizer que você não possa dividir qualquer coisa comigo.

Nunca fui muito boa em compartilhar sentimentos, eu guardava tudo para mim, exatamente como uma esponja absorvendo tudo para si, acho que passei tanto tempo tentando resolver minhas próprias questões que esqueci de como seria conversar com alguém sobre elas. Minha avó nunca estava disposta a escutar, meu avô quase não aparecia em casa, e não gostava de ligar para meu pai sempre que alguma coisa me chateava. E meus momentos com Matthew eram escassos, pois na infância minha avó tinha um cronograma de uma hora de brincadeira por dia, e eu tentava aproveitar o máximo dessa uma hora para me divertir com meu amigo, em vez de contar meus problemas a ele.

Às vezes Matt escalava a lateral da casa para entrar escondido durante a noite em meu quarto para passar um pouco mais de tempo comigo, ele tinha dezessete anos na primeira vez, suas visitas tinham reduzido para duas vezes na semana, porque minha avó dizia que ele era uma péssima influência. Ele não queria esperar até o outro dia na escola para me mostrar um cartão que ele havia feito para uma garota por quem tinha uma quedinha, então escalou dois andares só para saber minha opinião.

O cartão era brega, dizia:

"Às vezes perco o ar quando olho pra você"

Lembrei de ter rido muito na época, Matt ficou chateado e ficou sem falar comigo por duas semanas. Não ri por maldade, ri porque estava a ponto de chorar. Sempre admirei muito Matt, eu tinha quinze anos e recém havia começado o ensino médio, meus hormônios estavam confusos, quando ele me mostrou o cartão tive vontade de chorar porque eu tinha uma quedinha romântica por ele. Nunca descobri a identidade da garota para quem ele daria o cartão, e minha quedinha por ele desapareceu quando esbarrei em Scotty Landon, também conhecido como o pior dia da minha vida, se soubesse o quanto aquele cretino destruiria meu coração, eu teria me empenhado em destruir o dele primeiro.

Meus pensamentos evaporam, porque decidi não perder mais tempo pensando nele.

— Obrigada, Hunter, você é um bom amigo. — respondi vendo um lindo sorriso transbordar em seu rosto. Nossa, o sorriso dele parecia carregar um bilhão de estrelas, porque toda vez que eu encarava o céu eu sorria, e toda vez que olhava para ele o mesmo acontecia.

— Você tem que parar de fazer isso, Hunter!

— Fazer o quê?

— Sorrir.

Seu sorriso se intensificou, fechei os olhos rindo. Quando os abri novamente, Hunter me observava, parecia inerte diante de mim.

— E você Blair, definitivamente deveria sorrir mais. Todo mundo deveria contemplar esse sorriso, se a Terra não girasse em torno do sol, com certeza ela giraria em torno desse sorriso.

Senti meu rosto esquentar, poucas pessoas no mundo eram capazes de exaltar suas qualidades com palavras tão gentis. Hunter foi a primeira pessoa com quem me senti confortável para ser quem eu era, ele era sincero, gentil e muito bom em flertes.

— Isso foi muito brega. — respondi sorrindo. Uma total mentira, aquilo estava longe de ser brega, foi a coisa mais linda que alguém já disse para mim.

Minhas palavras não o abalaram nenhum pouco.

— A breguice deveria estar na moda então.

Hunter deixou beijo em minha bochecha antes de passar por mim e entrar no bar. 


Nota da autora: Espero que estejam gostando da leitura. 

Inefável Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang